sexta-feira, 27 de maio de 2011

Estrada da Rainha

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Nesta tarde caminhamos pela bonita Estrada da Rainha, e foi “puxado” o exercício, por conta de subidas e descidas. Essa estrada consiste numa via panorâmica que liga a Avenida Atlântica (beira-mar) à Praia dos Amores, no lado norte do município.

O passeio começou pelo Pontal Norte da praia, cortando o Morro do Careca. Ao longo do trajeto, no acentuado aclive, contemplamos uma linda vista de quase toda orla marítima de Balneário Camboriú.

Para o acesso a essa via, foi construída uma ponte de 750 metros quadrados de concreto armado, cruzando o canal do Marambaia - beira-mar. Na cabeceira da ponte, foi implantada a Praça Mussolini Cechinel com áreas para lazer e descanso, canchas de bocha, playground, mesas com tabuleiros para jogos de dama e xadrez, mesas para dominó e um mastro de 39 metros de altura com a bandeira do Brasil.

Além da total estrutura, da pavimentação, da sinalização e da iluminação moderna, a via facilita o acesso às praias ao norte da cidade e ao topo do Morro do Careca, ponto de partida para a prática de esportes radicais como saltos de asa-delta e parapente.

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quinta-feira, 26 de maio de 2011

Arrastão e gaivotas

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Fernão Capelo e seu aluno (logo atrás) em instruções de vôo, Camboriú - 26/5/2011

Tinha umas nuvenzinha enjoadinha, mas também tinha sóli, né? Eu tava assim meio ajojado dejaoje. Mas resolvi dar uma chegadinha, uma bispada, depois de faze uma boquinha, lá na praia. Tinha uns home, assim cuaiz dez, praticando arrastão.

As gaviota tava tudo alvissarera! Elas gritava em gaviotês (grasnava, né): - Petisco à vista! Até o Fernão Capelo tava lá, estimado!

Daí, estimado, aproveitei: Tirei um montão de foto.

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Mas observando toda essa visão festiva, não conseguia entender como eles (os pescadores) ainda conseguiam capturar alguma coisa numa praia tão "urbana" como a de Balneário Camboriú.

Apesar da pesca ser uma das atividades mais antigas desenvolvidas pelo homem, parece que o tempo de prática ainda não foi suficiente para evitar que ela seja realizada de forma predatória.

A pesca de arrastão utiliza extensas redes que ao serem puxadas varrem o fundo do mar. É uma prática extremamente nociva à biodiversidade marinha, pois a rede revolve o substrato e arrasta tudo que encontra pela frente, destruindo o habitat daquelas espécies que vivem no leito oceânico e coletando um excesso de animais que acabam sendo desprezados (não pelas gaivotas...eh eh eh), por não possuírem valor comercial.

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quarta-feira, 25 de maio de 2011

O padre e o busto

Foi na esquina das Ruas Leopoldo Miguez e Ba­rão de Ipanema. A flor dos Ponte Preta mora pertinho e sua janela dá para o lado da Igreja de São Paulo Apóstolo, que fica justamente num dos quatro cantos da menciona­da esquina. Explicado o cenário, vamos à cena.

Passa muita mulher jeitosinha pelo local, vindo ou indo para a praia, banhar-se nas águas azuis do Atlântico Sul. Claro, passa também muito xaveco, muita gorda, muita magricela, mas quem for membro do SNP (Serviço Nacional de Paquera) e tiver um pouco de paciência vê passar cada certinha de fazer deputado largar Brasília.

Era assim a mocinha que vinha vindo. Ela caminhava pela Barão de Ipanema, no sentido contrário às outrora alvas areias de Copacabana. Tinha dado o seu mergulhinho, sem dúvida, e vinha com seus curtos cabelos pin­gando e a pele toda molhada e brilhante do óleo que pu­sera para se proteger do sol.

Eu disse que ela vinha caminhando? Besteira. Ela vi­nha era flutuando rente ao chão, balançando legal os seus pedaços mais encantadores. Uma sandalinha sumária, um pano colorido a que chamam "pareô" envolvendo-lhe a cintura, mas numa parte remota, a ponto de deixar-lhe o umbigo de fora e, daí pra cima, de atrapalhar a visão havia somente a parte superior do biquíni, um sutiã tão mixuruca que mais parecia uma gravatinha borboleta pregada ao busto. Trazia na mão direita uma cesta de palha com seus teréns de maquiagem e sob o braço esquerdo uma esteirinha enrolada.

E lá ia ela indiferente ao ronco dos homens que cru­zavam o seu caminho, até que chegou na esquina e parou no meio-fio, observando o trânsito. Foi aí que apareceu o padre. Para falar a verdade eu não vi de que lado veio o padre e vocês vão me perdoar o detalhe, mas é que, com aquilo tudo de mulher atravessando a rua, como é que eu ia observar padre, não é mesmo?

O que eu sei é que, de repente, ficaram os dois lado a lado. O Padre e a Moça. Eu até que me lembrei do poe­ma de Carlos Drummond de Andrade, sobre esse tema; poema que vem de ser transformado num belo filme com a Helena Inês. Só que, no poema, o padre fica encantado pela moça e, ali na esquina, o padre era velhusco e gordo e estava era indignado com a exposição dos encantos da moça. Seu olhar de censura envolveu a bonitinha de alto a baixo, parando nos olhos, no pescoço, nos ombros, no busto, no umbigo, enfim, parando por ali tudo. E não se limitou à inspeção o piedoso sacerdote. Da minha janela eu ouvi quando ele chamou a certinha de sem-vergonha:

— Isto é uma falta de pudor. Suas carnes serão quei­madas pelas chamas eternas do Inferno — ele gritou.

Ela reagiu. Encolheu-se um pouco, mas reagiu:

— O senhor não tem nada com isso.

— Engana-se — retrucou o padre. — Tenho sim. Todos nós temos — e olhou em volta, buscando parceirada, mas — pelo jeito — estava todo mundo contra. O padre resolveu dar-se ao trabalho da catequese. Já tinha gente às pam­pas. Ele pigarreou e lascou: — São moças sem pudor, rapa­zes sem os freios da educação, que estão botando o mun­do a perder.

E tome de blablablá. A moça, irritada com o ataque, titubeou um pouco no meio-fio e procurou abrir cami­nho para se mandar dali. Uma mulher mulata e barriguda tentou impedir, mas a mocinha tinha as suas mumunhas. Deu um empurrão na mulata e foi saindo. E o padre lá:

— É por isso que a mocidade de hoje conhece me­lhor o busto de Gina Lolobrigida ou Sofia Loren (o padre era um bocado cinematográfico) do que os bons princípi­os. Deve ter achado a imagem boa, porque repetiu:

— A mocidade conhece melhor o busto das atrizes do que os bons princípios.

A mocinha já ia lá longe, mas ainda assim tinha um advogado de defesa que, virando-se para o padre, ponde­rou:

— Seu padre, os bons princípios não têm decote e o busto das atrizes tem. Vai ver que é por isso.

Risada da turba ignara. O padre queimou-se. Saiu pi­sando duro, a turba foi se diluindo, em pouco tempo na esquina estavam a carrocinha de sorvete, a banca de jornaleiro, um ou outro passante.

De dentro da igreja vinha o som do órgão, suave, suave!

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Por: Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).

Fonte: FEBEAPÁ 1: primeiro festival de besteira que assola o país / Stanislaw Ponte Preta; prefácio e ilustração de Jaguar. — 12. ed. — Rio de Janeiro; Civilização Brasileira, 1996.
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