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terça-feira, 27 de novembro de 2012

Mais um patrimônio "tombado"


Acredito que a maioria das autoridades de nosso Município não nasceu nesta incrível e bela Itajaí e nem se "lixam" para um patrimônio de qualquer cidade. Porque se fossem nativos daqui, talvez não teriam coragem de perpetrar tamanha barbárie. 


Um casarão lindo que abrigou vidas, Itajaí de outrora, romances, amor e 120 anos de anos nossa História papa-siri, não merece morrer pelas máquinas de nossa Prefeitura. Mais de 100 anos (120 anos) derrubados por esta máquina da foto. Parabéns ao Prefeito de Itajaí, da bela e Santa Catarina! 

E assim deflagraram nossos informativos locais:

"Um dos mais antigos casarões que resistia ao tempo em Itajaí foi ao chão na tarde de sexta-feira (23/11/2012). O que ainda restava da Casa Mello, na Rua Lauro Müller, foi demolido com autorização judicial.

O imóvel era tombado pelo patrimônio histórico municipal desde 2005, mas sofria com o abandono. Já em ruínas, teve o tombamento cancelado este ano pelo Conselho de Patrimônio da cidade.

A justiça chegou a cancelar a primeira tentativa de demolição, em maio. Agora, o ato foi embasado em um acordo firmado entre município e o Ministério Público, que prevê, em troca da demolição, o completo restauro do Palácio Marcos Konder, confecção de cartilhas educativas e elaboração de projeto de lei que proteja o patrimônio cultural, para evitar que a situação se repita.

No final da tarde desta sexta-feira, a Casa Mello ainda constava como parte do patrimônio histórico de Itajaí no site da Fundação Genésio Miranda Lins."

Fontes: O Sol Diário; Notícias do Dia.
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quinta-feira, 12 de abril de 2012

As primeiras escolas itajaienses

Grupo Escolar Victor Meirelles (atual Casa da Cultura) era a mais antiga escola pública de Itajaí (foto: maio/2000).

A educação da gente itajaiense naqueles primeiros tempos era em verdade carente. A falta de escolas adequadas e em número suficiente para o atendimento de toda a comunidade fazia com que a maioria das pessoas não soubesse ler e escrever.

A primeira escola pública criada no então Distrito do Santíssimo Sacramento do Rio de Itajaí se deveu ao trabalho do deputado provincial Agostinho Alves Ramos.

Dizia a Lei nº 9 de 15 de abril de 1835, aprovada pela Assembléia Provincial e sancionada pelo Presidente da Província Feliciano Nunes Pires, que o professor desta escola teria o ordenado anual de cento e oitenta mil réis e deveria ensinar segundo método individual a ler, escrever, as quatro operações de Aritmética, a Gramática Portuguesa e Ortografia, e a Doutrina Cristã.

Embora criada em 1835, a nova escola somente em 1837 teve provido o seu primeiro professor, Francisco José das Neves, o qual logo daqui se ausentaria, sendo substituído pelo professor Antônio Joaquim Ferreira.

A escola pública primária daqueles tempos conhecida como "escola de desemburrar", embora limitada no que diz respeito aos recursos materiais cumpria sua missão. A sala de aula era muitas vezes a própria sala de visita da casa do professor. As crianças se assentavam em bancos coletivos de madeira ou em cadeiras de palha e escreviam em grandes mesas. O mestre era acessível, mas severo e a palmatória ou a vara de marmelo tinha larga utilização!

A primeira escola pública de Itajaí foi mista; somente no final do século passado ela foi desdobrada em classes feminina e masculina e que funcionavam em locais distintos. A primeira professora de meninas foi Dona Amélia Müller dos Reis.

Já no meio do século, complementavam a educação dos itajaienses um sem número de professores e escolas particulares, dos quais cabem destaque: Dona Júlia Miranda de Souza; Dona Ernestina Lapa; Dona Maria Amália das Santos; professor João Maria Duarte, diretor do Colégio Itajaí; Luiz Tibúrcio de Freitas, diretor do Externato Itajaiense; professor Manoel Ferreira de Miranda, diretor do Lyceu Infantil.

Duas iniciativas educacionais de largo proveito para a educação da juventude daquela época foram a criação da "Deutsche Schulle Itajahy" ou Escola Alemã e do "Colégio Paroquial São Luiz".

A Escola Alemã, muito bem organizada e aparelhada, ministrava o ensino em língua alemã não somente a teuto-brasileiros, mas a todos que se interessassem; o Colégio Paroquial, iniciativa do vigário, Padre José Foxius, foi o embrião do atual Colégio São José.

Fonte: PEQUENA HISTÓRIA DE ITAJAÍ - Prof. Edson d´Ávila
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Primórdios da vida religiosa em Itajaí

Construção de nossa Igreja Matriz - Lembrança do Padre José - 22/06/1944.

Os primeiros moradores das margens do rio Itajaí cumpriam suas obrigações religiosas na Matriz de Nossa Senhora da Graça do Rio de São Francisco do Sul, a cujo termo paroquial pertenciam. O templo religioso mais próximo, no entanto, era a Capela de São João Batista de Itapocoroy, distante duas léguas e meia. O vigário de São Francisco do Sul ou o Capelão-Curado de Armação, quando havia, visitavam as casas dos moradores, celebrando casamentos e batizados e rezando missas.

No início do ano de 1823, os principais moradores da região se organizaram em comissão e obtiveram do Vigário da Vara de São Francisco do Sul licença para a construção de uma Capela, próxima à casa de Agostinho Alves Ramos, e que seria dedicada ao Santíssimo Sacramento e a Nossa Senhora dos Remédios.

Neste ínterim fizeram um acordo com Frei Pedro Antônio de Agote, religioso franciscano espanhol, que vinha de deixar a capelania de Armação da Piedade, com breve passagem pela Capela de Enseada das Garoupas, para que o mesmo assumisse os encargos de Cura e Pastor daquela gente.

No entanto, o Vigário da Vara de São Francisco do Sul, Pe. Bento Barbosa de Sá Freire Azeredo Coutinho, houve por bem não aprovar o acerto, desgostando os moradores e exigindo-se lhes o recurso à autoridade religiosa maior, - D. José Caetano de Silva Coutinho, Bispo do Rio de Janeiro, enquanto o novo Cura aguardava as licenças necessárias ao bom desempenho do cargo, residindo na casa de Antônio Soares da Silva, na Barra de Camboriú e ali celebrando o culto religioso.

Obtida a criação do Curato do Santíssimo Sacramento do Rio de Itajaí a 31 de março de 1824 e empossado o primeiro Cura, Frei Pedro Antônio de Agote, a vida religiosa passou a melhor se desenvolver, não sem muitas dificuldades.

Assim, com o fim de se encontrar um meio seguro para a estabilidade e aumento da Igreja, em 1830, os moradores mais destacados do Distrito fundaram a lrmandade do Santíssimo Sacramento e Nossa Senhora da Conceição, que ficou sendo a primeira associação de leigos de Itajaí.

Embora provido de um Capelão desde 1824, o Curato do SS. Sacramento do Rio de Itajaí somente a 12 de agosto de 1833 foi alçado à condição de paróquia, com a elevação do Arraial à categoria de Freguesia. Nesta ocasião lhe foi dada uma co-padroeira: Nossa Senhora da Conceição, por sugestão de Agostinho Alves Ramos.

A primeira Capela-curada, erguida a partir de 1823, já em 1849 necessitava de reformas e em 1851 teve de ser totalmente demolida.

