quinta-feira, 31 de março de 2011

Mirinho e o disco

Fomos juntando os telegramas sobre novos apa­recimentos de discos-voadores. Aqui está um de Lima, Peru: "Um disco-voador e seu tripulante, um anão de cor esverdeada, pele enrugada e 90 centímetros de altura fo­ram vistos, ontem à noite, no terraço de uma casa pelo estudante Alberto San Roman Nuñez". 

Este outro de As­sunção, Paraguai: "Diversas pessoas tiveram oportunida­de de ver nos céus desta capital um estranho objeto voa­dor, que durante 20 minutos evoluiu sobre suas cabeças, desaparecendo depois em grande velocidade". 

Já de San­tiago, Chile, o telegrama conta diferente: "Novas notícias de aparecimento de objetos voadores não identificados nos céus reacenderam controvérsias desencadeadas com visões nas bases científicas da Antártida, no mês passado. Na Vila de Beluco, pequena localidade chilena, os habi­tantes viram um disco pousar durante cinco minutos e logo levantar vôo para desaparecer no horizonte". A

gora noutro continente: "Em Oklahoma City a Polícia informou que, na base de Tinker, perto desta cidade, o radar regis­trou a presença de quatro objetos não identificados, que evoluíam a cerca de 7 mil metros de altura". Na Europa e na Austrália também houve disco-Voador assombrando populações. De Portugal, por exemplo, chegou telegra­ma contando que foi visto objeto estranho "que parecia um esférico de plástico". 

E no Brasil, ainda no domingo passado, em Paquetá, uma porção de gente viu disco-voador, o que prova que eles andam pela aí de novo.

Mas deixemos os discos-voadores momentaneamen­te de lado e passemos a Primo Altamirando. No prédio onde Mirinho mora tem uma mocinha que eu vou te con­tar. Vai ser engraçadinha assim lá em casa! O primo vinha cantando a vizinha há bem uns seis meses, sem conseguir nem pegar na mão. 

Anteontem, porém, depois de muita insistência, ela amoleceu e andou dando sopa para o nefando parente: combinou com ele um encontro noturno no terraço do prédio. E, de fato, na hora marcada, apare­ceu assim meio medrosa. Mirinho começou a amaciar a bonitinha, fazendo festinha, dizendo pissilone no ouvido, dando mordidinha na ponta da orelha. E quando já tava quase, ela deu um grito:

— Que foi??? — assustou-se Mirinho.

— Olha lá no céu. Um disco-voador — apontou ela, nervosa.

Com medo de perder a oportunidade, Mirinho aper­tou-a contra si e lascou: 

— Deixa pra lá. Finge que não vê. Finge que não vê!

Por: Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).

Fonte: FEBEAPÁ 1: primeiro festival de besteira que assola o país / Stanislaw Ponte Preta; prefácio e ilustração de Jaguar. — 12. ed. — Rio de Janeiro; Civilização Brasileira, 1996.

domingo, 13 de março de 2011

Transporta o céu para o chão

Era um mendigo seresteiro, um misto de coitado e boêmio, que bebeu um pouco mais e ficou alegre. Ora, a alegria de um mendigo resume-se num canto romântico misturado aos palavrões de revolta, único lenitivo para suas amarguras.

Os mendigos, em geral, não dizem pala­vrão, porque vivem da caridade pública. Mas este, de Sal­vador, Cidade de São Salvador, Bahia, tinha bebido umas e outras, talvez com outros humildes como ele, no Cais dos Saveiros, talvez numa tendinha da beira da praia. Isto não ficou esclarecido.

Sabia-se apenas que era um mendigo que — de repen­te — virou seresteiro e saiu cantando pelas ruas de Salva­dor, subindo e descendo suas ladeiras, momentaneamen­te alegre:

— "A Deusa / da minha rua / tem uns olhos onde a Lua / costuma se embriagar" — cantava ele.

