quarta-feira, 4 de maio de 2011

Deus não é surdo!

Seja um crente decente: não grite no ouvido da gente. Jesus não é surdo!

Um bêbado estava passando perto de uma igreja evangélica, quando ele ouviu barulho de gritos, e então foi lá para ver o que é que estava acontecendo naquele local. Chegou ao púlpito da igreja e perguntou ao pastor o que estava acontecendo com aquela gente. E o pastor: “Jesus está operando". O bêbado respondeu: “Então acabou a anestesia. Há muito tempo que desde lá de fora eu escuto eles gritarem!”.

Embora existam em São Paulo mais bares do que igrejas, 55 mil contra 22 mil, as cerimônias religiosas, sobretudo as evangélicas, superaram em 2009 as casas noturnas em barulho e caos no trânsito.

Desde 1994, quando foi implantado o Psiu (Programa de Silêncio Urbano) na cidade, essa foi a primeira vez que as igrejas lideram o ranking de reclamações da população. A informação é da Agência Estado.

Vizinhos das igrejas evangélicas afirmaram ao jornal que estão cansados de reclamar à fiscalização sem que o barulho diminua.

Uma das mais barulhentas é a sede da IMPD (Igreja Mundial do Poder de Deus), que fica na rua Carneiro Leão, no Brasil. Recentemente, o templo ficou interditado por 53 dias. O prédio funcionava com alvará vencido.

Os moradores da região reclamam da falta de educação dos fiéis. Muitos deles urinam na rua e jogam lixo em qualquer lugar.

“A reclamação não é da cerimônia religiosa, mas do barulho e do caos no trânsito e do bolsão de ambulantes”, disse a moradora Rosa Aparecida Fernandes, 66.

No começo do ano passado, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) tinha decidido fechar a igreja, mas recuou diante das pressões de Valdemiro Santiago, o fundador da seita, que ameaçou promover um protesto com mais de um milhão de pessoas no Brás.

Em relação às igrejas católicas, as reclamações mais freqüentes se referem ao congestionamento no trânsito por ocasião de cerimônias, como a de casamento. Um exemplo é a Igreja Santo Ivo, no Largo da Batalha.

O Ministério Público continua defendendo o fechamento das igrejas que produzem barulho acima dos níveis tolerados, com base em resolução do Conama (Conselho Nacional de Meio Ambiente) de 1990.

O vereador e evangélico Carlos Apolinário (DEM) afirma que os promotores têm preconceito religioso.

Fonte: Paulopes Weblog.
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domingo, 1 de maio de 2011

Molhes da Entrada da Barra

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Mais uma vez aqui nos molhes, aproveitando essa bela tarde ensolarada de abril, com um clima mais ameno, bem outono. O pessoal praticando surf na praia da Atalaia, bem do lado das pedras do molhe.

Esses molhes foram construídos a partir do início do século e concluído nos anos 30 com pedras retiradas do Morro da Cruz e com o desmonte do Morro da Atalaia (os molhes do sul) e com material do Morro das Pedreiras, no vizinho Município de Navegantes (molhes do norte).

Foram eles que fixaram o canal de acesso ao porto, tornando-o seguro a navegação e viabilizando o crescimento das nossas atividades portuárias.

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Praia da Atalaia - bem ao fundo se vê o Bico do Papagaio
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quinta-feira, 28 de abril de 2011

Latricério

Tinha um linguajar difícil, o Latricério. Já de nome era ruinzinho, que Latricério não é lá nomenclatura muito desejada. E era aí que começavam os seus erros.

Foi porteiro lá do prédio durante muito tempo. Era prestativo e bom sujeito, mas sempre com o grave defeito de pensar que sabia e entendia de tudo. Aliás, acabou despedido por isso mesmo.

Um dia enguiçou a descarga do vaso sanitário de um apartamento e ele achou que sabia endireitar. O síndico do prédio já ia chamar um bombeiro, quando Latricério apareceu dizendo que deixassem por sua conta. Dizem que o dono do banheiro protestou, na lembrança talvez de outros malfadados consertos feitos pelo serviçal porteiro. Mas o síndico acalmou-o com esta desculpa excelente:

- Deixe ele consertar, afinal são quase xarás e lá se entendem.

Dono da permissão, o nosso amigo - até hoje ninguém sabe explicar por quê - fez um rápido exame no aparelho em pane e desceu aos fundos do edifício, avisando antes que o defeito era "nos cano de orige".

Lá embaixo, começou a mexer na caixa do gás e, às tantas, quase provoca uma tremenda explosão. Passado o susto e a certeza de mais esse desserviço, a paciência do síndico atingiu o seu limite máximo e o porteiro foi despedido.

Latricério arrumou sua trouxa e partiu para nunca mais, deixando tristezas para duas pessoas: para a empregada do 801, que era sua namorada, e para mim, que via nele uma grande personagem.

Lembro-me que, mesmo tendo sido, por diversas vezes, vítima de suas habilidades, lamentei o ocorrido, dando todo o meu apoio ao Latricério e afirmando-lhe que fora precipitação do síndico. Na hora da despedida, passei-lhe às mãos uma estampa do American Bank Note no valor de quinhentos cruzeiros, oferecendo ainda, como prêmio de consolação, uma horrenda gravata, cheia de coqueiros dourados, virgem de uso, pois nela não tocara desde o meu aniversário, dia em que o Bill - o americano do 602 - a trouxera como lembrança da data.

Mas, como ficou dito acima, Latricério tinha um linguajar difícil, e é preciso explicar por quê. Falava tudo errado, misturando palavras, trocando-lhes o sentido e empregando os mais estranhos termos para definir as coisas mais elementares. Afora as expressões atribuídas a todos os "malfalantes", como "compromisso de cafiaspirina", "vento encarnado", "libras estrelinhas", etc., tinha erros só seus.

No dia em que estiveram lá no prédio, por exemplo, uns avaliadores da firma a quem o proprietário ia hipotecar o imóvel, o porteiro, depois de acompanhá-los na vistoria, veio contar a novidade:

- Magine, doutor! Eles viero avalsá as impoteca!

É claro que, no princípio, não foi fácil compreender as coisas que ele dizia mas com o tempo, acabei me acostumando. Por isso não estranhei quando os ladrões entraram no apartamento de Dona Vera, então sob sua guarda, e ele veio me dizer, intrigado:

- Não compreendo como eles entraro. Pois as portas tava tudo "aritmeticamente" fechadas.

Tentar emendar-lhe os erros era em pura perda. O melhor era deixar como estava. Com sua maneira de falar, afinal, conseguira tornar-se uma das figuras mais populares do quarteirão e eu, longe de corrigir-lhe as besteiras, às vezes falava como ele até, para melhor me fazer entender.

Foi assim no dia em que, com a devida licença do proprietário, mandei derrubar uma parede e inaugurei uma nova janela, com jardineira por fora, onde pretendia plantar uns gerânios. Estava eu a admirar a obra, quando surgiu o Latricério para louvá-la.

- Ainda não está completa - disse eu - falta colocar umas persianas pelo lado de fora.

Ele deu logo o seu palpite:

- Não adianta, doutor. Aí bate muito sol e vai morrê tudo.

Percebi que jamais soubera o que vinha a ser persiana e tratei de explicar à sua moda:

- Não diga tolice, persiana é um negócio parecido com venezuela.

- Ah, bem, venezuela - repetiu.

E acrescentou:

- Pensei que fosse "arguma pranta".
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Por: Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).
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