domingo, 6 de janeiro de 2013

Os brindes

Primeiro foi aquela loja de vender discos lá de Porto Alegre que, na ânsia de passar adiante os LPs encalhados, anunciou o oferecimento de um quilo de feijão para o comprador de cada disco LP candidato eterno à prateleira.

Assim, o povo, que andava doido atrás da semente de faseolácea (é feijão numa apresentação mais puxada para o científico... queiram perdoar), não se incomodou de levar pra casa discos de Pedro Raimundo, Mário Mascarenhas, Dilu Melo etc. etc, contanto que lhe entregassem, em mão, o seu saquinho de feijão.

Agora é um contínuo de repartição que, desesperançado do abono e na certeza de que é difícil arranjar outro emprego nos dias que correm, fez da carestia um bico e está ganhando seu dinheirinho. O distinto levanta de madrugada, vai pra fila da carne e aguarda a sua vez. Como é dos primeiros na fila, consegue um quilo razoavelmente medido, quilo de carne este que leva para a repartição e rifa, na base de 10 pratas o bilhetinho de 001 a 100.

No fim da tarde, com os colegas todos torcendo em volta, faz o sorteio. O premiado leva um quilo de carne pra casa por 10 cruzeiros — preço ao alcance de todas as bolsas — enquanto o contínuo-açougueiro-banqueiro fica com uma abóbora de mil, pelo expediente.

Bem diz Tia Zulmira — prenhe de saber e transbordante de experiência — "quem se vira, se inspira". É um fato. A loja de discos aproveitou a falta de feijão para se livrar de discos encalhados, o contínuo aproveita a "carnestia" (como tão bem apelidou Primo Altamirando a falta de carne), para ganhar umpouco mais do que o salário ralo.

E a coisa vai pegando, como Deus é servido. Clubes da ZN estão organizando "biriba" aos sábados, para os sócios. Os prêmios lá estão, para quem quiser ver. Ao vencedor, três quilos de filé mignon, ao segundo colocado, três quilos de feijão ao terceiro, um quilo de feijão e outro de alcatra.

A ZS, por enquanto, vai se mantendo a fingir uma dignidade guaia, organizando no Country Club e demais clubes grã-finos seus concursos de "buraco", "biriba" ou "bridge", ofertando aos vencedores inúteis medalhas de ouro, prata ou bronze, que não servem para alimentar mais do que a vaidade.

Mas isto é por enquanto. Chegará o momento em que o alimento do estômago falará mais alto do que o alimento da vaidade, e a grã-finada larga pra lá essa besteira de medalha e adere aos prêmios já em uso na Zona Norte da cidade (residência da saudade — como quer o grande poeta urbano Orestes Barbosa). E nós veremos no Country um pai industrial torcendo para entrar um coringa no jogo da filha, para que ela faça canastra e ganhe um florido buquê de couve-flor.

Sim, irmãos, humânitas precisa comer, como diria o coleguinha Brás Cubas: ao vencedor, as batatas.
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Fonte: Tia Zulmira e Eu  - Stanislaw Ponte Preta - 6.ª edição - Ilustrado por Jaguar - EDITORA CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA S.A.
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sábado, 5 de janeiro de 2013

O nutritivo suco de tomate

Com poucas calorias e rico em vitaminas e licopeno – substância antioxidante que age sobre as células do organismo – o suco de tomate é uma boa opção de bebida saudável para acompanhar suas refeições. Abaixo, Elaine Guaraldo, professora do curso de Nutrição da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), responde algumas questões sobre o consumo do alimento.

Quais as vantagens do consumo do suco de tomate? É tão bom quanto outros sucos e melhor que os refrigerantes, por exemplo?

O tomate é uma fruta – que se apresenta em várias cores como amarela, verde, roxa, etc. Mas os frutos vermelhos são os mais conhecidos. É um alimento muito versátil, sendo usado como salada, em molhos, temperos, sucos, entre outros.

