domingo, 28 de abril de 2013

Menininha viciada

Foi noutro dia, num convescote patrocinado por conhecido doador de sangue desta praça (existem duas espécies de doadores de sangue: os que têm conta no Banco do mesmo nome e os que dão coquetel. Exemplo: Jorginho Guinle é doador de sangue tipo B). Enfim, foi na residência de um tipo B.

Nossa televisão, graças a Deus, enguiçara mas — sabem como são os ossos do ofício — tínhamos que assistir a um programa muito do calhorda, só porque uma membra da nossa frota telefonara dizendo que trabalhava nele.

Nós não tínhamos nada com isso, pois não cobramos taxa sobre os cachês das nossas protegidas. Mas é que era estréia e a moça fez a flor dos Ponte Pretas prometer que assistiria. Palavra empenhada, palavra cumprida — costuma ser o nosso lema, quando não aparece uma outra enxutinha no caminho da razão, é lógico.

Onde estávamos? Ah... sim! Então a televisão enguiçou e não apareceu nenhuma outra mulher. O jeito era cumprir a palavra e assistir ao programa. Por isso, telefonamos para um amigo que reside no mesmo prédio que nós e perguntamos se podíamos subir (ele é dois mais acima) para usar da sua televisão:

— Prazer imenso, amigo! — berrou ele do outro lado do fio, numa prova cabal de que estava triscado pelo álcool.

Então subimos. Ele nos recebeu de copinho na mão e explicou que a visita não seria apenas para ver televisão. Imagine que ia dar um coquetel dentro de minutos. As moçoilas em flor estavam prestes a chegar e ficariam encantadas de encontrar ali aquela surpresa: o maior expert em mulheres, em carne e osso (mais carne que osso).

Fizemos ver que estávamos com a barba por fazer, que a camisa estava respingada de pasta de dente, que o intento era só ver o programa e voltar ao tugúrio. Mas qual. Ele argumentou que Humphrey Bogart também era displicente e nunca dormiu sozinho.

 E tanto insistiu que, depois de ver o vexame da nossa protegida, ficamos para os salgadinhos.

— Que tipo de damas teremos aqui? — indagou Stan. — Senhoras condescendentes, figurinhas ainda não inauguradas ou manicuras?

— Figurinhas ainda não inauguradas — respondeu o anfitrião.

E de fato. Pouco depois começavam a chegar moçoilas assim — como diremos — "entreaberto botão, entrefechada rosa" (obrigado, Joaquim Maria). Chegavam coloridas de carmim, sorriam para fotógrafos imaginários e sentavam com aquele cuidado das que querem deixar aparecer a anágua. Foi então que percebemos o quanto estão intoxicadas de entrevistas essas mocinhas de hoje.

Pois imaginem vocês que — só para puxar conversa — perguntamos a uma delas:

— O que é que você faz, meu bem?

E ela, ajeitando-se na cadeira:

— Estudo culinária, adoro "Nuit de Noêl", a minha cor predileta é o verde. Leio muito, minha leitura preferida é a Sagan, vou à praia e acho Teresa Sousa Campos a mulher mais elegante que eu já vi.

E antes mesmo que pudéssemos pronunciar uma sílaba, perguntou:

— Quando é que vai sair?

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Fonte: Tia Zulmira e Eu  - Stanislaw Ponte Preta - 6.ª edição - Ilustrado por Jaguar - EDITORA CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA S.A.
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Mentalidade de carburador

Estava a pracinha posta em sossego, com as criancinhas brincando na grama, raros casais em colóquios, aproveitando o bucólico (lembra nome de remédio antigo. .. duas gotas de bucólico para sua asma) recanto. Havia um sorveteiro de um lado e um pipoqueiro do outro, ambos vendendo regularmente as respectivas mercadorias. No bar, que ficava em frente à praça, um garçom servia cafés esporádicos. Era, pois, um anoitecer tranqüilo, calmo, acalentador.

