terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Serginho Chulapa: irreverências mil

Serginho Chulapa representava um pesadelo para os adversários. Não apenas por ser um artilheiro implacável, mas também por causa de seu gênio irreverente e, às vezes, intempestivo. O fato é que foi o maior artilheiro do São Paulo, com 248 gols. Também fez a festa da torcida do Santos, onde anotou outras 100 vezes. Alto e de ótima colocação, sabia como ninguém proteger a bola dos beques até o chute fatal. Foi artilheiro do Paulistão pelo Tricolor em 1975 e 1977 (ambos com 22 gols) e pelo Peixe em 1983 e 1984 (com 22 e 16 tentos, respectivamente). No Campeonato Brasileiro de 1983, somou à sua coleção mais 22 gols. Serginho só não arrebentou mesmo na Seleção. Na Copa de 1982,na Espanha, talvez a única oportunidade em que não fez sua catimba característica. marcou apenas duas vezes.

Sérgio Bernardino nasceu em São Paulo, SP, em 23 de dezembro de 1953. Aos 12 anos, começou a jogar em times de várzea da zona norte de São Paulo, como o Cruz da Esperança e o Vasco da Gama. "Se não tivesse ido para o esporte, certamente estaria na criminalidade", avalia hoje, em referência ao projeto social desses times. Depois de ser dispensado dos juvenis da Portuguesa, em 1968, e chegar a trabalhar como entregador de leite, Serginho participou, em 1970, de uma peneira na Casa Verde. Sua atuação encantou o técnico dos juvenis do São Paulo, que o chamou para jogar em seu time.

Sua estréia no elenco profissional do São Paulo foi promovida pelo técnico Telê Santana, em um amistoso contra o Bahia, em 6 de junho de 1973. Quatro dias depois, marcou seu primeiro gol como profissional, no empate em 1x1 contra o Corinthians. Naquele mesmo ano, foi emprestado ao Marília, voltando ao São Paulo em 1974.

Pelo São Paulo, jogou, entre 1973 e 1982, um total de 401 partidas (210 vitórias, 113 empates e 78 derrotas) e marcou 248 gols, tornando-se até hoje o maior artilheiro da história do clube. Nesse período, conquistou o Campeonato Paulista de 1975, 1980 e 1981 e o Campeonato Brasileiro de 1977.

Era nome certo para a Copa de 1978, porém acabou perdendo a chance de jogar quando teve que cumprir um ano de suspensão por agredir um bandeirinha. Em 1982 foi convocado para a reserva e acabou se tornando titular na Copa quando Careca se machucou antes da estréia.

No Santos, chegou já experiente, com 29 anos, e por isso mesmo evitou o rótulo de "salvador da pátria". O atleta se identificou com o clube ao longo de três passagens. A partir de 1983, conquistou a artilharia do Campeonato Brasileiro e a artilharia e o gol do título no Campeonato Paulista de 1984 contra o seu maior rival, o Corinthians, por 1 x 0. Ao todo, marcou 104 gols com a camisa do Santos e, junto do ponta-esquerda João Paulo, é um dos dois maiores goleadores da equipe após a Era Pelé.

Posteriormente, jogou no Corinthians, Marítimo Funchal (Portugal), Atlético Sorocaba, Portuguesa Santista e São Caetano, onde encerrou a carreira em 1993.

Confusões

Além dos muitos gols, as confusões se tornaram a marca registrada do jogador, como a briga com Mauro num jogo entre Santos e Corintians, a agressão ao goleiro Emerson Leão, após uma expulsão, e aos repórteres que estavam no campo depois do término do jogo final com o Flamengo em 1983, no primeiro vice-campeonato brasileiro do Santos. Mas também contava que não gostava de viajar, e quando o jogo era relativamente longe de São Paulo (São José do Rio Preto, por exemplo), dava sempre um jeito de ser expulso no jogo anterior com o objetivo de receber a suspensão automática de um jogo. Na Copa de 1982 chamou a atenção pelo seu bom comportamento e, diziam, havia jogado mal por ter sido "domesticado" em excesso pelo técnico Telê Santana.