A fruta tem baixo valor calórico e de gorduras, é rica em água, em vitamina C e contém ainda folatos, vitamina A, carotenoides, fibras e minerais como potássio e magnésio.

Para fazer uma comparação, um tomate médio cru possui 25 calorias e 23 mg de vitamina C, quantidade que contribui com boa parte do recomendado desta vitamina para adultos.

Em relação ao suco do tomate, temos de considerar a forma de preparo dele e os ingredientes adicionados. Se o produto for industrializado, as condições do processamento podem levar a perdas de substancias sensíveis, como, por exemplo, da vitamina C. Outro ponto a ser considerado é que os sucos preparados comercialmente variam nos seus teores nutricionais dependendo dos ingredientes adicionados.

No mercado, observamos desde as marcas feitas apenas com a polpa do fruto até aquelas com adição de condimentos, açúcar e sal, por exemplo. Então o ideal é que se observe bem o rótulo dos produtos, seus ingredientes e a informação nutricional.

Assim, o suco de tomate possui muitas vantagens nutricionais, pois, além da sua composição em vitaminas e minerais, também tem a vantagem de possuir poucas calorias quando comparado a outros sucos. Comparando-se, por exemplo, ao suco de laranja, um copo de 200 ml possui 66 calorias, enquanto o de tomate possui apenas 30 calorias, nesta mesma quantidade.

Já os refrigerantes comuns perdem tanto em relação às suas calorias quanto às outras substâncias nutritivas que estão ausentes neste tipo de bebida, constituído na maioria por água, gás e açúcar. Portanto, a superioridade dos sucos é evidente.

Que substâncias do suco de tomate fazem bem para a saúde?

O tomate in natura possui carotenoides e, dentre esses, temos o licopeno, que é responsável pela cor vermelha do tomate assim como de outros alimentos que o contêm, a exemplo da melancia e da goiaba.

Mas a maior parte do licopeno que consumimos vem do tomate e seus produtos em função da grande variedade de produtos derivados deste alimento e que estão presentes em nosso dia a dia.

O licopeno, que funciona como um poderoso antioxidante, agindo na neutralização dos radicais livres, protege as células contra danos oxidativos. Por isso, tem sido muito pesquisado em relação aos efeitos benéficos à saúde que apontam a substância como importante na redução de riscos cardiovasculares e em alguns tipos de câncer, como o de próstata.

As quantidades de licopeno do alimento dependem da maturação, do clima, da variedade, do armazenamento, além do tipo de processamento do alimento. Assim, o cozimento parece não destruir a substância e, ao contrário, a ação de calor e da presença de pequenas quantidades de gordura, melhora a disponibilidade e absorção da substância no organismo humano.

O suco de tomate é um alimento que pode substituir uma porção de legume ou frutas, por exemplo?

De uma maneira geral, meio copo de suco de tomate (100 ml) substitui 1 porção de outros legumes, em relação a calorias. Mas é preciso ressaltar que o suco conterá menor quantidade de fibras que um legume fresco, pode ter menor quantidade de vitamina C e a quantidade de sódio pode ser maior dependendo dos ingredientes que são adicionados. Então, se quiser consumir um produto industrializado, olhe bem o rótulo.

Pode-se consumir o suco de tomate  junto com as refeições?

Sim, pode. Se pensarmos somente na quantidade do licopeno presente no suco de tomate, temos de lembrar que gorduras presentes nas outras preparações influenciam a absorção desta substância no organismo. Outra dica para aproveitar melhor o licopeno do suco é fazê-lo com a polpa cozida e com pequena quantidade de óleo ou azeite.

Fonte: O que eu tenho?
Texto: Enio Rodrigo
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Queijo ralado tem alto teor de sódio

Entre os 500 produtos de 26 tipos diferentes analisados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), o queijo parmesão ralado foi o que apresentou maior valor de sódio: em média 1.981 mg do nutriente a cada 100g do produto. Em segundo lugar, com  teor de sódio de 1.798mg a cada 100g, ficou o macarrão instantâneo.  