A nova construção, então, arrastou-se até 1865. Como a Vila aumentasse a sua população e o espaço físico da igreja fosse ficando pequeno, em 1889 começaram as obras de alargamento e remodelação interna da Matriz, as quais foram findadas em 1899.

Mas, poucos anos após o término destas obras de remodelação, já se pensava na construção de uma nova Matriz. Coube ao vigário, Pe. José Foxius, elaborar o primeiro plano de construção, o qual ficou inutilizado em virtude das dificuldades advindas com a 1a. Guerra Mundial. Em 1920, durante as comemorações do Centenário de Itajaí promovidas pelo Prefeito Marcos Konder, fez-se o lançamento da pedra fundamental daquela que seria a futura Matriz.

Em 1936, Cônego Francisco Xavier Giesberts, então vigário, retornou às ações com vistas à construção da Nova Matriz. Transacionou com a Prefeitura Municipal a área do cemitério e ali definiu o local da futura construção.

Foto sem data (Circa anos 1950).

 Mas seria o novo vigário, Pe. José Locks, quem efetivamente iniciaria as obras, em 1940, as quais seriam concluídas pelo vigário seguinte, Cônego Vendelino Hobbold, a 15 de novembro de 1955.

Menos numerosos do que os católicos, os itajaienses evangélicos aqui surgiram com a chegada dos emigrantes europeus, notadamente alemães, a partir da segunda metade do século passado. Entre estes evangélicos, os primeiros foram os luteranos, cuja comunidade foi fundada em 1871. Seguiram-se adventistas (1920), batistas (1925), pentecostais - Assembléia de Deus - (1931) e presbiterianos (1952).

Fonte: PEQUENA HISTÓRIA DE ITAJAÍ - Prof. Edson d'Ávila.
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História do esporte em Itajaí

Equipe de Futebol do Clube Náutico Marcílio Dias - 1921 - Arquivo Fundação Genésio Miranda Lins

Contam-nos os nossos cronistas que entre os primeiros passatempos da gente itajaiense estavam as corridas de cavalo e as brigas de galo. Para as tais corridas de cavalo, improvisavam-se raias pela extensão da hoje Rua Lauro Müller e da Praia da Fazenda.

Dos esportes atuais, o primeiro a surgir em Itajaí foi o futebol. Trouxeram-no os estudantes que iam freqüentar fora os cursos ginasiais. O primeiro clube futebolístico foi fundado em 1911, denominava-se "Itajahyense Foot Ball Club" e tinha na presidência o jovem Bráulio Eugênio Müller.

O "Itajahyense" organizou duas equipes - a "Vermelha" e a "Azul" - que disputavam os primeiros jogos, aliás, muito pouco freqüentados pelo público.

Em 1919, outros jovens, animados com o desenvolvimento do remo na Capital do Estado e levando em conta a vocação marítima da nossa gente, decidiram fundar um clube náutico. Assim, surgia o Clube Náutico Marcílio Dias a 19 de março.

Meses depois, em razão de uma disputa acirrada pela escolha da madrinha, dissidentes marcilistas fundaram um novo clube - o Clube Náutico Almirante Barroso, a 11 de maio do mesmo ano.

Tanto o Clube Náutico Marcílio Dias, como o Clube Náutico Almirante Barroso, de suas secções iniciais de remo se ampliaram para outros esportes; tendo sido o primeiro o clube mais completo de Santa Catarina, com secções de remo, water-polo, natação, atletismo, tênis, vôlei, basquete e futebol, esta iniciada em 1921.

O esporte náutico naquele ano de 1919 também viu surgir um outro clube o "Cruz e Souza" - constituído por gente de cor e cuja existência não chegou aos nossos dias.

Embora pouco prestigiado no seu início, o futebol com o desaparecimento do remo, logo se transformaria na grande sensação popular, inclusive, com o surgimento de outras agremiações como o "Tiradentes F. C.", o "CIP F. C.” e o "Lauro Müller F. C.". Mas os clubes de maior popularidade, no remo e depois no futebol, sempre foram o "Marcílio" e o "Barroso". Nas disputas esportivas, a cidade praticamente se dividia ao meio entre "marcilistas" e "barrosistas" orgulhosos das vitórias e dos títulos alcançados na cidade e no Estado por seus clubes.

O grande desenvolvimento do desporto em Itajaí motivou a fundação aqui de diversas entidades que se propunham à promoção e defesa do esporte: a "Liga Catarinense de Desportos", em 1921; a "Associação Sportiva Vale do Itajaí", em 1937; a "Liga Esportiva Vale do Itajaí", em 1944 e a "Liga Itajaiense de Desportos", em 1951, atualmente a entidade maior do desporto da nossa terra.

Fonte: PEQUENA HISTÓRIA DE ITAJAÍ - Prof. Edson d'Ávila.
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domingo, 31 de julho de 2011

Fotos históricas de Itajaí

(clique para aumentá-las - as fotos abrirão em nova janela):
João e Manoel Veiga 

João e Manoel Veiga
José Gonçalo da Silva
José Gonçalo da Silva
Porto de Itajaí

Porto de Itajaí
Getúlo Vargas em Itajaí

Getúlio Vargas em Itajaí
Vista aérea de Itajaí

Vista aérea de Itajaí
praia de Cabeçudas, anos 1940

Praia de Cabeçudas, 
anos 40
Família de José Gonçalo da Silva

Família de José Gonçalo da Silva, fevereiro/1967
Amigas da avó de Evandro

Amigas da avó de Evandro, Matilde Espíndola da Silva
Vista de Itajaí e Morro da Cruz

Itajaí e Morro da Cruz 
(foto sem data)
Vista de Itajaí e beira saco ao fundo

Itajaí, Beira Saco ao fundo (sem data)
Declaração de guerra 22/08/1942

Manifestação de guerra a Alemanha (22/08/42)
Indaial (SC), 1926

Indaial (SC), 1926

Construção da Igreja Matriz de Itajaí
Lembrança do Pe José 22/06/44.
foto sem data

Foto sem data
foto sem data

Foto sem data
Aeronave Dornier Wal Correio Aéreo Nacional. Itajaí (12/12/40)

Aeronave Dornier Wal Correio Aéreo Nacional. Itajaí (12/12/40)
Aeronave Dornier Wal Correio Aéreo Nacional. Itajaí (12/12/40)

Dornier Wal: 1a. linha transoceânica, Alemanha-Brasil, Lufthansa.
Enchente: 29/02/1948

Enchente: 29/02/1948
Em frente a telefônica: enchente (29/02/48)

Em frente a telefônica: enchente (29/02/48)
Festa dos Navegantes (02/02/58)

Festa dos Navegantes (02/02/58)

Festa dos Navegantes 1958

Festa dos Navegantes
Festa dos Navegantes

Festa dos Navegantes
Anterior a 1930, frente da Matriz velha. 

Foto anterior a 1930, frente da Matriz velha.
Prefeitura, dezembro de 1938
 
Prefeitura Municipal de Itajaí, dezembro de 1938
Foto sem data, provavelmente a rua Cônego Thomaz Fontes
Provavelmente a rua Cônego Thomaz Fontes
Valter Blaze e Sílvio Forvile. Foto tirada por Humberto Codagnoni

Valter Blaze e Sílvio Forvile. Foto tirada por Humberto Codagnoni
Carnaval em Itajaí (foto sem data)

Carnaval em Itajaí (foto sem data)

Provavelmente a rua Pedro Ferreira. Banda do Maestro Edmundo Cunha.

