Depois vocês dizem que a gente inventa, olha só. Diz que o diretor da Penitenciária andava besta com o consumo de maconha no interior da dita. Havia uma vigilância impressionante, guarda pra tudo que era canto, um pelotão de homens designado para revistar os suspeitos, um pelotão de mulheres para revistar as suspeitas (e o uso de mulheres era para as suspeitas não dizerem depois que tinham sido revistadas na base da bolinação), havia um vigia em cada canto mas qual... virou mexeu, um guarda apanhava um detento maconhado.
— Quem foi que lhe trouxe a maconha? — perguntava o diretor.
E vocês pensam que o maconhado contava? Aqui ó...
Até que, noutro dia, espiando pela janela do seu gabinete, o diretor viu diversos papagaios de papel fino, em lindo colorido, esvoaçando no céu. Ficou olhando e ele achando bacaninha talvez a se lembrar do seu tempo de criança pois — embora possa parecer exagero — até mesmo um diretor de penitenciária já foi criança.
Dias depois o diretor olhou de novo pela janela e notou que havia mais papagaios esvoaçando, quando era hora dos detentos estarem no pátio. Achou aquilo estranho e ficou de olho.
Vanja vai Vanja vem, no dia seguinte foi a mesma coisa. Um papagaiozinho empinado aqui, outro lá longe, mas quando chegou a hora dos detentos irem pro pátio tomar sol, começou a subir papagaio, vindo do Morro de S. Carlos, que fica por trás da penitenciária e vai se derramar ali prós lados do Largo do Estácio, onde nasceu a primeira escola de samba, chamada "Deixa Falar", mas isto é musicologia e fica pra mais tarde.
O diretor ficou besta com tanto papagaio que subia e — de repente — arrebentava a linha e ia cair no pátio:
— Isto é contrabando de maconha — pensou o distinto.
Desceu e ficou esperando.
Um papagaio amarelinho com listinhas azuis estava lá no alto, indo e vindo. De repente a linha arrebentou e ele encolheu o rabo e veio em lindo estilo folha-seca, cair dentro da penitenciária. O diretor correu, apanhou o papagaio... tava pesado de maconha.
Agora, na Penitenciária do Estado, além dos departamentos existentes, acaba de ser fundado mais um: Departamento de Caçador de Papagaio de Papel.
Fonte: Jornal "Última Hora", de 20/09/1963 — Coluna de Stanislaw Ponte Preta.
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— Quem foi que lhe trouxe a maconha? — perguntava o diretor.
E vocês pensam que o maconhado contava? Aqui ó...
Até que, noutro dia, espiando pela janela do seu gabinete, o diretor viu diversos papagaios de papel fino, em lindo colorido, esvoaçando no céu. Ficou olhando e ele achando bacaninha talvez a se lembrar do seu tempo de criança pois — embora possa parecer exagero — até mesmo um diretor de penitenciária já foi criança.
Dias depois o diretor olhou de novo pela janela e notou que havia mais papagaios esvoaçando, quando era hora dos detentos estarem no pátio. Achou aquilo estranho e ficou de olho.
Vanja vai Vanja vem, no dia seguinte foi a mesma coisa. Um papagaiozinho empinado aqui, outro lá longe, mas quando chegou a hora dos detentos irem pro pátio tomar sol, começou a subir papagaio, vindo do Morro de S. Carlos, que fica por trás da penitenciária e vai se derramar ali prós lados do Largo do Estácio, onde nasceu a primeira escola de samba, chamada "Deixa Falar", mas isto é musicologia e fica pra mais tarde.
O diretor ficou besta com tanto papagaio que subia e — de repente — arrebentava a linha e ia cair no pátio:
— Isto é contrabando de maconha — pensou o distinto.
Desceu e ficou esperando.
Um papagaio amarelinho com listinhas azuis estava lá no alto, indo e vindo. De repente a linha arrebentou e ele encolheu o rabo e veio em lindo estilo folha-seca, cair dentro da penitenciária. O diretor correu, apanhou o papagaio... tava pesado de maconha.
Agora, na Penitenciária do Estado, além dos departamentos existentes, acaba de ser fundado mais um: Departamento de Caçador de Papagaio de Papel.
Fonte: Jornal "Última Hora", de 20/09/1963 — Coluna de Stanislaw Ponte Preta.