Em 28 de julho de 1858, impressões digitais foram usadas pela primeira vez para fins de identificação por um funcionário da administração britânica. Mas a polícia só incorporou o método em investigações 31 anos depois.
Era irritante! Toda semana, sir William Herschel, que trabalhava na administração civil inglesa em Calcutá, fazia o pagamento dos funcionários indianos. E toda vez era a mesma coisa: havia mais gente para receber que o número real de empregados.
William não conseguia diferenciar as pessoas nem pelo nome e muito menos pela aparência. Elas lhe pareciam todas iguais. Até que, enfim, teve uma brilhante ideia: arquivou a impressão digital de cada um dos empregados. A partir daí, quando eles recebiam o salário, tinham que, além de assinar um papel, deixar a marca dos dedos indicador e médio, que seriam comparados à impressão arquivada.
A identificação era perfeita e ele nunca mais teve problemas. Sua intenção maior era fazer uma pressão moral e não tanto um apurado trabalho de comparação das digitais. Esta idéia, entretanto, não foi inédita. Já no século 14, na Pérsia, há registros de papéis oficiais que continham, ao lado da assinatura, uma impressão digital como comprovante de autenticidade. Ninguém sabia ainda que a digital é uma absoluta prova de individualidade.
Quanto mais impressões digitais William colecionava, mais ele se convencia de que se tratava de uma identificação única, sem margens de erro. Sua suposição estava certa. Todos nós temos nosso próprio e exclusivo modelo digital. Cada particularidade do desenho da pele das mãos é única, e este modelo não sofre modificações com o passar dos anos, nem é transferido geneticamente. Isto significa que todas as pessoas, incluindo as que já morreram e as que nascerão, podem ser diferenciadas uma das outras através da impressão digital.
Nem mesmo uma cicatriz no dedo é capaz de alterar a identificação. A polícia só precisa de uma parte da superfície, seja uma curvatura, um nó ou mesmo um redemoinho das finas linhas do dedo, para realizar o trabalho de investigação. Mas, desde a iniciativa de Herschel em 1858 até seu uso para fins policiais, passaram-se décadas.
A polícia usava o método de Alphonse Bertillion, que identificava um suspeito através da medição do antebraço, da coxa, da circunferência do crânio, da distância entre os dois olhos. Se isto não bastasse, o método previa outros 243 critérios. Porém, um erro da Justiça aboliu este método. Um homem foi executado como assassino de uma prostituta.
Após sua morte, seu advogado apresentou restos de uma xícara de café que havia sido destruída na cabeça da vítima. Embora o homem executado tivesse enorme semelhança física com o verdadeiro assassino, as impressões digitais nos cacos da xícara comprovaram que seu cliente não poderia ser o autor do crime. Este caso teve tamanha repercussão que a impressão digital acabou sendo definitivamente adotada pela polícia.
A datiloscopia, como é chamado o sistema de identificação por meio de impressões digitais, foi empregada pela primeira vez na Alemanha em 1903, pelo departamento criminal de Dresden. Em 1914, quase todos os países já utilizavam este sistema.
Fonte: http://www.odebate.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=14979&Itemid=17