Provavelmente a Rua Pedro Ferreira. Banda do Maestro Edmundo Cunha.
Casa de Alfredo Day. Rua Uruguai, perto da Univali (29/12/47)

Casa de Alfredo Day. Rua Uruguai, perto da Univali (29/12/47)
Julita Gonçalo da Silva, Rivaldo e Vanda Hlaile (sem data)

Julita Gonçalo da Silva, Rivaldo e Vanda Hlaile (sem data)
Em frente à sua casa, Julita, filha de Matilde Espíndola da Silva. Hoje no local está o Ginásio de Esportes do Col.Salesiano
Em frente à sua casa, Julita, filha de Matilde Espíndola da Silva. Hoje no local está o Ginásio de Esportes do Col.Salesiano.
Julita da Silva Codagnoni, em frente a sua casa

Julita da Silva Codagnoni, em frente a sua casa.
Manoel Euzebio do Nascimento. Itoupava Seca (17/03/1954)

Manoel Euzebio do Nascimento. Itoupava Seca (17/03/1954)
Ana Veiga. Mãe de Matilde Espíndola da Silva

Ana Veiga. Mãe de Matilde Espíndola da Silva
Foto sem data
 
Foto sem data.
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sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Vultos ilustres de Itajaí

Adolfo KonderAdolfo Konder - (Itajaí 1884 - Rio de Janeiro 1956). Bacharel formado pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, S.Paulo, fez jornalismo e fundou o "Novidades" juntamente com Tibúrcio de Freitas.

Foi diplomata, Deputado Federal, Secretário de Estado e Governador de Santa Catarina. Fundador da cadeira no. 26 da Academia Catarinense de Letras, foi destacado orador (Foto: Dr.Adolfo Konder - Arquivo da Fundação Genésio Miranda Lins).

Agostinho Alves Ramos - (Portugal - Itajaí 1853). Fixou residência em Itajaí por volta de 1823, depois de ter residido no Rio Grande do Sul e no Desterro, onde se associara ao comerciante Anacleto José Costa. Ao seu trabalho comunitário devem-se as ações que culminaram com o surgimento da futura cidade de ltajaí: criação do curato, ereção da primitiva capela; construção do cemitério, criação do Distrito do Rio de Itajaí; criação da primeira escola pública e estabelecimento do primeiro distrito policial.

Foi deputado provincial nas legislaturas de 1835 a 1836, 1838 a 1839 e 1850 a 1851. Em 1845, foi condecorado pelo Imperador Dom Pedro ll com a Comenda da Ordem de Cristo no grau de cavaleiro. Pertenceu à antiga Guarda Nacional, tendo chegado ao posto de tenente-coronel.

Alexandre Marcos Konder - (Itajaí 1904 - Rio de Janeiro 1953). Bacharel em Direito pela Universidade de São Paulo, foi jornalista e escritor. E autor de várias obras de viagem, teatro e romances: "Vidas e Tradições Japonesas", "Nossos Vizinhos dos Andes", "História do Japão" e "Os Halifax".

DrummondAntônio Menezes Vasconcelos de Drummond - (Rio de Janeiro 1794 - Paris 1874). Jornalista e diplomata, Vasconcelos de Drummond recebeu do Ministro de D. João VI, Tomás Antônio de Villanova Portugal, em 1820, a incumbência de estabelecer uma colônia em duas sesmarias reais junto ao rio Itajaí-mirim. No entanto, no próprio dizer de Drummond, não "houve meios nem tempo de levar a cabo".

Antônio Müller dos Reis - (Itajaí 1883 - Niterói 1942). Conhecido pelo pseudônimo literário de Reis Neto, destacou-se com poeta e cronista. Ainda publicou cartas, conferências, novelas e romances. Sua característica literária maior foi o apego ao mar, no que pode ser considerado tão notável marinhista quanto Virgílio Várzea. Foi oficial da Marinha Mercante Brasileira.

Arnaldo Brandão - (Itajaí 1922 - 1976). Poeta, cronista, contista, romancista e teatrólogo. Ocupou a cadeira no.1 da Academia Catarinense de Letras. Obras Publicadas: "Poemas de Arbran", "Bas-Fond", "Um Brasileiro nos Caminhos da Europa," "Sol Perpendicular'; "A Taverna do Gato Branco", "No Mundo da Lua", "O Vendedor de Pinhões", "Luz", "Cortina Amarela" e "Bartolomeu".

Eduardo Mário Tavares - (Itajaí 1919 - São José dos Pinhais - PR 1978). Filho de tradicional família itajaiense, quando jovem passou a residir no Rio de Janeiro e depois em Florianópolis. Funcionário público e professor, destacou-se como poeta. E o autor das letras dos hinos centenários de Blumenau e Brusque e de diversas poesias lembrando sua terra natal. Faleceu tragicamente em desastre de automóvel na estrada para Curitiba-PR.

Eugênio MullerEugênio Luiz Müller - (Itajaí 1856 - Rio de Janeiro 1936). Foi advogado provisionado, primeiro Superintendente Municipal de ltajaí, Vice governador do Estado de Santa Catarina e Deputado Federal. Pertenceu à antiga Guarda Nacional com o posto de coronel. Em 1913, transferiu-se para o Rio de Janeiro onde foi tabelião.

Félix Busso Asseburg - (Itajaí 1885 - Blumenau 1937). Industrial, financista e político; era filho de Guilherme Asseburg, fundador da firma Asseburg & Cia., empresa de grande destaque no final do século passado e inicio deste. Como político foi vereador, presidente da Câmara Municipal e deputado estadual. Empresário pioneiro, introduziu em ltajaí a energia elétrica e os veículos automotores.

Gaspar da Costa Moraes - (Itajaí 1898 - 1942) - Professor, primeiro inspetor escolar do Município, jornalista e escritor. Redatoriou o jornal "ltajahy" e colaborou em muitos outros. Em 1924, publicou no "Anuário de Itajaí" o conto "O Marujo ltajaiense".

Genésio Miranda Lins - (Itajaí 1903 - 1977) - De origem humílima, iniciou-se cedo no mundo do trabalho como contínuo da agência do Banco Nacional do Comércio de ltajaí, da qual chegaria a gerente.

Em 1935, juntamente com empresários e capitalistas do Vale do ltajaí, funda o Banco lndústria e Comércio de Santa Catarina S/A@ tendo sido seu presidente. Líder empresarial e político, foi deputado federal e suplente de senador; merecendo destaque sua intensa participação em todos os movimentos comunitários importantes de Itajaí.

Gustavo Lebon Régis - (Itajaí 1884 - Rio de Janeiro 1930) - Militar, participou dos combates da Lapa - PR onde foi ferido. Como engenheiro, trabalhou na construção da Ponte Hercílio Luz. Foi deputado estadual e federal. Participou também da Comissão de Demarcação de Limites entre Santa Catarina e Paraná. Faleceu no posto de Coronel.

Henrique da Silva Fontes - (Itajaí 1885 - Florianópolis 1966). Bacharel em Direito, Diretor da lnstrução Pública em Santa Catarina, Secretário de Estado, Procurador Geral, Desembargador, professor universitário e fundador da Universidade Federal de Santa Catarina. Pertenceu à Academia Catarinense de Letras e ao Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina.

