quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Indignação - II

"É de assustar uma coisa dessas. Mas a frase na imagem foi dita pelo vereador José Alvercino (PP) na sessão da Câmara desta terça (03), após a vereadora Anna Carolina se manifestar sobre o assunto, é claro, de forma contrária ao que aconteceu (pra quem não leu ou não sabe ainda, vá aqui neste link: http://wp.me/pdrbW-4zr), o vereador soltou esta, que, sinceramente, não é de se espantar, pois, este senhor representa os nosso velhos coronéis, ou pelo menos, está se esforçando para tal, e esta sua fala representa exatamente o que pensam muitos desta decadente elite (se é que pensar é a palavra correta).

Itajaí elegeu este e mais alguns bem parecidos.

Assim como o senhor que fez a coisa toda, é um indicado pelo prefeito, um "trabalhador voluntário", ou seja, nem pode ser investigado pela prefeitura, caso aconteça alguma coisa, pois, não tem nem cargo para tal.

Essa é a nossa Itajaí e os que nos representam, infelizmente.

E neste link, o vídeo da vereadora Anna Carolina se posicionando CONTRA o acontecido no sábado (http://youtu.be/csKT3Z9izGg)."

Nota do blog: se isso for verídico, que se compartilhe a notícia acima, inclusive com a foto desse vereador tosco, desequilibrado e puxa-saco do bigode, em todas as redes sociais, para que nunca mais volte a representar o honrado povo de nossa Itajaí. Viva a cultura! Viva a música!


Fonte: Facebook - Rômulo Mafra.
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A indignação - I


Interrupção de show em Itajaí causa revolta nas redes sociais.

Músicos, fãs e moradores de Itajaí não engoliram o encerramento forçado do show da cantora Giana Cervi que aconteceu na noite de sábado na Vila da Regata, em Itajaí. O Show que fazia parte da programação cultural do evento Aventura pelos Mares do Mundo foi interrompido bruscamente, o que deixou a platéia e os próprios músicos sem reação.

A indignação se espalhou pelas redes sociais onde já estão circulando fotos de apoiadores da causa com frases como “Vamos mostrar nossa indignação, compartilhar e mudar esse lugar que é nosso – chega de deixar que acreditem que o poder sem cultura e sem educação pode fazer o que quiser da gente, isso só depende de nós – UNIÃO AMIGOS!!!” ou “Cadê cultura? Cadê respeito?”

Em resposta às criticas recebidas através de comentários na página oficial do evento no Facebook a organização tentou esclarecer o ocorrido:

“Um grande volume de público, incluindo milhares de crianças, estavam ontem na Vila da Aventura prestigiando e aguardando as atrações. A organização monitora a todo o momento a movimentação e quando há qualquer risco à integridade física das pessoas, é necessário tomar atitudes responsáveis. Foi necessário readequar a programação e foi solicitada repetidamente a abreviação da apresentação da cantora, o que infelizmente não ocorreu.

A interrupção aconteceu para garantia da segurança de adultos e crianças, que se deslocava em grande número para o local. Este permanente cuidado na organização fez com que o evento Aventura pelos Mares do Mundo tenha recebido mais de 200 mil pessoas, sem registro de ocorrências de maior gravidade. Contamos com a compreensão, pois toda e qualquer atitude é sempre tomada visando a segurança e integridade do público presente”.


Fonte: Click Camboriú.
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quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Caju amigo do homem

O caju, fruta brasileira que aqui já encontrou o Almirante Pedro Álvares Cabral — hoje estátua nos jardins do Russel e anteriormente descobridor do Brasil —, foi batizado (não Cabral, mas o caju) pelos índios tupis. Acreditavam os silvícolas que o referido fruto nascesse de cabeça pra baixo, impressão esta causada pelo caroço (castanha) que o caju ostenta na sua parte de baixo. Mas isso é besteira porque, pensando bem, não somente o caju, mas todo mundo nasce de cabeça pra baixo.

De como o caju se transformou em amigo do homem, principalmente do homem que bebe e, particularmente, do homem casado, é coisa que Stanislaw, grande sociólogo frugívoro (salvo seja), explica nas linhas subsequentes. Sabemos que certos entreguistas vão dizer que este estudo sobre a brasilidade do caju é bobagem, mas o que se há de fazer? Como dizia Hoffmann, "a inveja é a sombra da glória".

