terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Sinal vermelho e moça idem

Cronista que escreve sobre o diário não devia ter nunca automóvel. O andar na rua, trafegar em coletivos, ter contato mais direto com a plebe ignara ajuda às pampas. A gente se imiscuindo é que colhe material para estas mal traçadas.

Ontem, por exemplo, estava o neto do Dr. Armindo a aguardar um reparo em seu carro e, enquanto o mecânico mexia os parafusos, ficou Stanislaw na esquina a se distrair com o trabalho do guarda.

Parece que houve um exame de consciência no Serviço de Trânsito e eles puseram guarda nas esquinas, tal como acontece nas cidades civilizadas.

A turma está um pouco desacostumada e — a toda hora — vinha um e desrespeitava o sinal. O guarda apitava, o cara parava, vinha aquela espinafração regulamentar, etc, etc. Foi então que veio uma mocinha e diminuiu a marcha no cruzamento. O sinal estava no maior vermelho, mas ela, depois de olhar para os lados e não ver ninguém, foi em frente. O guarda lascou o apito. Ela se assustou, o carro ziguezagueou um pouco, mas a mocinha não parou.

Fiquei imaginando a raiva do guarda, que logo puxou o caderno e anotou o número dela (isto é, o número do carro dela, bem entendido, que mocinha ainda não está numerada).

Eu até já ia embora, cansado de ver o guarda trabalhar, quando reparei que o carro da mocinha vinha devagarinho, por uma das ruas transversais. Ela encostou no meio fio, saltou e veio falar com o guarda. Só aí deu pra ver que era uma mocinha tamanho universal, dessas de fazer cambono largar o "santo".

Como quem não quer nada, fiquei perto, ouvindo a cantada que ela ia dar no guarda. Primeiro ela perguntou se tinha sido anotada. O guarda disse apenas: "Lógico". Ela aí deu uma arremetida bossa novíssima. Falou assim:

— "Olha aqui, eu costumo desrespeitar o sinal, mas jamais desrespeitaria o guarda". E ficou olhando, para ver o efeito. O guarda nem parecia; continuava a olhar o trânsito. Ela meteu uma segunda na cantada e insistiu:

— "Eu só queria que o senhor soubesse disso. Eu posso desrespeitar o sinal, mas nunca desrespeitaria o guarda. Se eu soubesse que o senhor estava na esquina não teria avançado o sinal".

O guarda olhou para ela sorrindo. Ela suspirou, vitoriosa. E emendou:

— "Vai retirar a multa?"

E o guarda: "Não senhora".

Ela engoliu em seco e ele explicou melhor:

— "Eu não multei a senhora por ter me desrespeitado a mim e sim ao sinal".

Ela percebendo que seu golpe falhara, perguntou, irritada: "O quê??".

E o guarda: — "É isso mesmo, minha filha. Quem estava vermelho era o sinal. Não era eu não".

Ela deu uma rabanada e voltou para seu carro pisando duro, a balançar aquilo tudo.
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Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).
Fonte: GAROTO LINHA DURA - Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1975
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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Jean Peters

Jean Peters (Elizabeth Jean Peters), atriz e modelo, nasceu em Canton, Ohio, EUA, em 15 de outubro de 1926, e faleceu em Carlsbad, Califórnia, em 13 de outubro de 2000. Filha de um gerente de lavanderia, Jean estudava Letras na Ohio State University, quando seus colegas enviaram inscrição e fotos suas para o concurso de Miss Ohio de 1946.

Acabou superando todas as outras onze candidatas e, como maior prêmio, ganhou uma série de testes em Hollywood. Acabou contratada pela 20th Century-Fox, que a escalou para contracenar com Tyrone Power no sucesso "O Capitão de Castela" (Captain from Castile, 1947).

Em Captain from Castile, 1947
A seguir, brilhou em "Clube das Moças" (Take Care of My Little Girl, 1951), de Jean Negulesco, "Viva Zapata" (Viva Zapata!, 1952), de Elia Kazan, ao lado de Marlon Brando e Anthony Quinn, "Torrentes de Paixões" (Niagara, 1953), de Henry Hathaway, onde contracenou com Joseph Cotten e sua grande amiga Marilyn Monroe e nos faroestes "O Último Bravo" (Apache, 1954), de Robert Aldrich, com Burt Lancaster e "A Lança Partida" (Broken Lance, 1954), de Edward Dmytryk, estrelado por Spencer Tracy. Afastou-se do cinema após casar-se com o milionário texano Stuart W. Cramer III, a quem conheceu enquanto filmava "A Fonte dos Desejos", 1954, em Roma.

Em 1957, já divorciada, uniu-se ao produtor Howard Hughes, dele também se divorciando em 1971. Nesse mesmo ano, casou-se novamente, agora com o executivo da Fox Stanley Hough, que viria a falecer em 1990.

Jean reencontrou-se com as câmeras em 1973, no telefilme "Winesburg, Ohio", baseado no livro de contos de Sherwood Anderson. Encerrou a carreira em um episódio da série Murder, She Wrote em 1988.

Faleceu na antevéspera de completar setenta e quatro anos, de leucemia. Não deixou filhos.