Hermes Guedes da Fonseca - (Itajaí 1909 - Florianópolis 1971). Conhecido pelo pseudônimo literário de Guedes Jr., destacou-se como poeta e cronista. Foi diretor da Biblioteca Pública do Estado de Santa Catarina.

Irineu BornhausenIrineu Bornhausen -(Itajaí 1896 - 1974) - Empresário, vereador, Prefeito Municipal, Governador do Estado de Santa Catarina e Senador da República. No seu governo municipal foi criado o Ginásio Municipal e, como Governador do Estado, implantou a rede de água de Itajaí e o Hospital Maternidade Marieta Konder Bornhausen e apoiou a criação da Universidade Federal de Santa Catarina.

Jayme Fernandes Vieira - (Itajaí 1897 - 1971). Jornalista, contista e trovador, desde cedo integrou-se às lides literárias e jornalísticas da cidade tendo participado do corpo de redação de diversas jornais itajaienses.

Participou das atividades políticas, elegendo-se vereador à Câmara Municipal. Como contista, publicou em 1924 o conto "Valentia". Notabilizou-se também como trovador, sob o pseudônimo de Zé Fumaça, com trovas publicadas nos jornais "A Nação" e "Jornal do Povo ".

João Dias de Arzão - (São Paulo - Itajaí 1697). Companheiro do fundador de São Francisco do Sul, Manoel Lourenço de Andrade; em 1658 requereu uma sesmaria junto à foz do rio Itajaí-mirim e ali se afazendou. Foi o primeiro sesmeiro a se localizar nas terras do ltajaí e aqui permaneceu até seu falecimento. A família Arzão destacou-se na busca de ouro.

João Marques Brandão - (Itajaí 1880 - 1930). Orador e teatrólogo, tinha predileção pelo teatro. Juntamente com o irmão Félix foi ensaiador de diversos grupos dramáticos e, por vezes, também representava. Como orador, tinha o verbo inflamado e persuasivo e sabia arrebatar os auditórios. Fundou com os irmãos Félix e Apolinário, a 21 de março de 1897, o "Corpo Cênico de Itajaí"; grupo precursor de teatro amador de ltajaí.

José Brandão - (Itajaí 1924 - 1976). Pintor e escultor, conhecido pelo apelido familiar de Dídi. Herdou da família o gosto pela arte e foi aluno da Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro. Em 1952, participou de uma primeira exposição, o lV Salão Municipal de Belas Artes do Rio de Janeiro. A primeira individual foi em 1954, o Salão Lux Hotel em Florianópolis.

Foi aquinhoado com diversos prêmios, dos quais cabem destaque para o "Prêmio João Daut de Oliveira", no Salão de Belas Artes; "0 Trabalho na Arte", no Rio de Janeiro, 1953; "Prêmio Tribuna da Imprensa", no 1o. Salão de Alunos da Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, em 1960 e "Prêmio Escultura" no mesmo Salão de Alunos da Escola Nacional de Belas Artes. Em 1974, foi incluído no "Dicionário Brasileiro de Artistas Plásticos, obra editada pelo Ministério da Educação e Cultura.

José Eugênio Müller - (Itajaí, 1889 - Rio de Janeiro, 1963) - Filho do Coronel Eugênio Luiz Müller, em 1915 foi eleito vereador e presidente da Câmara Municipal. Em 1924, fundou a Sociedade Cooperativa Construtora Catarinense, pioneira na construção de casas populares e responsável pelo surgimento do bairro da Vila Operária.

Durante a campanha política da Aliança Liberal foi o seu líder em nossa cidade, elegendo-se em 1935 deputado federal. Tendo transferido residência para o Estado do Rio de Janeiro, em 1947 foi nomeado prefeito de Nova Friburgo - RJ, depois presidente do Banco do Estado do Rio de Janeiro e depois eleito deputado federal por aquele Estado.

José Henriques Flôres - (São Paulo 1835 - Itajaí 1887). Tenente-Coronel da Guarda Nacional, como Presidente da Câmara Municipal de Vereadores de ltajaí, governou o Município desde a sua emancipação até 1877 com breves interregnos. A ele se deve a criação da Comarca em 1868 e ainda elevação da Vila à categoria de cidade a 10 de maio de 1876.

José Pereira Liberato - (São Francisco do Sul 1828 - Itajaí 1885) -Passou a residir em ltajaí por volta de 1850, como comerciante. Em 1861, foi eleito vereador e Presidente da Câmara Municipal, tendo sido o organizador da administração do Município.

Foi também deputado provincial no período 1864 - 1865 - e Vice-Presidente da Província de Santa Catarina, nomeado por decreto do lmperador Pedro II de 20 de setembro de 1879. Entre as muitas atividades comunitárias que exerceu consta ainda a de Provedor do ex-Hospital Santa Beatriz.

Juventino Linhares -(Camboriú 1896 - Itajaí 1968). Nascido no Arraial da Barra de Camboriú, hoje município de Balneário Camboriú, veio criança para ltajaí. Foi jornalista, cronista e orador. Editou em 1924, juntamente com Jayme Fernandes Vieira, o "Anuário de Itajaí". Foi por largos anos editor do jornal "O Pharol".

Lausimar Laus - (Itajaí 1916 - Rio de Janeiro 1979). Foi professora em Florianópolis e no Rio de Janeiro e depois se iniciou no jornalismo. Licenciada em Letras Clássicas, tinha o doutorado pelas Universidades de Madrid e do Rio de Janeiro. Em 1976, recebeu o prêmio Odorico Mendes da Academia Brasileira de Letras pela melhor tradução do ano.

Marcos KonderMarcos Konder - (Itajaí 1882 - 1962). Industrial, financista, político e intelectual, foi prefeito de Itajaí no período de 1915 a 1930. Revelou-se administrador extraordinário. Como escritor cabe destaque para a sua obra "A Pequena Pátria", crônica histórica sobre Itajaí.

Max Tavares d'Amaral - (Itajaí 1906 - Rio de Janeiro 1972). Bacharel formado pela Faculdade do Largo São Francisco, São Paulo; exerceu a advocacia em ltajaí e Blumenau e foi promotor público em Rio do Sul.

Em 1945, passou a residir no Rio de Janeiro onde foi presidente do Centro Catarinense. Neste mesmo ano foi eleito deputado federal constituinte. Foi também jornalista e escritor, cabendo destaque para a sua obra"Contribuição à História da Colonização Alemã no Vale do Itajaí ".

Marechal Olímpio Falconieri da Cunha - (Itajaí 1891 - Rio de Janeiro 1967) - Filho de Olímpio Aniceto da Cunha que foi vereador e Superintendente substituto de Itajaí, fez seus estudos primários em Itajaí e na Capital do Estado. No Rio de Janeiro, freqüentou a Academia Militar. Participou da Força Expedicionária Brasileira na Campanha da Itália como comandante das forças não divisionárias. Comandou o II Exército e foi Ministro do Supremo Tribunal Militar.

Nicolau MalburgNicolau Malburg - (Schweiuch, Alemanha 1832 - Rio de Janeiro 1890). Mestre-escola na Alemanha, em 1858 fixou residência em Itajaí. Dedicou-se logo ao comércio tendo fundado em 1860 a Cia. Comércio e Indústria Malburg S/A., firma hoje extinta.

Ocupou diversos cargos públicos, tendo sido vereador e presidente da Câmara Municipal em diversas ocasiões. Ao seu trabalho como presidente do legislativo municipal se devem a construção do ex-Hospital Santa Beatriz e a compra da primeira casa para a Câmara de Vereadores. Foi condecorado pelo lmperador Pedro ll com a lmperial Ordem da Rosa no grau de cavaleiro.

