sábado, 5 de março de 2011

Carnaval sertanejo

Grupo Tradição afinando os instrumentos - Pontal Norte, BC, neste fim de tarde.

Ontem foi a primeira noite do "Carnamboriú", ou seria do "Carnaval Sertanejo de Camboriú", ou melhor ainda, do "Carnanejo"?  Realmente o grupo que estreou não lembra em nada as bandinhas que ainda animam as folias pagãs de Momo em muitos clubes tradicionais de Itajaí e outras tantas cidades circunvizinhas.

Mas, embora falte essa tradição em nossa jovem cidade balneária, sobra aqui boas idéias para inovações, para incrementar ainda mais o turismo. O povo que aqui reside e o que nos visita são de onde? São principalmente gaúchos, curitibanos, do interior do Paraná e de Santa Catarina, argentinos e paulistas.

Esse povo gosta de uma bandinha tocando Lamartine Babo ou Braguinha? Acho que preferem o Gaúcho da Fronteira, Zezé Di Camargo e o Grupo Tradição. Viva o Carnamboriú 2011.

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domingo, 27 de fevereiro de 2011

Eram parecidíssimas

Peixoto entrou no escurinho do bar e ficou meio sobre o peru de roda, indeciso entre sentar-se na primeira mesa vaga ou caminhar mais para dentro e esco­lher um lugar no fundo. Mas sua indecisão durou pouco. Logo ouviu a voz de Leleco, a chamá-lo:

— Êi, Peixoto, venha para cá!

Estremeceu ao dar com o outro acenando, mas estu­fou o peito e aceitou o convite com ar muito digno, encaminhando-se para a mesa de Leleco.

— Senta aí, rapaz — disse Leleco, ajeitando a cadeira ao lado: — Você por aqui é novidade.

— De fato — concordou Peixoto, evasivo.

Leleco era todo gentilezas: — Que é qui vais tomar? Toma um "Vat", o uísque daqui é ótimo. Você sabe, eu venho a este bar quase todas as tardes. É um hábito bom, este uisquinho antes de ir para casa.

— É. Eu sei que você costuma vir aqui de tarde. Peixoto aceitou o uísque sugerido, o garçom afas­tou-se e Leleco não perdeu o impulso. Continuou falando:

— Engraçado você ter aparecido aqui, Peixoto.

— Engraçado por quê? — a pergunta foi feita num tom ansioso, mas o outro não pareceu notar.

— É que, ultimamente, eu toda hora estou me lem­brando de você.

Peixoto fez-se sério como um ministro de Estado quando vai à televisão embromar o eleitorado. Apanhou o copo que o garçom colocara em sua frente, deu um gole minúsculo e pediu.

— Explique-se, por favor. Leleco sorriu:

— O motivo é fútil e eu espero que me perdoe. Mas é engraçado. De uns tempos para cá eu me meti com uma pequena de São Paulo. Moça rica, com facilidade de apa­recer aqui no Rio de vez em quando. Sabe como é. A gente vai levando. No princípio eu não notei a semelhan­ça. Mais tarde ela mesma é que me chamou a atenção. Num dos nossos encontros ela me perguntou se eu te conhecia.

—A mim?

— Sim, a você. Ela, aliás, não te conhece. Vai escutan­do só... Ela perguntou e eu — é lógico — disse que sim. Ela então quis saber se de fato era parecida com sua mulher.

— Alice?

— Isto, a Alice, sua esposa. Disse que pessoas aqui do Rio, que conhecem vocês (ela não me contou quem foi), haviam afirmado que ela se parecia muito com sua mu­lher. Só então eu notei que, de fato, as duas se parecem bastante, apenas num ou noutro detalhe são diferentes. Por exemplo: a Laís é loura.

— O nome dela é Laís?

— É Laís. Ela é loura e sua esposa, se não me engano, tem os cabelos pretos, não?

— Pretos, não digo. São castanho-escuros.

— Eu não vejo a Alice há algum tempo. Mas que são parecidas, não há dúvida. Lógico, a Laís... eu posso dizer porque é uma simples aventura, entende?... a Laís é meio boboquinha, grã-finóide. Não tem a classe, assim... como direi, a postura da Alice.

Nesta altura Peixoto deu uma gargalhada, deixando Leleco meio sobre o aparvalhado. Ia perguntar o porquê da risada, mas Peixoto ria e fazia-lhe um sinal com a mão de que ia explicar:

— Leleco, esta é ótima. Você não sabe por que qui eu vim aqui.

— Tomar um uísque, não foi?

— Bem, o uísque era pretexto. Eu vim aqui justamen­te porque recebi um telefonema anônimo, de alguém que jura que viu minha mulher entrando no seu apartamento.

— O quê??? — Leleco ficou meio embaraçado: — Pelo amor de Deus, você não contou isto à sua esposa, não cometeu esta injustiça por minha causa.

— Claro que não — mentiu Peixoto, que ficou sem graça por um instante, mas o bastante para que qualquer um percebesse que tivera a maior bronca com a mulher e saíra da discussão sem estar convencido de sua inocên­cia.

Mas repetiu:

— Claro que não. Eu vim encontrar você aqui para conversar sobre o assunto. Eu não dei maior importância ao telefonema, mas queria que você tomasse conhecimen­to dele. Alguém que não gosta de você está querendo lhe meter numa fria.

— Pelo visto não é bem assim.

— Claro — apressou-se Peixoto em dizer: — Quem te­lefonou tinha uma certa razão — e virando-se para o gar­çom: — Mais dois aqui — ajeitou-se e com visível satisfa­ção: —Vamos tomar mais um que eu tenho que sair.

Meia hora depois Peixoto saía do bar, rumo ao lar. Ia lépido, fagueiro, como alguém que se livra de um proble­ma chato. Ia pensando em como é bom o sujeito ser cal­mo e precavido antes de tomar uma atitude.

Quanto a Leleco, assim que Peixoto saiu, foi para o telefone do bar, ligou para Alice e quando ela atendeu, falou:

— Neguinha? Quebrei o galho. A história colou - e, com certa apreensão na voz: — Mas, por favor, joga fora essa peruca loura antes que ele chegue aí.

Por: Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).
Fonte: FEBEAPÁ 1: primeiro festival de besteira que assola o país / Stanislaw Ponte Preta; prefácio e ilustração de Jaguar. — 12. ed. — Rio de Janeiro; Civilização Brasileira, 1996.
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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

É a praia Brava! - Parte II

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Mais fotos da praia Brava de 18 de fevereiro: uma tarde tão ensolarada que acabou sombria... tudo bem... mas eis a foto de um cão galgo, muito ágil e de uma rapidez peculiar; eis a última foto mostrando ao fundo Balneário Camboriú...
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