Apesar de alto, o valor está dentro do acordo fechado em 2011 entre Ministério da Saúde e as associações das indústrias de alimentos para reduzir a quantidade de sódio nesses alimentos. O ajuste prevê o valor máximo de 1.920,7 mg de sódio para cada 100 g de produto.

"O que nos preocupa é que boa parte dos alimentos com alto nível de sal é muito consumido por crianças", diz a gerente-geral de alimentos da Anvisa, Denise de Oliveira Resende.

O trabalho foi feito com base na análise de 26 tipos de produtos, como bolachas e frios. Dos grupos analisados, apenas cinco apresentaram níveis do ingrediente considerados adequados.

Os dez primeiros produtos na lista, além do queijo ralado e do macarrão, são o queijo parmesão inteiro (i1402mg/100g), a mortadela (1303mg/100g), mortadela de frango (1232mg/100g), maionese (1096mg/100g), biscoito de polvilho (1092mg/100g), salgadinho de Milho (779mg/ 100g), biscoito água e sal (741mg/100g) e hamburguer bovino (701mg/100g). 

O excesso de sódio na dieta é considerado fator de risco de problemas como hipertensão e diabete . Por isso, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que o nutriente seja usado com parcimônia: no máximo 2 gramas diárias de sódio, o equivalente a 5 gramas de sal. Para se ter uma ideia, 100 gramas de parmesão conteria a quantidade. O brasileiro consome 12 gramas de sal por dia, mais do que o dobro do recomendado pela OMS. 

Redução do sódio

A redução programada do sódio é considerada tímida por nutricionistas e entidades ligadas ao direito do consumidor. "Mesmo com a mudança, produtos vão continuar com alto teor de sódio. Em outras palavras: o brasileiro continuará consumindo muito mais do que o recomendado", diz o gerente do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), Carlos Tadeu de Oliveira. Ele cita como exemplo o macarrão: "A meta é 1.920 miligramas de sódio. Quase a necessidade de um adulto para o dia todo".

Denise afirma que uma redução drástica traria problemas para empresas e afastaria o consumidor. "As pessoas poderiam estranhar o sabor. Além disso, há um problema técnico: o sódio é importante para conservar os alimentos." Pelo cronograma, a partir de 2013 alguns produtos já devem ser comercializados com menos sódio em sua composição. "Pelas análises que fizemos, alguns produtos já apresentam uma média menor do que a foi acordada, como a maionese", afirma Denise. A meta é que o produto tenha, no máximo, 1.283 mg/100g. A média encontrada pela Anvisa está em 1.096.

Fiscalização

A gerente diz que o controle sobre o cumprimento do acordo começará a ser feito a partir de 2013. "Se números revelarem que a adesão está baixa, não está descartada a possibilidade de criar metas obrigatórias." Para Oliveira, no entanto, medidas mais ousadas poderiam ser adotadas rapidamente. "O acordo tentou abrandar as discussões sobre uma regulamentação mais severa. Autorregulamentação pode ser benéfica, mas os padrões têm de ser adequados."

Denise destaca que várias amostras de um mesmo produto apresentam teores diferentes de sódio, como o queijo parmesão: a diferença entre produtos chega a ser de 13,7 vezes. "Daí a importância de a população chegar nos rótulos a composição." Denise afirmou que foram encontrados produtos com teores de sódio distintos da embalagem. As empresas, diz, foram autuadas. Procurada, a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia) afirmou não conhecer os dados o que a impedia de fazer uma avaliação do trabalho.  

Orientação

Além de observar o rótulo dos alimentos industrializados, a Anvisa orienta a diminuir gradativamente o uso de sal nos alimentos. A indicação é utilizar outros temperos naturais como ervas aromáticas, alho, cebola, pimenta, limão, vinagre e azeite para temperar e valorizar o sabor natural dos alimentos, evitando o uso excessivo de sal. Também é preciso lembrar que alimentos frescos sempre têm menos sal. Por isso, é necessário equilibrar as refeições com saladas e frutas. 

Fonte: Agência Estado / iG
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