Mas voltemos ao saboroso fruto, cuja nódoa é de amargar e, quando pega na roupa da gente, só sai na safra seguinte, segundo nos revelou o compositor Luís Antônio, que é militar e Flamengo, sendo — portanto — duplamente supersticioso. De qualquer maneira, a nódoa deixada pelo caju mancha tanto a roupa da gente quanto — por exemplo — aquele baile do João Caetano mancha a reputação de rapaz solteiro.

Saboroso, carnudo e pródigo em caldo, o caju — em matéria de serventia — só perde para o boi, animal doméstico de grande utilidade e do qual o homem só não aproveita o suspiro, porque o resto — do chifre ao estrume — já está tudo industrializado. Da castanha do caju se aproveita o caroço para nos fazer beber mais, colocando-o picadinho e terrivelmente salgado, em pratinhos sutis sobre a mesa do bar. Também da castanha se aproveita a tradicional e laxativa cozinha baiana. Vatapá (principalmente) e outros pratos de menor prestígio levam a sua castanhazinha moída, para alegria daqueles que se perdem pela boca, sem dar vez aos intestinos. Ainda desse caroço — responsável pela mancada dos silvícolas acima citada — se faz um magnífico pirão, usado em pratos de bacano, como a galinha à normanda e o pato à Califórnia, embora nem na Normandia nem na Califórnia haja caju, o que prova a versatilidade de sua castanha.

A própria polpa da fruta ora em estudo é útil, pois famílias menos favorecidas do litoral nordestino comem-na ensopada, sempre que lhes falta a mandioca, a batata ou a cenoura, tubérculos mais apropriados para um PFR (Prato Feito Reforçado). O caju pode ser ainda servido em calda, frito, cozido ou liquefeito, sendo que, no último caso, já não é mais caju: é cajuada, mas nem por isto perde a personalidade.

Costuma-se dizer que o cachorro é o melhor amigo do homem, mas a afirmativa é um pouco precipitada. Ninguém bota caju no quintal para tomar conta da casa, mas há muitas coisas que cachorro não tem e que sobram no caju. Afinal de contas, o cachorro não tem castanha, não é saboroso e, na hora do refresco, ninguém espreme um cachorro para fazer uma suculenta cachorrada. E tem mais: dizem que quando o dono é bêbedo o cachorro é sem-vergonha, adesão que não recomenda o cão. Já o caju, ao contrário, é o melhor amigo do homem... do homem que bebe e — acima de tudo — do homem casado.

Há tempos, certo cavalheiro desta praça, cansado de ser espinafrado em casa pela distinta cônjuge, quando chegava com bafo de onça por ter tomado umas e outras nessas tendinhas pela aí, tratou de se dedicar à busca daquilo que tirasse definitivamente o cheiro de bebida da boca de um castigador de alcalinas. Começou — é claro — pelos inventos americanos, como pílulas de clorofila, chiclete, drops e outras bobagens de grande aceitação no mercado e de nenhuma eficiência como tira-bafo.

Já na iminência de desistir, esse abnegado da ciência, certa noite, antes de ir para casa caneado, passou na casa de um conhecido para entregar uma encomenda. E este, na base da gentileza, ofereceu uma cajuada. Como estivesse com sede, o coleguinha de Pasteur aceitou o refresco e, em seguida, foi pro holocausto, digo, foi pra casa. E qual não foi a sua surpresa quando, ao chegar e beijar a megera, digo, a esposa, ouviu da boca desta o elogio: "Sim senhor, assim é que eu gosto. Você hoje não está cheirando a bebida".

O pesquisador, tal como o já referido Almirante Cabral ao descobrir a gente, descobriu a fórmula do engana esposa por acaso. Submeteu o caldo de caju aos mais severos testes — que nem os americanos fazem com foguete, em Canaveral — e deu sempre certo, ao contrário dos foguetes. Chegou a bochechar com "Olho D'água", que é cachaça de persistente aroma, mastigando um caju em seguida e indo para casa, onde, num rasgo de confiança no progresso da ciência, soprava o nariz da mulher, sem que esta sequer percebesse bulhufas.

Homem reconhecido, inventou a expressão hoje universal: caju amigo.

Podíamos ainda enumerar indefinidamente outras vantagens do caju, mas vamos parar por aqui, pois ele é uma riqueza do Brasil e — depois que os contrabandistas do café foram pilhados — é bem possível que os vivaldinos, sempre dispostos a dar beliscão em fumaça, se voltem para o caju e passem a contrabandeá-lo.


Fonte: Tia Zulmira e Eu - Stanislaw Ponte Preta - 6.ª edição - Ilustrado por Jaguar - EDITORA CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA S.A.
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