segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O fim dos cassinos no Brasil

Elvira Pagã, na Revista de Copacana
Em abril de 1946, os jogos de azar foram proibidos no Brasil, por ordem do presidente Eurico Gaspar Dutra, sob a influência   da sua mulher Carmela Teles Leite Dutra, conhecida como Dona Santinha, por sua vez, influenciada pela Igreja Católica. 

Essa proibição teve forte efeito sobre os atores do teatro de revista que transitavam pelos shows de cassinos completando suas rendas e fazendo-se conhecidos de outras plateias. Havia muitos artistas que trabalhavam exclusivamente em shows de cassinos.

Desempregados migraram para o teatro. O fim do jogo no País e a extinção dos cassinos provocaram un tour de force de homens empreendedores, a fim de que o divertimento e o dinheiro fossem desviados para outros locais e com outros tipos de   lazer e entretenimento.  

Essa sociedade sofisticada que movimentava restaurantes e night clubs era chamada de café society. O maior desses homens empreendedores era Carlos Machado, também conhecido como "O Rei da Noite". Ele institucionalizou o show de boate e tornou famosas suas boates Monte Carlo, Casablanca e Night and Day. Colocou um palco menor, cuidou da sonorização e dos ambientes, chamou as melhores e mais bonitas vedetes, os melhores músicos e revistógrafos experientes para escrever esquetes. Serviu muito whisky aos frequentadores e, aos poucos, assumiu o strip tease nas altas horas. A este conjunto, que era também outro modo de fazer teatro de revista, chamaram "Teatro da Madrugada". 

Os shows se caracterizavam por trazer os elementos básicos do teatro de revista para um espaço menor: a boate. Renata Fronzi e Cesar Ladeira faziam isso no espetáculo Café Concerto, dando mais ênfase à parte musical com influência direta dos cabarés  parisienses. 

Paralelamente, o teatro de revista continuava como o movimento teatral mais expressivo do Rio de Janeiro. Mas agora, a vedete ganhava mais força e importância. Esta figura, no início, dividia as atenções com cômicos e bons textos.

Na década de 1950, a vedete está em primeiríssimo plano. Eram pra ela todas as atenções. Se cantasse bem, melhor. Mas o  importante era que fosse escultural. De preferência, com as medidas da Vênus de Milo ou, um pouco mais brasileira, como Marta Rocha. Com o fim do jogo, Walter Pinto e os outros empresários apostaram todas as fichas na beleza de suas vedetes. 

Entre 1953 e 1954 o biquíni, já comum nos palcos da revista, ainda era proibido em praias brasileiras. Em Copacabana as garotas que tentassem aparecer com o traje sumário sofriam repressão policial. Mas em 1957, o uso da peça já havia sido liberado na praia de Copacabana. Os costumes mudavam rapidamente. A década de 1950 marcava, também, a era do nudismo.

Elvira Pagã e Luz del Fuego – as duas musas do nudismo – garantiram a bilheteria de várias revistas, consideradas fracas pela crítica. A nudez de ambas, já valia o espetáculo. Como atrizes, eram sofríveis. Como vedetes, desde que não se exigissem delas talento musical e desenvoltura cênica, convenciam e prendiam as atenções masculinas.

Os teatros lotavam. Casais iam assistir. Mas ninguém comentava no dia seguinte. Elas eram péssimos exemplos para as jovens. Naquela época, o pecado ainda estava na moda.

Fonte:  As Grandes Vedetes do Brasil - de Neyde Veneziano.
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domingo, 30 de setembro de 2012

Eleanor Parker

Eleanor Parker (Eleanor Jean Parker), atriz, nasceu em Cedarville, Ohio, EUA, em 26/06/1922 e era filha caçula de um professor de matemática. Causou surpresa quando, adolescente, optou pela carreira de atriz, uma vez que, ninguém da família, inclusive suas duas irmãs mais velhas, havia antes escolhido tal carreira.

Como grande parte dos atores americanos, ela começou a atuar em peças escolares.  Aos 15 anos, freqüentou o Rice Summer Theatre, em Massachusettes, durante a temporada de verão, voltando a fazer o mesmo na temporada do ano seguinte. Terminado o curso secundário, Eleanor mudou-se para a California. Uma vez lá, estudou na Pasadena Playhouse.