Foi nessa altura dos acontecimentos que apareceu o lambretista de blusão de couro e óculos de aviador. Parou a

 lambreta em frente ao bar, mas não parou o motor. Pelo contrário. Acelerou violentamente, fazendo bastante barulho para impressionar as domésticas. Depois desligou a máquina, saltou meio sobre o gaúcho empinado e deu dois passos para melhor admirar sua incômoda propriedade.

O sorriso que espalhou em volta, para os que ficaram parados, com raiva, era um sorriso de superioridade muito do Marlon Brando. Começou a andar novamente em direção ao bar, enquanto ia tirando as luvas de couro que — só Deus sabe por que — os lambretistas usam. No bar deu um assovio para chamar o garçom. Era um autêntico carburator boy, a olhar para todos com ar de desprezo e profunda superioridade.

Bebeu de um trago o conhaque vagabundo (como os cawboys fora de moda) e voltou solene para a calçada, onde um monte regular de garotas e debilóides espiava a lambreta. Abriu caminho entre eles com os cotovelos e tornou a montar. Podia ligar a máquina e sair, mas não era ele homem capaz de resistir à tentação de botar mais um pouquinho de banca.

Sentado na lambreta, fingiu que consertava um parafuso. Depois calçou outra vez as luvas lentamente, como um cirurgião à beira de uma operação importante. E aí ligou outra vez o motor e acelerou ao máximo. Toda a pracinha sentiu estremecer o solo. Mais uma olhada para a direita, outra para a esquerda e saiu como uma bólide, jogando fumaça na cara da gente.

Na esquina vinha um lotação. O lambretista tentou manobrar, mas o lotação foi mais ligeiro, atirando-o longe. E ao vê-lo no meio da rua, com escoriações generalizadas, todos respiraram com alívio.

É que, hoje em dia, o castigo anda de lotação.

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Fonte: Tia Zulmira e Eu  - Stanislaw Ponte Preta - 6.ª edição - Ilustrado por Jaguar - EDITORA CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA S.A.
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quinta-feira, 25 de abril de 2013

Cure a ressaca em 5 passos

A música está incrível, o clube é lindo e você está rodeado de amigos celebrando a noite. Difícil ficar longe da bebida. Sem perceber, um gole vem atrás do outro e é grande a chance de arrependimento no dia seguinte. 

Beber além do limite tem suas consequências: o sono fica fragmentado, o organismo se desidrata e a cabeça pode doer numa proporção insuportável. Além de deixar você com um mal estar geral capaz de ofuscar a alegria da noite anterior.

Se você sofre com a ressaca, saiba que existem muitas maneiras de amenizar os incômodos da bebedeira. E quem sabe, você vai ficar novinho em folha pra se jogar de novo na noite.

Mas antes de tudo, não se esqueça: bebida não combina com volante. Tenha sempre um amigo motorista que não bebeu na festa ou então volte pra casa de táxi.

- Água

Água é bom sempre. E uma dica preciosa é intercalar os drinks com água porque reduz o efeito tóxico do álcool e a desidratação orgânica.

- Remédio antes e depois

Proteger o fígado é sempre bom. Principalmente os medicamentos que contém silimarina porque auxiliam na desintoxicação do organismo

- Sucos

Suco de laranja com beterraba, cenoura e couve é uma excelente opção pela manhã. Suco verde, com couve e limão também é uma boa dica. E o melão, por ser rico em frutose e outros nutrientes, é outro suco que ajuda na recuperação

- Chá de boldo

Não é história da sua vó. O chá de boldo é ótimo para má digestão e indisposição. Ou seja, perfeito para a ressaca

- Banana

O álcool é diurético e nos faz eliminar boa parte dos nutrientes mais importantes como o potássio. Por isso, é muito importante que durante a ressaca se coma alimentos ricos nesse nutriente. A banana é um deles

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Fonte: Terra
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