Frei Pedro Antônio de Agote - (Espanha - ltajaí - 1834). Religioso franciscano nomeado capelão-curado de ltajaí pela provisão episcopal de 31 de março de 1824 de D. José Caetano da Silva Coutinho, Bispo do Rio de Janeiro. Chegou à Ilha de Santa Catarina em 1814, tendo respondido pelas Capelanias de Garopaba e Armação da Piedade. Foi vigário de ltajaí, o primeiro, de 1823 até o seu falecimento em 1834. lnterinamente respondeu também pelas paróquias de Porto Belo e São Francisco do Sul.

Pedro FerreiraDr. Pedro Ferreira e Silva - (Sant'Ana do Catu-BA - 1861 - Itajaí 1911). Médico estabelecido em ltajaí em 1886. Foi vereador, Presidente da Câmara Municipal, Superintendente Municipal, Deputado Estadual e Federal. Como jornalista, atuou entre outros nos jornais itajaienses "Novidades" e "O Pharol".

Foi o primeiro presidente do "Grêmio Literário 3 de Maio". À sua administração deve o Município a implantação da rede de energia elétrica, o primeiro serviço de abastecimento d'água e outras importantes realizações.

Rachel Liberato Meyer - (Itajaí 1895 - Florianópolis 1959). Filha de tradicional família itajaiense, foi aluna de dona Júlia Miranda de Souza. Quando jovem, participou do corpo cênico da Sociedade Estrela do Oriente. Casada com Ernesto Meyer, tempos depois transferiu sua residência para Capital do Estado. Em 1960, foi publicado por seus filhos o seu livro de crônIcas intitulada "Uma Menina de ltajaí".

Cônego Tomás Adalberto Fontes - (Itajaí 1891 - Blumenau 1961). Ordenado em 1917, foi auxiliar do Cura da Catedral de Florianópolis, jornalista e deputado federal. Fundou e dirigiu por largos anos no Rio de Janeiro a "Revista de Cultura".

Victor KonderVictor Konder - (Itajaí 1886 - Rio de Janeiro - 1941). Bacharel em Direito, jornalista, promotor público, Secretário de Estado. Em 29 de maio de 1926, foi convidado para o cargo de Ministro da Viação e Obras Públicas do governo de Washington Luiz. À sua ação como Ministro se deve a consolidação do Porto de ltajaí. Pertenceu à Academia Catarinense de Letras e foi o fundador da cadeira no. 8.

Fonte: PEQUENA HISTÓRIA DE ITAJAÍ - Prof. Edson d'Ávila

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Marcos Konder

Marcos Konder descreve o Itajahy de 1900

"Pede-me Silveira Júnior alguns aspectos do Itajaí de 1900. Eu havia deixado a Escola Complementar de Blumenau e ensaiava-me na vida comercial para a qual não sentia nenhuma vocação. Mas não quero recusar o pedido e aí estão os fatos conforme pude retê-los na minha lembrança" (Marcos Konder, "Anuário de Itajaí" de 1949, pág. 159).

"Diga-se a verdade, sem querer ofender os brios da nossa terrinha, que o Itajaí daquele tempo não era senão um porto atrasado - o atraso de uma época em que o principal negócio girava em torno da madeira ...

As pilhas começavam no alto da rua Pedro Ferreira, no porto do coronel Antonio Pereira Liberato - conhecido por Tio Antonico - e iam rio abaixo até o trapiche Konder, tendo de permeio os trapiches de João Bauer, Nicolau Malburg Júnior e Guilherme Asseburg.

Essa madeira era toda mandada em consignação para as praças do Rio de Janeiro e Santos. Venda de tabuado a preço fixo não se conhecia ainda. E para tal fim cada firma possuía os seus barcos à vela desde o lugre "Almirante", de Antônio Liberato, do patacho "Tigre", de Reis e Bauer, da barca "Ramona" e outras de Malburg, do iate "Gertrudes" (célebre pelas suas viagens-relâmpago entre Itajaí e Santos) e da escuna "Félix", de Asseburg e do lugre "Vieira", de Konder. O mestre Pedro Júlio, comandante do "Gertrudes", era tido como o melhor navegador da costa.

A velha matriz era muito menor que a de hoje (Marcos Konder se refere à matriz velha), porque somente mais tarde se lhe adicionaram as duas naves laterais. Para os lados da praia existia um largo mal arborizado que escondia um quiosque, arrendado pela Câmara ao velho Maneca Lopes, que ali vendia roscas e doces e especialmente uma laranjinha muito apreciada. "Laranjinha" era uma aguardente misturada com essência de laranja, que os barcos traziam do rio.

Antes da meia-noite Maneca Lopes fechava a sua tasca e ia com a velha companheira rumo à sua casa. O Maneca Lopes nos lembrou um grande atraso no nosso Itajaí como porto de mar: não tínhamos cafés em parte nenhuma. Mas o maior atraso, além da falta dos cafés, era a carencia de luz elétrica; porque iluminação a querosene todos possuíam em candeias de folhas, em lampiões vistosos ou mais ricos.

Para reduzir um pouco a escuridão, a municipalidade mandara fincar uns postes com grandes intervalos junto aos passeios, ou melhor, nos lados das ruas com uma cúpula de folha e vidro para abrigar as lâmpadas de querosene e o problema estava resolvido. A luz do "profeta" assim chamada acendia-se à boca da noite e apagava-se de madrugada.

Outra grande falta daquele tempo era o gelo. Sim. Em Itajaí não havia gelo. Todos os hotéis e pessoas graúdas mandavam construir em suas casas adegas para refrigerar um pouco as suas bebidas, quer a gasosa de bolinha quer a cerveja marca barbante, como era chamada a cerveja de alta fermentação que se fabricava em Itajaí nas cervejarias do Fernando Treder e na de Otto Hosang.

Na rua Lauro Müller, no atual Itajaí Hotel, funcionava o Hotel Brasil. de propriedade do sr. Alexius Reiser. A senhora Reiser era a parteira das damas da melhor sociedade. Na rua Hercílio Luz, ao lado esquerdo de quem sobe, era o Hotel Scheeffer, dirigido por Frau Scheeffer e pelo seu filho mais velho Paulo, pai do sr.Erico Scheeffer. Ali se hospedava o "mundo oficial" e celebravam-se os banquetes da terra. O terceiro hotel era o do Comércio, na rua Felipe Schmidt, onde hoje funciona o Grande Hotel. Era de propriedade do Sr. Gabriel Heil, pai do Sr. Ricardo Heil.

O único vapor de passageiro que passava em Itajaí era um do Lóide, da Linha Laguna - Florianópolis - Itajaí - S. Franctsco - Paranaguá - Santos e Rio. Os cargueiros, embora sem linhas regulares, começaram a aparecer e faziam uma grande concorrência aos navios a vela.

Para nós, uma meia dúzia de moços, que aspiravam a uma vida mais interessante e mais inteligente, o destino ainda não chegara. No entanto, quando menos esperávamos, ele chegou.

Foi quando desembarcou do navio que vinha de Laguna um jovem moreno, carregando uma pequena maleta, que demonstrava poucos haveres e abrigou-se num hotel da cidade. Chamava-se Luís Tibúrcio de Freitas...