Depois parava, meditava sobre o que cantara, sorria e dizia o seu sonoro e honesto palavrão: — Quem costu­ma se embriagar sou eu, ora... — e arrematava com o pala­vrão. E lá ia cantando:

— "Nos seus olhos eu suponho / que o sol / num doirado sonho / vai claridade buscar".

Cantando, o mendigo chegou a uma praça e parou encantado em frente a uma casa. Era uma casa muito grande, parecia um palácio e todo bêbado é um rei. Ele deve ter imaginado uma seresta para sua rainha e cantou:

— "Na rua / uma poça d'água / espelho da minha mágoa / transporta o céu para o chão".

Outra vez sorriu e outra vez praguejou seus palavrões. Foi então que um homem, vivendo ali seus dias e suas noites, isolado das misérias do mundo, sem mais um res­to de temperança, de compreensão, achou que o mendi­go estava lhe faltando com o respeito e chamou a polícia.

Pombas! A polícia. Esta mesmo é que não ia compre­ender nunca o sonho do mendigo-rei. Chegou e tentou agarrá-lo à força.

— Assim não — gritou o intrépido monarca: — Assim não.

Mas o policial insistiu e deu-lhe um tranco. O rei foi magnífico na sua dignidade, esfregando um bofetão certeiro e merecido nas fuças do policial. Um companheiro do esbofeteado sacou da arma e fez fogo. Morreu o rei, morreu o seresteiro, morreu o mendigo.

Caiu desfalecido na calçada, veio-lhe uma estranha impressão e ele morreu: 

"Na rua / uma poça d'água / transporta o céu para o chão" — cantara ele ainda há pouco. Mas desta vez não. A poça era de sangue.

Por: Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).

Fonte: FEBEAPÁ 1: primeiro festival de besteira que assola o país / Stanislaw Ponte Preta; prefácio e ilustração de Jaguar. — 12. ed. — Rio de Janeiro; Civilização Brasileira, 1996.

terça-feira, 8 de março de 2011

domingo, 6 de março de 2011

Nariz tupido

No Interior de Minas, um casal de amigos caminhava pelo pasto de uma fazenda, até que viram um cavalo transando com uma égua, e a amiga logo perguntou...

- Carzarbertoo..., o que é aquilo?

- Elis tão casalano, sô! A égua tá no cio, o cavalo percebeu isso e ta mandano brasa!!!

- Mais cumé co cavalo sabe que ela tá no cio, Arbertoo?

- Aaara! é co cavalo sente o cheiro da égua no cio, sô!

Passaram mais adiante, e tinha um bode transando com uma cabra, e a amiga perguntou de novo, e o amigo deu a mesma resposta.

Mais na frente, lá estava um boi pegando uma vaca, e ela tornou a perguntar, e ele deu a mesma resposta: que o boi também sentia o cheiro da vaca no cio.

Foi aí que a amiga perguntou:

- Ô Carzalbertoo, se eu perguntá uma coisa pr'ocê, ocê jura que num vai ficá chatiado?

- Craro que não, miga! Ocê pode perguntá!

- OCÊ TÁ COM O NARIZ TUPIDO?

sábado, 5 de março de 2011

Carnaval sertanejo

Grupo Tradição afinando os instrumentos - Pontal Norte, BC, neste fim de tarde.

Ontem foi a primeira noite do "Carnamboriú", ou seria do "Carnaval Sertanejo de Camboriú", ou melhor ainda, do "Carnanejo"?  Realmente o grupo que estreou não lembra em nada as bandinhas que ainda animam as folias pagãs de Momo em muitos clubes tradicionais de Itajaí e outras tantas cidades circunvizinhas.

Mas, embora falte essa tradição em nossa jovem cidade balneária, sobra aqui boas idéias para inovações, para incrementar ainda mais o turismo. O povo que aqui reside e o que nos visita são de onde? São principalmente gaúchos, curitibanos, do interior do Paraná e de Santa Catarina, argentinos e paulistas.

Esse povo gosta de uma bandinha tocando Lamartine Babo ou Braguinha? Acho que preferem o Gaúcho da Fronteira, Zezé Di Camargo e o Grupo Tradição. Viva o Carnamboriú 2011.