quarta-feira, 27 de março de 2013

Sidney Bechet e sua petite fleur


Sidney Bechet (Sidney Joseph Bechet), clarinetista, saxofonista e compositor de jazz (jazz clássico e dixieland), nasceu em New Orleans, Louisiana, EUA, em 14/05/1897, e faleceu em Garches, Paris, França, em 14/05/1959.



Em 1919 ele foi o clarinetista solista da Southern Syncopated Orchestra, conduzida pelo compositor Will Marion Cook, que se recusou a usar a palavra "jazz", mas estava ansioso para ver Bechet no centro das atenções. O maestro suíço Ernest Ansermet, que em diversas ocasiões ouviu esta formação em Londres, escreveu sobre Bechet. "Ele não pode dizer nada sobre a sua arte, exceto que ele segue o seu próprio caminho... e talvez o caminho em que o mundo 'swingará' amanhã."

Músico prodígio, nascido em uma família crioula, tocou com vários conjuntos ("brass bands") de New Orleans. Foi morar Chicago no ano de 1917 para tocar com dois exilados famosos, o trompetista Freddie Keppard e pianista Tony Jackson. Acompanhou Cook, em Londres, onde ele descobre o saxofone soprano, um instrumento mais dominante do que o clarinete e com o qual ele pode facilmente produzir vibrato, que é sua marca.

Em 1919, viajou para a Europa com a Southern Syncopated Orchestra do diretor Will Marion Cook, onde além de tocar clarinete, executava em uma peça um pequeno acordeom. Suas apresentações em Londres interpretando o Characteristic Blues chamaram a atenção do diretor de orquestra Ernest Ansermet, que lhe dedicou elogios em um artigo publicado na revista "Revue Romande" na qual, segundo se afirma, foi a primeira crítica sobre um músico de jazz, onde afirmava que "Sidney Bechet é um gênio".

Regressando aos Estados Unidos em 1922, foi para Nova York, onde grava pela primeira vez em julho de 1923, com a Clarence Williams Blue Five as músicas "Wild Cat Blues" e "Kansas City Man Blues". Entre 1924 e 1925 realizou uma série de memoráveis gravações com Louis Armstrong, que também havia se juntado ao conjunto de Clarence Williams.

Integrou a orquestra Revue Négre, que acompanhou Josephine Baker a Paris em 1925, permanecendo na Europa até 1931, visitando diversos países e passando quase um ano em um cárcere francês em 1928, por ter se envolvido numa briga entre músicos. Depois desse "recesso" de 11 meses, seguiu percorrendo a Europa e retornou novamente para os EUA, para participar brevemente na orquestra de Noble Sissle, e logo em 1932 formar junto ao trompetista Tommy Ladnier um grupo chamado The New Orleans Feetwarmers.

Entre 1934 e 1938 se une novamente a Noble Sissle, em cuja orquestra vai adquirindo paulatinamente uma participação crescente como solista (por ex. "Polka Dog Rag", 1934).

De 1938 em diante, empreende uma carreira como líder de bandas diversas, na corrente revival do jazz de Nova Orleans, tocando e gravando em diferentes cidades, produzindo abundante material onde seu saxofone-soprano fazia às vezes de voz.

Em 1939 realiza uma série de gravações para a recém criada gravadora Blue Note, de Alfred Lion, entre as quais se sobressai uma excelente e inovadora versão instrumental do clássico de George Gershwin "Summertime".

Em 1941 realiza uma experiência inédita para a época: uma sessão em que ele interpreta seis instrumentos (clarinete, saxofone-soprano, saxofone-tenor, piano, contrabaixo e bateria), que são gravados um sobre a pista do outro, para constituir a "Sidney Bechet's one man band", a primeira tentativa de gravação de um só músico que se tenha notícia.

Em 1949 viaja a França para participar do Festival de Jazz de Paris, em Salle Pleyel. Suas interpretações cativam o grande público e no ano seguinte volta para Paris e se estabelece nessa cidade definitivamente, transformando-se em uma celebridade do movimento de jazz tradicional francês, integrando-se aos clarinetistas Claude Luter e André Reweliotty.

Em 1951 se casa com Elisabeth Ziegler (com quem teve uma relação em Berlim na década de 1920), em uma cerimônia apoteótica que teve lugar na vila de Juan-Les-Pins. Nesse ano compôs um de seus maiores sucessos, "Petite Fleur" (Pequena Flor).

Em 1954 nasce seu único filho, Daniel, e depois de quase 10 anos de residência permanente na França, com turnês e apresentações por toda Europa, vários discos de ouro e outros sucessos, adoece de câncer do pulmão no final de 1958, falecendo em Paris, em 14 de maio de 1959, no mesmo dia em que completava 62 anos.

Discografia

The Legendary Sidney Bechet, RCA Bluebird
Sidney Bechet in New York, JSP (com Louis Armstrong).
The King Jazz Story Vol.4, Storyville (com Cousin Joe)
Jazz Classics Vol.1, Blue Note (com Bunk Johnson, Albert Nicholas).
El Doudou, Vogue, 1956 (com Albert Langue).