No Campeonato Brasileiro de 1977, Serginho era o vice-artilheiro (com 15 gols, tinha 5 a menos que Reinaldo, do Atlético-MG) e principal jogador do São Paulo.[6] No dia 12 de fevereiro de 1978 (o campeonato de 1977 só terminou em março do ano seguinte), em uma partida em Ribeirão Preto, contra o Botafogo, o São Paulo perdia por 1x0, quando Serginho aparentemente empatou, aos 45 do segundo tempo. O árbitro Oscar Scolfaro, entretanto, anulou o gol, seguindo a indicação de impedimento do bandeirinha Vandevaldo Rangel.

O centroavante partiu para cima do auxiliar e, segundo a anotação da súmula da partida, "desferiu-lhe um pontapé na perna esquerda, altura da canela, ocasionando um ferimento de aproximadamente uns 10 centímetros, que sangrava abundantemente". Serginho, contudo, negou a agressão: "Eu não chutei, não. Eu fiquei muito nervoso, lógico. (…) Fui para cima dele para saber por que havia anulado o gol. Aí a torcida do Botafogo começou a jogar pedras e garrafas em mim e nos outros jogadores do São Paulo. Uma delas deve ter atingido o bandeirinha, e ele botou a culpa em mim." As imagens da televisão, no entanto, mostravam alguém chutando a canela do auxiliar.

Em 28 de fevereiro, ele foi condenado a uma suspensão de 14 meses, por agressão. Com isso, ficou de fora do segundo jogo das semifinais e da final do Brasileiro de 1977, em que o São Paulo conquistou o título. A suspensão, entretanto, foi ligeiramente abreviada, e ele voltou aos campos 11 meses depois, em 28 de janeiro de 1979, em derrota por 4x1 para o Santos, no Morumbi. Nesse jogo, ele marcou um gol e demonstrou ter superado a suspensão: ao longo de 1979, marcaria 28 gols em 55 jogos.

No peixe, já foi auxiliar técnico e técnico interino no clube, com bons resultados. Todavia, nervoso por uma derrota agrediu um repórter no vestiário, o que praticamente acabou com suas chances de dirigir outros clubes de ponta. Ficou afastado do clube no período em que Emerson Leão foi o treinador (2002-2004), mas retornou após a sua saída, deixando novamente o clube quando o técnico voltou ao clube, em 2008. Assumiu então o comando da Portuguesa Santista, tendo estreado em 2 de março, na vitória sobre o Taquaritinga por 3 a 2. Com a saída de Leão, voltou a ser auxilar técnico no Santos. Treinou ainda outros clubes do futebol paulista, como São Caetano e Sãocarlense.

Fontes: Wikipédia; Placar.
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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

O psicanalisado

Era uma vez um cara que entrou num bar, sentou no balcão do dito bar e, depois de chamar o garçom, pediu um chope. O garçom encheu uma caneca e deu pro cara. Este agradeceu e bebeu de uma talagada só, até o meio da caneca. Depois, balançou o chope que ainda restava, balançou, balançou... o garçom tá olhando pra ele... balançou e pimba! atirou o resto na cara do garçom.

É claro que o garçom já ia sair no tapa, quando o cara, quase chorando, pediu muitas desculpas falou que aquilo era um gesto incontornável que ele tinha e — por isso mesmo — carregava na consciência um complexo desgraçado.

E tanto falou e se desmanchou em desculpas, que o garçom aceitou a situação e aconselhou o cara a ir consultar um psicanalista, conselho que foi logo aceito. O cara se despediu, tornou a pedir desculpas e prometeu que, no dia seguinte, ia procurar um psicanalista.

Passaram-se alguns dias, até que o cara apareceu outra vez no bar e pediu um chope. O garçom trouxe, ele virou metade de uma talagada só e começou a balançar o chope na caneca. Foi balançando, balançando... o garçom tá olhando pra ele... Outra vez!  balançou mais uma e pimba!... novo banho na cara do garçom.

E este ainda estava enxugando os respingos, quando o cara pediu outro chope.

Mas o garçom se queimou e falou: — Escuta aqui, seu chato. Da outra vez você me deu o banho, mas depois pediu desculpas. Desta vez você piorou, nem desculpas pediu.

— Piorei nada. Melhorei — disse o cara: — Fui ao psicanalista e melhorei. Ele me tirou o complexo. Agora eu ando tão desinibido que faço a mesma coisa, mas sem o menor remorso.
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Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).
Fonte: O MELHOR DE STANISLAW - Crônicas Escolhidas - Seleção e organização de Valdemar Cavalcanti - Ilustrações de JAGUAR - 2.a edição - Rio - 1979 - Livraria José Olympio Editora
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