Percebeu o moço imediatamente que para ganhar a vida só havia um meio: abrir um colégio. Era uma casa à rua Lauro Müller pertencente ao capitão da Marinha Mercante, sr. Maneca Pereira, sogro do sr. Bonifácio Schmidt. Ali abriu a sua escola: de manhã para as crianças maiores e de noite um curso para adultos. Formamos logo uma turma composta do meu irmão Arno, de Antônio Tavares d'Amaral, de João e José Pinto d'Amaral, de Artur da Silva Valle e do autor desta crônica e outros. Também meus irmãos Adolfo e Vítor freqüentavam esse curso quando estavam em férias.

Tibúrcio era um excelente explicador e um intelectual que cativava à primeira vista. E nós que andávamos à cata de um guia, sem demora fomos ao seu encontro e ele nos recebeu de braços abertos. Revelou-nos com franqueza a sua vida: Nascera e se educara no Ceará, donde viera para o Rio. No Rio conhecera o grande vate catarinense Cruz e Souza, de quem se tornara discípulo dileto.

Assistira à tragédia do poeta, lutando para viver num meio hostil ao negro, apesar da Abolição. Morto Cruz e Souza em 1898, Tibúrcio de Freitas viera para Santa Catarina conhecer a terra do seu grande Mestre. Desembarcou em Florianópolis, mas sentiu que ali não conseguiria meios para ganhar a vida. Por isso, prosseguiu viagem até Laguna, de onde terminou a sua peregrinação vindo para Itajaí.

O seu rosto largo e moreno começou a adquirir as feições vivas de um sonhador triunfante. Sua cabeça grande ornada de uma cabeleira de cabelos pretos e corredios de caboclo. seus olhos escuros de árabe, seu pescoço taurino, seu tórax desenvolvido e largo denunciavam o homem forte do Ceará.

As mulheres que amavam os pelintras da época viam nele um indivíduo exótico e estranho; talvez fizessem galhofa secretamente daquele colarinho duro e alto à Santos Dumont, da sua gravata ampla de borboleta; do seu paletó de alpaca preto e suas calças listradas, do seu modo de andar balançando na mão uma bengalinha de junco. Os homens o tachavam de um professor esquisito e meio maluco. Somente os seus discípulos o entendiam e amavam.

Com Tibúrcio de Freitas, os Pachecos, os Conselheiros Acácios, os Padres Amaros, os Primos Basílios... Mas a lição não ficou apenas em Eça. Com ele conhecemos Ramalho Ortigão, Oliveira Martins, Guerra Junqueiro, Antero de Quental. Com ele conhecemos Maria Amália Vaz de Carvalho, Gonçalves Crespo, Antonio Cândido e Antonio Nobre. Com ele nos familiarizamos com a sátira de Fialho de Almeida, lemos Camões, Herculano, Castelo Branco, Teófilo Braga e João Barreira, este último um dos ídolos de Tibúrcio.

Mas Tibúrcio era também u mestre na literatura francesa e nos conduziu a Vitor Hugo, a Balzac, a Saint Beuve, a Maupassant, a Zola, a Daudet, a Dumas, a Stendhal e a Pierre Loti. Com ele nos abeberamos da literatura inglesa, russa, alemã, espanhola, americana, sem falar na brasileira com Machado de Assis, Castro Alves, Luís Delfino e Cruz e Souza. Tibúrcio foi o nosso amado mestre. Tibúrcio trouxe um pouco de cultura aos jovens itajaienses do seu tempo!

Mas não se pense que a nossa vivência com Tibúrcio fosse apenas em torno de livros e literatura. Nas noites de luar, Tibúrcio nos convidava para um passeio para os lados da Fazenda, onde recitava Cruz e Souza; mas Álvaro Rodrigues da Costa - o Álvaro Cigarreiro - tocava um instrumento hoje pouco conhecido: o machete.

Outras vezes íamos comer uma bacalhoada na venda do Domingos Marquesi, que armara a sua tasca numa casinha perto do atual prédio Malburg, na rua Pedro Ferreira. Ali na tasca do Domingos, quando a cerveja lourejava no copo grosseiro, Tibúrcio recitava Castro Alves: "Escravo, enche essa taça/quero espancar a nuvem da desgraça/que além dos ares lentamente passa".

Como era natural, todos tínhamos os nossos namoros, menos Tibúrcio. Ele quis casar com duas itajaienses: a uma delas dedicou uma trova em versos, mas ambas o recusaram. Confirma-se assim o fato de que a não ser o grande Goethe, nenhum artista do pensamento e valor conseguiu ser amado pelas mulheres.

Com os anos o grupo foi se desfazendo, mas nós continuamos ligados, embora não tão intimamente, a Tibúrcio de Freitas, cujos triunfos nós acompanhávamos com viva satisfação: a abertura de um grande colégio e depois a fundação de um jornal semanal moderno - "O Novidades" - que teve fama em todo o Estado e fora dele. E nós não desfalecemos na veneração ao grande Mestre e amigo, pois não podíamos esquecer que Tibúrcio de Freitas fora o nosso inesquecível. guia espiritual".

Marcos Konder - (Itajaí 1882 - 1962) Industrial, financista, político e intelectual, foi prefeito de Itajaí no período de 1915 a 1930. Revelou-se administrador extraordinário. Como escritor cabe destaque para a sua obra "A PEQUENA PÁTRIA", crônica histórica sobre Itajaí.

Fontes: ITAJAÍ, de Norberto Cândido da Silveira Jr. e Pequena História de Itajaí, do Prof. Edson d'Ávila. Foto: Marcos Konder - Arquivo Fundação Genésio Miranda Lins.

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Vasconcellos Drummond

Havia muitos anos que as autoridades coloniais portuguesas vinham sendo alertadas de diversas maneiras sobre a necessidade e utilidade de se promover a colonização do Vale do Itajaí. Todos lembravam a beleza da paisagem e a fertilidade e riqueza das terras.

Assim, quando o jovem diplomata Antônio Menezes de Vasconcellos Drummond manifestou ao amigo e Ministro de Dom João VI, Tomás Antônio de Villanova Portugal, o desejo de estabelecer uma colônia naquelas terras, o ministro pensou unir o útil ao agradável.

Isto porque Drummond, filho de tradicional família do Rio de Janeiro, estava sendo acusado de pertencer a uma das sociedades secretas que planejava uma forma de tornar o Brasil independente de Portugal. Contador da Chancelaria-mor e gozando da confiança do Ministro, o jovem funcionário foi aconselhado a mudar de ares em seis meses de licença. E decidiu visitar a Capitania da Ilha de Santa Catarina, então governada por João Vieira Tovar e Albuquerque.

Cá chegando, Drummond logo se inteirou dos negócios do governo e soube das terras ainda sem benfeitorias e apropriadas para o início de uma colonização. Retornou ao Rio de Janeiro e obteve, em 5 de fevereiro de 1820, a autorização para estabelecer uma colônia em duas sesmarias, propriedades do Rei, que ficavam às margens do rio Itajaí-mirin na atual localidade de Itaipava; e a designação de encarregado dos Reais Cortes de Madeiras na região, por cujo serviço fazia jus aos vencimentos de 3 mil cruzados anuais.

