Mara
Rúbia nasceu na Ilha de Marajó, no Pará, em 3/2/1918. Chamava-se
Osmarina Lameira Cintra (ela odiava esse nome). Casou-se aos 17 anos,
teve três filhos, separou-se do primeiro marido e foi viver no Rio de
Janeiro. Depois de algum tempo na Capital Federal, leu que a Companhia
de Walter Pinto anunciava: "precisa-se de girls para se apresentarem no Teatro Recreio. Mara não conhecia palavra girl, nem tinha a menor ideia que ofício era esse.
O que lhe interessava era o
ordenado: um conto e oitocentos. A diferença de seiscentos mil réis do
salário de seu emprego anterior, numa firma de corretagem, lhe
permitiria buscar seus dois filhos, Therezinha e Birunga, que haviam
ficado com os avós, em Belém. Mara trouxera para o Rio apenas Ronaldo, o
primogênito. E foi essa diferença que fez a nortista entrar para o
teatro.
Mara Rúbia não começou no teatro de revista como simples bailarina, e sim como soubrette, nome designado às girls
que já tinham algum destaque, graças a um número que Geysa Bôscoli
havia criado especialmente para ela. Em 1944, estreia na revista Momo na Fila.
O próprio Walter Pinto foi quem a batizou com o novo nome artístico e
contratou professora de canto, dança e interpretação a fim de prepará-la
para o estrelato.
Transformou-se em grande vedete e um dos maiores símbolos sexuais do Brasil, entre os anos de 1940 e 1950.
Em 1946 já estrelou com sucesso a revista Não Sou de Briga,
ano em que foi eleita Rainha das Atrizes pela primeira vez. Com Walter
Pinto, Mara fez oito espetáculosnesse período. Entre seus enormes e
inesquecíveis sucessos estão Bonde da Laite (1945); Canta, Brasil! (1945); Rabo de Foguete (1945); Carnaval da Vitória (1946); Não Sou de Briga (1946) – nestas três últimas, Mara já era a segunda figura do elenco, estrelado por Renata Fronzi – e ainda Nem te Ligo (1946); Vamos pra
Cabeça (1949) – quando chegou ao estrelato com o empresário – e Está com Tudo e não Está Prosa (1949) – no auge de sua carreira, quando dividiu o estrelato com Virgínia Lane.
Em 1950 foi eleita, novamente,
Rainha das Atrizes. Durante vários anos, Mara Rúbia se instalou como a
grande vedete da PraçaTiradentes. Com enorme carisma e espontaneidade,
dividiu os palcos cariocas com outras celebridades, entre elas Dercy
Gonçalves, Renata Fronzi, Oscarito e Grande Otelo. Em 1950 foi convidada
pela grande Bibi Ferreira para dividir o estrelato na peça Escândalos de 1950, feito que se repetiria em Escândalos de 1951.
Um dado interessante na
trajetória dessa estrela, é que foi a única vedete do teatro de revista
que saiu da PraçaTiradentes para oTeatro Municipal. Em 1947, foi
convidada pela inesquecível Dulcina de Moraes a participar de duas peças
no Teatro Dramático: A Filha de Iório, de Gabriel Dannunzio, e Já é Manhã no Mar, de Maria Jacynta. E atuou ao longo de sua carreira em outros tantos trabalhos no teatro de comédia.
Mara também fez televisão na
década de 1950 (na antiga TV Tupi), além de shows de boates, uma
ramificação da revista. Em cinema, participou dos filmes Fantasma por Acaso (1946) e É com Esse que eu Vou (1948), todos com Oscarito; protagonizou a comédia Não é Nada Disso (1950) e o drama policial Brumas da Vida (1952), no qual atuava ao lado de sua filha,Therezinha. Em Os Deuses e os Mortos (1970), ganhou a Coruja de Ouro como melhor coadjuvante.
Descoberta pela turma do cinema, fez diversos filmes como O Casamento (1975); Dona Flor e seus Dois Maridos (1976). Seu último filme foi Bububu no Bobobó (1980), em que interpretava a si mesma, num enredo que contava a decadência do teatro de revista.
Na Rede Globo, fez as novelas Pulo do Gato; Sinal de Alerta e Feijão Maravilha, todas no final da década de 1970.
As duas maiores Grandes Vedetes do Brasil foram Mara Rúbia e Virgínia Lane. Fizeram juntas, em 1952, Eu Quero é Sassaricá!, o espetáculo antológico considerado como uma das melhores revistas de todos os tempos.
A vedete imbatível nos números de plateia faleceu no Rio de Janeiro, no dia 15 de maio de 1991.
Fonte: As Grandes Vedetes do Brasil - de Neyde Veneziano.