Certa vez, ao assistir à apresentação de uma peça teatral, um agente da Warner Bros. aproximou-se dela e lhe fez um convite, mas somente um ano depois, ao se sentir preparada, Eleanor assinou um contrato com aquele Estúdio no dia em que completava 19 anos.

Seu primeiro trabalho para a Warner deu-se numa pequena cena do filme "O Intrépido General Custer", de 1941, a qual foi cortada quando dos serviços de edição. A seguir, atuou em alguns filmes "B", antes de ter a oportunidade de conseguir melhores papéis.

Em 1951, foi indicada ao Oscar por sua atuação em "À Margem da Vida", perdendo a estatueta para Judy Holliday por seu trabalho em "Nascida Ontem", de George Cukor. Continuando a fazer sucesso, no ano seguinte, Eleanor voltou a ser indicada ao Oscar de Melhor Atriz por sua atuação em "Chaga de Fogo", ao lado de Kirk Douglas, desta vez perdendo o cobiçado prêmio para Vivien Leigh, por sua magnífica atuação em "Um Bonde Chamado Desejo", de Elia Kazan.

O vale dos reis (1954)
Entre outros sucessos por ela obtidos, acham-se "Scaramouche", de George Sidney, "A Selva Nua", de Byron Haskin, e "Melodia Interrompida", de Curtis Bernhardt, quando voltou a ser indicada ao Oscar de Melhor Atriz.

Ao longo de sua carreira, Eleanor Parker mostrou-se uma atriz versátil. Durante os anos 70, esteve presente na maioria dos filmes feitos para a televisão, com exceção de seu último trabalho para a telona, "A Morte Ronda a Pantera", de Richard Sarafian.

A década de 80 foi marcada apenas por participações em episódios para a TV, sendo seu último trabalho o de Catherine Blake, no filme produzido para a televisão, em 1991, "Dead of the Money", de Mark Cullingham.

Eleanor Parker casou-se quatro vezes: de 21/03/1943 a 05/12/1944, com Fred Losee; de 05/01/1946 a 10/11/1953, com o produtor Bert Friedlob; de 25/11/1954 a 09/03/1965, com Paul Clemens; e, finalmente, com Raymond Hirsch, de 17/04/1966 até o presente. De seu segundo casamento, com Friedlob, ela teve três filhos e de seu terceiro, com Clemens, um.

Filmografia selecionada

1941 - O intrépido general Custer
1942 - Soldiers in White (Documentário)
1942 - Busses Roar
1943 - Mysterious Doctor
1943 - Missão em Moscou
1944 - Um Passo Além da Vida
1944 - Uma Noite Trágica
1944 - The Last Ride
1944 - Pensando Sempre em Você
1944 - Um Sonho em Hollywood
1945 - Uma Luz nas Trevas
1946 - Escravo de uma paixão
1946 - Nunca me Diga Adeus
1947 - Centelha de amor
1948 - A Mulher de Branco
1950 - A morte não é o fim
1950 - À margem da vida
1950 - Três Segredos
1951 - Chaga de fogo
1951 - Rodolfo Valentino
1951 - Quero Um Milionário
1952 - Scaramouche
1952 - Seu nome e sua honra
1953 - A fera do Forte Bravo
1954 - A Selva Nua
1954 - O vale dos reis
1955 - Melodia interrompida
1955 - O homem do braço de ouro
1955 - Sangue aventureiro
1956 - Esse homem é meu
1957 - O sétimo pecado
1957 - Desejos Ocultos
1959 - Os Viúvos Também Sonham
1960 - A herança da carne
1961 - De volta à caldeira do diabo
1962 - Os Propagandistas
1964 - Suave é o Amor
1965 - A noviça rebelde
1966 - Confidências de Hollywood
1966 - Eu Te Verei no Inferno, Querida
1979 - A Morte Ronda a Pantera
1979 - Hans Brinker

Premiações

Indicação ao Oscar de atriz em Caged (“À Margem da Vida”), em 1950.
Indicação ao Oscar de atriz em (“Chaga de Fogo”), em 1951.
Indicação ao Oscar de atriz em Interrupted Melody (“Melodia Interrompida”), em 1955.

Fontes: Wikipédia; 70 Anos de Cinema.
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sábado, 29 de setembro de 2012

Mara Rúbia, a vedete imbatível

Mara Rúbia nasceu na Ilha de Marajó, no Pará, em 3/2/1918. Chamava-se Osmarina Lameira Cintra (ela odiava esse nome). Casou-se aos 17 anos, teve três filhos, separou-se do primeiro marido e foi viver no Rio de Janeiro. Depois de algum tempo na Capital Federal, leu que a Companhia de Walter Pinto anunciava: "precisa-se de girls para se apresentarem no Teatro Recreio. Mara não conhecia palavra girl, nem tinha a menor ideia que ofício era esse.