De volta à Ilha de Santa Catarina, tratou de seguir para o Itajaí e dar início à colônia que se chamaria "São Tomás da Villanova". Com alguns ex-soldados e trabalhadores da região, Drummond começou a derrubada para limpar o terreno e construir o alojamento dos colonos, montar uma serraria manual e fazer plantações. Estavam os trabalhos neste pé, quando a 26 de fevereiro de 1821, o jovem colonizador de 26 anos recebia ordens para retornar ao Rio de Janeiro, pois que o Rei dera por acabada a sua missão. Assim, frustrou-se a colônia que Drummond intentara estabelecer em nossas terras, ficando apenas a lembrança histórica desse seu projeto inacabado...

razões de um engano

Em 1920, era prefeito de Itajaí um homem estudioso da nossa história, bom jornalista, que os anos haveriam de transformá-lo num patrimônio moral desta cidade, dada a sua retidão de caráter, a sua seriedade com os negócios públicos e o seu acentrado amor à verdade. Esse homem era Marcos Konder, que dirigiu, com grande proficiência, os destinos deste município de 1915 a 1930. E o povo o tinha em tal conta que não pôs nenhuma dúvida quando o grande prefeito, de pesquisa em pesquisa, acreditou haver encontrado o fundador de Itajaí, até então ignorado.

Que induziu Marcos Konder a esse engano, ainda hoje apoiado por muitos? Um documento que enganaria a qualquer outro curioso, sem a malícia do historiador, acostumado aos demorados confrontos, às pesquisas comparadas.

No ano de 1920, ou um pouco antes, Marcos Konder tomou conhecimento das "Anotações" feitas por Antônio Meneses de Vasconcellos Drummond em sua biografia publicada em Paris em 1836 na "Biographie Universel le et Portative des Contemporains". Nessas "Anotações", Drummond afirma que nos anos de 1820 e 1821, atendendo a determinação do ministro Vilanova Portugal, esteve "na margem do Itajaí", onde iniciou um estabelecimento agrícola, fez uma sumaca, despachou-a para a corte com madeira, etc.

Para quem não tinha um fundador, a oportunidade era excelente, ainda mais que Drummond fora um homem ilustre, pertencera à Diplomacia, fora um grande batalhador pela Independência do Brasil e dirigira um jornal em Pernambuco.

drummond - talento precoce

No seu excelente trabalho "Documentos para a História de Itajaí", onde defende a tese que Drummond pode e deve ser considerado fundador desta cidade, o Sr. Gil Miranda acrescenta dados pouco conhecidos da biografia de Drummond, extraídos da já citada "Biographie Universelle": Nasceu no Rio de Janeiro em 21 de maio de 1794. Aos 15 anos terminara os seus estudos literários e conhecia a fundo a doutrina do célebre Smith, o mestre da Economia Política. Conhecia Kant e outros filósofos e falava quatro línguas vivas" . . . "Em 1810, portanto aos 16 anos, D. João VI conferia-lhe o hábito de Cristo" . . . "Quando o primeiro grito de liberdade se fez ouvir na Província de Pernambuco, ele foi denunciado ao rei D. João VI como pertencente a um dos clubes de onde partira a centelha revolucionária" . . . "Entretanto o governo entendeu de afastá-lo da capital e uma espécie de licença acompanhada de cartas especiais de recomendação fê-lo partir para a Ilha de Santa Catarina. Ficou sete meses sob as vistas do governador da Província" . . . "de regresso à Capital, ele apresentou ao ministro Vilanova Portugal os seus vastos planos de melhoramentos e foi imediatamente despachado para pô-los em execução".

Drummond achou que a biografia, que a publicação francesa fizera dele, havia sido por demais generosa e ele mesmo, nas "Anotações n.° 7", fazia estas retificações: "Há aqui muita exageração. Alguns trabalhos se fizeram no rio Itajaí, mas não houve tempo nem meios para os levar a cabo. Todavia ali se construiu uma sumaca denominada São Domingos Lourenço, que foi a primeira embarcação daquele lote que passou a barra do rio Itajaí, carregada de feijão, milho e tabuado para o Rio de Janeiro. Do Itajaí, mandei a madeira para a obra do museu do Campo de Sant'Ana e mandei de presente, porque era cortada e serrada à minha custa".

E prossegue a "Biographie Universelle", conforme carta de Gil Miranda, de 26 de abril de 1971, ao autor destas notas: "Ele embarcou, portanto, de novo para Santa Catarina, venceu todos os obstáculos que se lhe apareceram num país ainda selvagem, concebeu e executou a navegação do grande rio Itajaí, estabeleceu povoados sobre as duas margens, atravessou imensas florestas virgens, abriu caminhos. aproximando assim as grandes distâncias e conseguiu, enfim, animar, pela sua infatigável presença, uma região que parecia ainda no caos primitivo". Esse é um resumo da biografia de Vasconcelos Drummond, publicada em Paris em 1836.

qualquer um se enganaria

Foi com base nesses dados que Marcos Konder, na sua "A Pequena Pátria", atribuiu a Drummond a fundação de Itajaí, estabelecendo que isso ocorrera em 1820 e no mês de outubro. Foi partindo dessas premissas, que, no ano de 1920, foi erguido um cruzeiro no Morro da Cruz e celebrado o primeiro centenário de fundação da cidade. Diz textualmente Marcos Konder no "Anuário de Itajaí para 1949": "Demonstramos pelo próprio testemunho escrito de Drummond nas "Anotações" feitas à sua biografia publicada em 1836 na "Biographie Universelle et Portative des Contemporains", que devemos admitir Drummond como o verdadeiro fundador de ltajaí e aceitar o ano de 1820 como a data mais provavelmente exata da fundação". Parece irretocável o raciocínio de Marcos Konder, se documentos conhecidos posteriormente não houvessem estabelecido os verdadeiros limites do papel de Drummond em terras de Itajaí.

"ser ou não ser: eis a questão"

Desde a divulgação da tese de Marcos Konder até o aparecimento de novos documentos, uma geração aprendeu pela cartilha de "A Pequena Pátria" que Itajaí fora fundada por Drummond, que Drummond fora um homem muito importante, que se revelara um patriota, lutando pela independência do Brasil.

A essa auréola de cultura e patriotismo se juntara a belíssima foto que Marcos Konder trouxera para o salão nobre da Prefeitura Municipal, onde Drummond aparece ornado de longas barbas patriarcais, como que completando o quadro visual que faltava à descrição espiritual do nosso fundador putativo.

E, se perguntavam à jovem professora quem fundara Itajaí, a resposta vinha ligeira: "Vasconcelos Drummond". Se o menino precisava de um histórico da cidade, abeberava-se na descrição de "A Pequena Pátria" e no seu caderninho apareciam o fundador Drummond e a sua sumaca "São Domingos Lourenço", cheia de madeira para a construção do Campo de Sant'Ana, do Rio.

Hoje há nesta cidade várias gerações, desde os homens que eram crianças em 1920 até os mais novos todos eles lutando por conservar a figura de Drummond como nosso fundador, mesmo depois que um iconoclasta entreabre a cortina do palco da nossa modesta história, apresenta um velho alfarrábio e o atira a uma platéia incrédula e que não deseja se desfazer do seu ídolo.

- " Drummond não é o fundador de Itajaí . . . A prova está neste documento!".

Há o silêncio indiferente de uns e a irritação de outros. Quase ninguém aceita a história nova. A muitos parece que essa reviravolta não passa de maldade de alguns historiadores e argumentam até com certo bom senso: "Seja ou não seja o fundador, por que tirar Drummond do seu pedestal, porque apontá-lo aos porvindouros como um fundador de segunda classe, que fez uma coivara lá para os lados de Itaipava, ao invés de mantê-lo como o verdadeiro e único fundador de Itajaí?".