Fonte: Wikipédia.
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terça-feira, 26 de março de 2013

Fakes do Facebook cobram dívidas

Todo mundo sabe que das centenas de amigos que acumulamos no Facebook, um ou outro mal conhecemos. Mas nos Estados Unidos, um tipo de “amizade” ainda mais indesejável surgiu na rede social. Isso porque empresas de cobrança americanas estão usando usuários falsos para chegarem até seus devedores.

Segundo o canal econômico Bloomberg, a prática tem se tornado comum no país enquanto o serviço de proteção ao consumidor não cria novas regulações às empresas.

“Um dia uma menina de biquíni te adiciona e você diz “sim”. Depois chega uma mensagem dizendo: ‘Vim cobrar sua dívida’”, explicou um advogado à reportagem.

Nos Estados Unidos, mais de 30 milhões de pessoas devem, em média, US$ 1.500, pouco mais de R$ 3 mil. É o caso de Kathryn Haralson, de 47 anos. Após ligarem para sua casa e até para o colégio de sua filha, a mulher um dia recebeu um “inbox” (mensagem do Facebook), pedindo para entrar em contado com Mr. Rice, uma agente de cobrança.

Com a nova prática, YouTube, Twitter e outras redes sociais, além do Facebook, terão suas atividades limitadas para empresas de cobrança de crédito. “Eles não precisavam ir ao Facebook me procurar. Eu estava em contato o tempo todo. Passaram dos limites”, reclama Kathryn.

Fontes: techtudo - Notícias, via Daily Dot
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O pelado na arte plástica

O Papa João XXIII decidiu que serão (se já não foram) vestidos os anjos de mármore da basílica vaticana. Os jornais europeus — que vivem a citar Stanislaw — fazem muitos comentários a respeito e alguns deles estranham a medida, dando outros detalhes sobre como serão "vestidos" os anjos. Dizem que Sua Santidade ordenou que fossem "vestidos" com reboco.

Tia Zulmira — na sua infinita sapiência — garante-nos que não é a primeira vez que um Papa manda vestir os nus. Em 1555 (o Brasil, portanto, era um garoto) Paulo IV mandou pintar roupinhas no "Último Julgamento", de Miguel Ângelo, trabalho que foi feito pelo alfaiate-pintor Ricciarelli.

Em 1595, o Cardeal Farnèse mandou "disfarçar" a estátua da Justiça (uma Justiça nua como a verdade, é lógico) que existia (e ainda existe) no mausoléu do Papa Paulo III.

E Tia Zulmira garante que Pio IX, mais recentemente, se contentou em adornar com folhas de zinco os mármores "imodestos" do Vaticano. Conta ainda a prendada senhora que, depois que puseram folhinhas de parreira de zinco nos anjos do Palácio, em dias de vento, as folhinhas balançavam e os anjos faziam uma barulheira danada.

Eis, portanto, que o Papa João XXIII, na sua infinita bondade, não foi inédito, mas um seguidor. E isto quem diz não é aqui o bestalhão, mas a célebre Tia Zulmira. Aliás, Stanislaw lembra que não é de hoje que existe essa controvérsia a respeito de nus. A censura no mundo inteiro sempre implicou com os nus.

No teatro rebolado, por exemplo, o nu é permitido desde que a mulher fique estática no palco. Mexeu, multou! Agora, não nos perguntem por quê. Na verdade, mulher despida não é arte... é artimanha. Pelo menos num palco do teatro rebolado. Na moldura de uma cama — como costuma dizer o poeta, não é arte... é artifício. E na moldura de um quadro, mulher nua, ou mesmo homem (que nos perdoem a citação de mau-gosto), ou ainda anjo, só deixa de ser arte quando prevarica o artista.

A Igreja, no entanto, reconhecendo a arte e o artista, por mais artista que seja o distinto, não acredita em respeito ao belo.

A humanidade é cheia de truques e está sempre de olho. Quem vê anjo e pensa
maldades está muito mais pro lado da Colônia Juliano Moreira do que pro lado do Vaticano. O Papa, no entanto, não quis saber disso. E mandou castigar reboco em tudo que foi anjo da Basílica de São Pedro. Fez bem, uai!

Stanislaw sempre se lembra de um grã-fino novo-rico que comprou uma porção de quadros de mulher nua, porque ouviu dizer que "o nu" era chique. Comprou e espalhou pelas paredes de sua imensa sala de visitas. Mas — certa vez — quando estávamos só nós dois ali, tomando um penúltimo, confessou:

— Eu só comprei esses quadros porque minha mulher me chateou e todos esses calhordas que vêm aos nossos coquetéis vivem elogiando. Mas, para lhe dizer a verdade, desde que eles estão pendurados na parede, eu me sinto um pouco vivendo em pensão alegre. Era um dos poucos granfas que era sincero.

Tão sincero que jamais se referiu aos quadros para chamá-los de "nus". Sempre que se referia a eles, chamava-os de pelados.

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Fonte: Tia Zulmira e Eu  - Stanislaw Ponte Preta - 6.ª edição - Ilustrado por Jaguar - EDITORA CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA S.A.
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