O que lhe interessava era o ordenado: um conto e oitocentos. A diferença de seiscentos mil réis do salário de seu emprego anterior, numa firma de corretagem, lhe permitiria buscar seus dois filhos, Therezinha e Birunga, que haviam ficado com os avós, em Belém. Mara trouxera para o Rio apenas Ronaldo, o primogênito. E foi essa diferença que fez a nortista entrar para o teatro.

Mara Rúbia não começou no teatro de revista como simples bailarina, e sim como soubrette, nome designado às girls que já tinham algum destaque, graças a um número que Geysa Bôscoli havia criado especialmente para ela. Em 1944, estreia na revista Momo na Fila. O próprio Walter Pinto foi quem a batizou com o novo nome artístico e contratou professora de canto, dança e interpretação a fim de prepará-la para o estrelato.

Transformou-se em grande vedete e um dos maiores símbolos sexuais do Brasil, entre os anos de 1940 e 1950.

Em 1946 já estrelou com sucesso a revista Não Sou de Briga, ano em que foi eleita Rainha das Atrizes pela primeira vez. Com Walter Pinto, Mara fez oito espetáculosnesse período. Entre seus enormes e inesquecíveis sucessos estão Bonde da Laite (1945); Canta, Brasil! (1945); Rabo de Foguete (1945); Carnaval da Vitória (1946); Não Sou de Briga (1946) – nestas três últimas, Mara já era a segunda figura do elenco, estrelado por Renata Fronzi – e ainda Nem te Ligo (1946); Vamos pra Cabeça (1949) – quando chegou ao estrelato com o empresário – e Está com Tudo e não Está Prosa (1949) – no auge de sua carreira, quando dividiu o estrelato com Virgínia Lane.

Em 1950 foi eleita, novamente, Rainha das Atrizes. Durante vários anos, Mara Rúbia se instalou como a grande vedete da PraçaTiradentes. Com enorme carisma e espontaneidade, dividiu os palcos cariocas com outras celebridades, entre elas Dercy Gonçalves, Renata Fronzi, Oscarito e Grande Otelo. Em 1950 foi convidada pela grande Bibi Ferreira para dividir o estrelato na peça Escândalos de 1950, feito que se repetiria em Escândalos de 1951.

Um dado interessante na trajetória dessa estrela, é que foi a única vedete do teatro de revista que saiu da PraçaTiradentes para oTeatro Municipal. Em 1947, foi convidada pela inesquecível Dulcina de Moraes a participar de duas peças no Teatro Dramático: A Filha de Iório, de Gabriel Dannunzio, e Já é Manhã no Mar, de Maria Jacynta. E atuou ao longo de sua carreira em outros tantos trabalhos no teatro de comédia.

Mara também fez televisão na década de 1950 (na antiga TV Tupi), além de shows de boates, uma ramificação da revista. Em cinema, participou dos filmes Fantasma por Acaso (1946) e É com Esse que eu Vou (1948), todos com Oscarito; protagonizou a comédia Não é Nada Disso (1950) e o drama policial Brumas da Vida (1952), no qual atuava ao lado de sua filha,Therezinha. Em Os Deuses e os Mortos (1970), ganhou a Coruja de Ouro como melhor coadjuvante.

Descoberta pela turma do cinema, fez diversos filmes como O Casamento (1975); Dona Flor e seus Dois Maridos (1976).  Seu último filme foi Bububu no Bobobó (1980), em que interpretava a si mesma, num enredo que contava a decadência do teatro de revista.

Na Rede Globo, fez as novelas Pulo do Gato; Sinal de Alerta e Feijão Maravilha, todas no final da década de 1970.

As duas maiores Grandes Vedetes do Brasil foram Mara Rúbia e Virgínia Lane. Fizeram juntas, em 1952, Eu Quero é Sassaricá!, o espetáculo antológico considerado como uma das melhores revistas de todos os tempos.

A vedete imbatível nos números de plateia faleceu no Rio de Janeiro, no dia 15 de maio de 1991.

 Fonte:  As Grandes Vedetes do Brasil - de Neyde Veneziano.
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