sábado, 4 de maio de 2013

Seis dicas para melhorar o humor

O ano novo começou mas é preciso encarar – até que ponto ele é novo mesmo? É improvável que alguém consiga ganhar um guarda-roupa novo, comece uma nova carreira, encontre uma nova família ou reformule a própria personalidade.

Mas segundo a psicoterapeuta Ashley Davis Bush, que assina uma coluna no jornal Huffington Post, não há motivos para desespero: não é preciso fazer uma “reforma” na vida para encontrar a felicidade. No lugar disso, alguns hábitos simples podem melhorar o humor e fazer a vida ficar mais leve. Confira.

Positividade pela manhã
O seu primeiro pensamento do dia não pode ser algo como: “já é sexta-feira?”. Tente, no lugar disso, pensar: “esse será um dia maravilhoso”; “tenho sorte por estar vivo”; “viverei uma experiência incrível”. Mantenha post-its com essas frases perto da sua cama ou no espelho do banheiro, para que você se lembre de cultivar estes pensamentos positivos.

Diga “eu te amo” todos os dias
Antes de sair de casa, diga “eu te amo” para as pessoas queridas, ainda que seja por mensagem ou e-mail. Diga isso para o seu parceiro, seus filhos, seus animais de estimação. Olhe para o espelho e diga isso a você mesmo. Abra o seu coração para o amor e o seu humor irá melhorar. Fomos feitos para nos conectar com os outros seres e, quando fazemos isso, nos sentimos melhor.

Sorria
Sempre que alguém perguntar como você está, busque na sua mente pelo menos um motivo que mostra o quanto a vida é grande. Diga: “estou ótimo”, e perceba como as pessoas ao seu redor respondem. Quando você fala isso com energia e um sorriso, você manda uma mensagem para o seu cérebro de que você, de fato, é feliz.

Deseje o bem
Quando estiver no carro, no trem, no metrô ou caminhando para o trabalho, olhe ao seu redor e deseje o bem para eles. Deseje paz, alegria e amor. Cada pessoa que você vê está lutando com suas próprias batalhas – saúde, finanças, justiça, solidão, idade, perdas . Abra o seu coração com compaixão pelos outros e seu nível de felicidade irá crescer.

Respire profundamente
Sempre que você tiver uma pausa, para tomar um café ou ir ao banheiro, tire um momento para uma profunda respiração. Tente fazer contando até cinco: respire em cinco, segure por cinco e exale por cinco. A respiração profunda acalma o corpo e a mente, tornando-se um atalho ideal para a paz interior.

Seja grato, toda noite
Antes de dormir, faça uma revisão do seu dia e lembre de três coisas pelas quais você é grato. Pode ser ligada ao seu relacionamento, a boas notícias ou um e-mail bacana. Seja grato pela comida, por ter uma cama quentinha, pela sua visão. Você definitivamente vai descansar em paz quando passar a contar bênçãos no lugar de carneirinhos.

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Fonte: Terra
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sexta-feira, 3 de maio de 2013

O passamento de "Bette Davis”

Gilberto Milfont e Lúcio Alves são cantores, o que ninguém ignora, nem mesmo os que nasceram para conjugar o verbo ignorar. Mas quando param de cantar só pensam em cavalo de corrida.

Vai daí, não somente apostam nos cavalinhos da Gávea, como nos cavalinhos de Cidade Jardim, dada a condição de contratados da TV Record, de São Paulo, onde vão semanalmente.

Pois noutro dia Gilberto Milfont estava no aeroporto, pronto a embarcar para São Paulo, quando o microfone anunciou o seu nome. Foi Gilberto saber o que era e era telefone. Gilberto atendeu:

— Alô, Gilberto? É Lúcio Alves. Assim que você chegar em São Paulo, vá lá na Record, peça dez contos ao Blota Júnior em meu nome e jogue na égua Bette Davis, no quinto páreo. Mas só jogue se pagar 25 pratas, senão não interessa.

— Mas Lúcio... — tentou explicar Milfont, embora Lúcio já tivesse desligado. Desligou também e embarcou.

Chegando em São Paulo, Gilberto seguiu direto para a Record, a fim de procurar o diretor-artístico Blota Júnior, que aliás não é tão artístico assim como pensa o próprio. Chegou, explicou, e Blota, que é desses que depois do almoço palita os dentes com um lado só do palito, pra economizar o outro lado pra depois da jantar, fez cara de choro e disse que só tinha 5 contos.