Filmografia


1947 O Capitão de Castela (Captain from Castile)
1948 Órfãos do Mar (Deep Waters)
1949 Todas as Primaveras (It Happens Every Spring)
1950 Gosto Deste Bruto (Love That Brute)
1951 Clube de Moças (Take Care of My Little Girl)
1951 Sempre Jovem (As Young as You Feel)
1951 A Vingança dos Piratas (Anne of the Indies)
1952 Viva Zapata (Viva Zapata!)
1952 Cavalgada de Paixões (Wait 'Til the Sun Shines)
1952 Um Grito no Pântano (Lure of the Wilderness)
1953 Torrentes de Paixões (Niagara)
1953 Anjo do Mal (Pickup on South Street)
1953 Um Plano Sinistro (Blueprint for Murder)
1953 Sombras da Loucura (Vicki)
1954 A Fonte dos Desejos (Three Coins in the Fountain)
1954 O Último Bravo (Apache)
1954 A Lança Partida (Broken Lance)
1954 Para Todo o Sempre (A Man Called Peter)
1973 Winesburg, Ohio; TV
1976 Os Banqueiros (The Moneychangers); minissérie TV
1981 Pedro e Paulo (Peter and Paul); TV

Fonte: Wikipédia.
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domingo, 8 de janeiro de 2012

Pepe, o Canhão da Vila

O Santos estava perdendo por dois a zero para o Milan, da Itália, no Maracanã, na decisão do bicampeonato mundial interclubes em 1963. Ao Peixe não restava outra opção que não fosse a vitória, pois já havia sido derrotado na primeira partida. Para piorar, não contava com Pelé, machucado. Mas o Santos tinha José Macia, o Pepe, dono de uma bomba no pé esquerdo. E ele fez a diferença naquele jogo histórico, no qual o Santos virou a partida para quatro a dois, com dois gols de falta de Pepe. Ponta esquerda goleador, é o segundo maior artilheiro da história do Santos, com 405 gols em 25 jogos. Só perde mesmo para o Rei.  O Canhão da Vila Belmiro marcou 22 gols em quarenta jogos com a camisa amarela.

José Macia nasceu na cidade de Santos, SP, em 25 de fevereiro de 1935 e é um ex-jogador e técnico de futebol. Com 405 gols marcados em 750 partidas, é o segundo maior artilheiro da história do Santos, perdendo apenas para Pelé. Ele alega ser "o maior artilheiro humano da história do Santos - porque Pelé veio de Saturno". Em 15 anos de clube (1954 a 1969), ganhou o apelido de "Canhão da Vila", por seu fortíssimo chute de esquerda. Também ganhou duas Copas do Mundo pela Seleção Brasileira em 1958 e 1962.

Pepe é considerado um dos maiores ponta-esquerda da história do futebol. Mesmo jogando com artilheiros natos como Pelé e Coutinho, conseguiu marcar 405 gols com a camisa do Santos. Para se ter uma idéia, tirando Pelé, apenas dois jogadores marcaram mais gols que Pepe por um único clube: Roberto Dinamite pelo Vasco da Gama marcou 620 gols e Zico pelo Flamengo que marcou 500 gols.

Um dos seus pontos fortes eram suas cobranças de falta que o colocam entre os maiores cobradores de falta de todos os tempos. Exímio cobrador ficou conhecido por derrubar seus adversários que se arriscavam formando barreiras. Pepe tinha tamanha precisão nas cobranças de falta que, em 1963, na final do Mundial de Clubes contra o Milan, marcou duas vezes em tiros livres no segundo jogo da decisão.


Era para ser o titular da Seleção Brasileira nas campanhas de 1958-1962, mas por duas vezes sofreu contusões às vésperas da Copa e foi substituído por Zagallo. Da primeira vez, sofreu uma pancada no tornozelo num amistoso na Itália. Na segunda, teve uma torção no joelho num jogo amistoso no Morumbi.

Recordes

Pepe é o maior vencedor do Campeonato Paulista com 13 títulos conquistados; Segundo jogador que mais atuou com a camisa do Santos Futebol Clube com 750 jogos; Segundo maior artilheiro do Santos Futebol Clube com 405 gols; Quarto maior artilheiro dos clubes brasileiros ficando atras de Pelé com 1091, Roberto Dinamite com 620 e Zico com 500 gols; Vigésimo terceiro maior artilheiro da Seleção Brasileira de Futebol com 22 gols; Décimo quinto maior artilheiro da história do Torneio Rio-São Paulo.

Artilharia

Mundial de Clubes: 1963; Torneio Rio-São Paulo: 1961

Títulos

Como jogador:

Santos - Copa Intercontinental: 1962 e 1963; Libertadores da América: 1962 e 1963; Recopa Sul-Americana: 1968; Recopa Mundial: 1968; Taça Brasil - Campeonato Brasileiro: 1961, 1962, 1963, 1964 e 1965; Torneio Roberto Gomes Pedrosa - Campeonato Brasileiro: 1968; Torneio Rio-São Paulo: 1959, 1963, 1964 e 1966; Campeonato Paulista: 1955, 1956, 1958, 1960, 1961, 1962, 1964, 1965, 1967, 1968 e 1969.

Seleção - Copa do Mundo: 1958 e 1962; Copa Rocca: 1957 e 1963; Taça Bernardo O'Higgins: 1961; Taça do Atlântico: 1956 e 1960; Taça Oswaldo Cruz: 1961 e 1962.

Como treinador:

Fortaleza - Campeonato Cearense: 1985.

Internacional de Limeira - Campeonato Brasileiro Série B: 1988; Campeonato Paulista: 1986.

Santos - Campeonato Paulista: 1973.

São Paulo - Campeonato Brasileiro: 1986.

Verdy Kawazaki - Campeonato Japonês: 1991-92.

Atlético Paranaense - Campeonato Brasileiro Série B: 1995.

Fontes: Revista Placar; Wikipédia.
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