Estava quase na hora de correr o 5.° páreo e então o Gilberto Milfont aceitou os cinco e se sacudiu pro Jóquei. Chegou bem na hora da última apregoação. Bette Davis era a favorita e estava cotada a 23. Lúcio dissera que menos de 25 não valia a pena. E então Gilberto guardou o dinheiro e foi ver o páreo correr.

O diabo é que, assim que chegou junto da cerca, reparou no placar e viu que a cotação subira pra 26 e não dava mais tempo de jogar.

— O Lúcio me come vivo se essa tal de Bette Davis ganha o páreo — pensou Milfont. Ele deve estar no Rio torcendo mais que nariz de grã-fino, quando fala com pobre. O jeito era torcer contra.

O páreo saiu e Bette Davis pulou 10 corpos na frente dos outros e saiu disparada. Giberto, encostado na cerca, rezava pra Bette Davis mancar e quanto mais ele rezava mais Bette Davis corria. Na entrada da curva ela vinha com 15 corpos e Gilberto torcia tanto que a camisa estava ensopada de suor. — Pára, desgraçada — dizia ele, entre dentes.

E Bette Davis pareceu ouvir. Na reta final começou a correr menos. Oito corpos, sete, cinco, dois e todo o lote passou por Bette Davis com Gilberto todo torcido. E a égua veio parando, veio parando e parou bem na frente de Gilberto. O jóquei saltou para examinar Bette Davis mas não teve tempo. Ela deu uma tremedeira rápida e caiu na pista. Estava morta.

Gilberto Milfont saiu dali e telefonou pro Rio. Lúcio atendeu do lado de cá e perguntou:

— Como é? Deu Bette Davis?

E Gilberto, na maior dignidade:

— Por sua causa eu acabo de matar uma das maiores atrizes do cinema americano.

_______________________________________________________________________ Fonte: Tia Zulmira e Eu - Stanislaw Ponte Preta - 6.ª edição - Ilustrado por Jaguar - EDITORA CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA S.A.
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É triste... muito triste

Sim, companheiros, é muito triste um pai educar uma filha para corte, costura e o chamado trivial que vai do pregar botão ao fazer feijão, e depois, quando a filha fica pronta vira Elegante Bangu. É triste mesmo!

Mas não se deve negar aos homens o direito do vexame. É triste um pai criar um filho dentro das linhas que obedecem aos princípios da sagrada burguesia, pagando-lhe o colégio, alimentando-o para que um dia possa trabalhar e descontar para o IPASE e depois, quando o filho fica pronto, mete uma cabeleira loura e sai fotografia dele nos jornais, "travestido" em Rainha Morna.

Não é menos verdade, no entanto, que triste, muito triste é mãe devota fazer sacrifício para vestir e calçar filha órfã de pai, dando duro em emprego modesto, gastando com economia o montepio do falecido e depois, quando a filha fica mais ou menos o número que a gente usa, sai por aí arranjando voto para ser Rainha sabe-se lá de que trono.

Inegável, contudo, é que a tristeza paira sobre o semblante do pai que não saiu de casa "naquele dia" por amor ao garoto, a quem orgulhosamente deu de tudo e depois, quando o filho se sentiu capaz de certas coisas, ver esse filho desfilando na passarela no João Caetano, no baile aquele.

E por que faltar com a verdade, fingindo ignorar o quanto é triste para mãe extremada ver a filha ir encorpando, encorpando e fugindo ao seu controle, até o momento em que — lá uma noite — volta para casa dizendo que ele é casado e não há mais nada a fazer?

Como é triste também uma família do Norte, que sofre com o agreste da região e a proliferação exagerada de filhos, criar as crianças com o sacrifício da fome e, um dia, o mais velho dos filhos embarcar para a capital só para ser cronista mundano. É triste sim, muito triste.

Aliás, triste, sem dúvida, é moça que se diz bem, que detesta certas intimidades com as chamadas mariposas da noite, freqüentar o "Sacha” o ano inteiro e depois, quando chega fevereiro, meter um maio legal no corpo e ir pro baile carnavalesco dizendo que está fantasiada.

Sim, companheiros, tudo isso é muito triste pra nós, porque os citados não desconfiam nunca. Para eles as bestas são as do apocalipse, se é que já ouviram alguma vez falar em apocalipse. Não, companheiros, eles não desconfiam nunca. Tanto não desconfiam que — noutro dia — ouvimos uma moça dizer para um rapaz que a convidara para ir comer galeto na sua lambreta:

— Que é que você está pensando? Eu não sou uma qualquer. Eu sou bailarina do "Bolero" ouviu?

_______________________________________________________________________ Fonte: Tia Zulmira e Eu - Stanislaw Ponte Preta - 6.ª edição - Ilustrado por Jaguar - EDITORA CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA S.A.
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