Afinal que documentos são esses que estão tirando Drummond das páginas ainda novinhas da nossa História? É o que pretendemos mostrar nas Notas que se seguem.

as sesmarias de el-rei

O ministro Tomás Antônio de Vilanova Portugal despachou Drummond para Santa Catarina com um ofício dirigido ao governador da Província João Vieira Tovar e Albuquerque, que dizia o seguinte: "EL-REI NOSSO SENHOR É SERVIDO QUE VMCÊ VÁ SE APRESENTAR A JOÃO VIEIRA TOVAR DE ALBUQUERQUE, GOVERNADOR DA CAPITANIA DA ILHA DE SANTA CATARINA, PARA TOMAR POSSE DE UMAS TERRAS PARA O MESMO SENHOR, JUNTO AO RI0 "TAJAÍ-MIRIM", A FIM DE NELAS FORMAR UM ESTABELECIMENTO, SEGUNDO A DIREÇÃO QUE LHE HÁ DE DAR O MESMO GOVERNADOR, NA FORMA DAS INSTRUÇÕES QUE SERÃO A ESTE DADAS POR ESTA SECRETARIA DE ESTADO DOS NEGÓCIOS DO REINO. O QUE PARTICIPO A VOCÊ. PAÇO, EM 5 DE FEVEREIRO DE 1820. (a) TOMÁS ANTÔNIO VILANOVA PORTUGAL. - SENHOR ANTÔNIO DE MENESES VASCONCELOS DRUMMOND".

Então já aqui surge a primeira dúvida: se as terras a serem apossadas e colonizadas eram na hoje cidade de Itajaí, por que o Ministro Vilanova Portugal haveria de mencioná-las como sendo no Tajaí-Mirim, quando esta cidade se assenta à margem do Açu? Teria sido um engano cometido na Corte distante, confundindo os rios? Poderia ter sido, mas logo se desvanece esta dúvida, quando o próprio Drummond em carta de 19 de março de 1820 respondia ao ministro Vilanova Portugal dizendo "que estava à espera das disposições do governador para a medição e posse das terras do TAJAÍ-MIRIM, que me diz será logo que o tempo permitir".

Há, portanto, entre muitos outros documentos que seria ocioso transcrever, uma ordem expressa do Ministro de D. João VI para que Drummond se apossasse de terras públicas no ITAJAÍ-MIRIM, e a resposta de Drummond dizendo que estava aguardando que o governador Tovar e Albuquerque mandasse medir essas terras do ITAJAÍ-MIRIM para nelas praticar algum ato de colonização.

surge o mapa da mina

A nosso ver, seria desnecessário insistir em que essas terras que Drummond desmatou eram no Itajaí-Mirim e portanto não se referem àquelas em que se assenta o Itajaí de hoje ou o de 1820. Mas um homem estudioso da nossa história estava curioso para saber onde ficavam essas terras. E de procura em procura, encontra o ''mapa da mina", não na Torre do Tombo, ou mesmo no Arquivo Nacional, e, sim, no nosso prosaico Departamento de Terras, em Florianópolis. E quem achou esse mapa foi o nosso tão conhecido e respeitado historiador Oswaldo Cabral, ao recolher elementos para a sua monumen tal "História de Brusque". Por sua vez, o Professor José Ferreira da Silva extraiu fotocópia do citado documento, e guardou-a na Biblioteca " Fritz Müller", de Blumenau.

Insistimos em que mesmo aqueles que, recusando a evidência, não aceitarem essas terras como aquelas que Drummond ocupou, ainda assim não poderão deixar de afastar a hipótese de que o emissário de Vilanova Portugal tenha praticado o seu trabalho de colonização na hoje cidade de Itajaí. Drummond estabeleceu alguma forma de colonização às margens do Itajaí-Mirim. E diz ele, na sua biografia que "estabeleceu povoados sobre as duas margens do rio". Evidente que não eram as margens onde hoje assentam Itajaí e Navegantes, porque estas terras já tinham dono muito antes de Drummond ser mandado para Santa Catarina.

drummond merece o nosso respeito mas não fundou itajaí

Quem se der ao cuidado de observar o mapa acima verá que o indigitado Drummond, para se apossar das terras que el-rei possuía nestas bandas, teria mesmo que estabelecer povoados "nas duas margens do rio", uma vez que as sesmarias da Coroa ficavam: uma à margem direita e outra à margem esquerda do ITAJAÍ-MIRIM. Resta agora a pergunta:

- Deve a cidade, mesmo assim, considerar Drummond como seu fundador, mesmo que se saiba que ele nada fez no lugar onde existe Itajaí? Pela mesma razão não se poderia, então, recuar no tempo e considerar como fundador de Itajaí a Joaquim Pedro Quintela, fundador de armação das baleias de Itapocorói, ou mesmo, com maior justiça, a João Dias de Arzão, que efetivamente aqui fez obra de colonização muito antes de Drummond?

Aliás, Drummond, que esteve em Santa Catarina sete meses da primeira vez e pouco mais de um ano da segunda, não deixou infelizmente marca da sua passagem por estas paragens. Sendo homem de cultura, bom jornalista, é lamentável que não tivesse tido o cuidado sequer de caracterizar a sua obra, o que fez e onde fez. São muito vagas as suas referencias ao assunto.

Drummond fez as suas "Anotações" em 1836, quando Itajaí já era uma vila florescente para os padrões de "florescência" da época. . . E - homem honrado - não fez qualquer menção à sua condição de fundador ou co-fundador do povoado. Morreu em 1865, quando Itajaí já era cidade há cinco anos. Pois estranhamente esse homem nunca se correspondeu, ao que se saiba, com ninguém daqui, nunca colaborou para estabelecer a história da cidade, não se tem notícia que houvesse deixado nada além das duas "Anotações" feitas quase 30 anos antes da sua morte.

Por outro lado, nada ficou na tradição popular sobre Drummond, nunca se ouviu falar que algum morador mais velho o tivesse em conta de fundador do povoado, não ficou uma ata, uma carta, uma placa, um relatório, uma inscrição que dissesse que Drummond esteve aqui ou em Itaipava, que praticou alguma obra de posse ou de povoamento.

Se não fossem as "Anotações" à sua biografia, de Drummond se poderia dizer como o poeta que "não deixou nas trevas do passado nem um ninho sequer no qual seu nome lesse". Note-se mais que esse estranho fundador não diligenciou a construção de uma escola, nem mencionou a sua falta em documento que se conheça; pode-se admitir que não fosse homem religioso (posto que aos 16 anos já havia recebido das mãos do Imperador D. João VI o hábito de Cristo), e, portanto, não sentisse a falta de uma igreja ou capela, mas sendo um intelectual não se justifica que, havendo feito obra de colonização, esquecesse de fazer ou pedir que fizessem uma simples escolinha de primeiras letras.

Não há registro na história dos povoamentos e das colonizações de um fundador ou pioneiro tão extraordinariamente modesto que se desligasse completamente da sua obra, como teria sido o caso de Drummond; que tivesse deixado o povoado que houvesse fundado entregue à sua própria sorte, sem lhe acrescentar um toque pessoal por mais mínimo que fosse na elaboração da sua história; sem deixar tradição verbal nenhuma da sua façanha; que tivesse visto esse povoado ir de capela a paróquia, de paróquia a vila e de vila a cidade, último estágio demográfico das comunidades.

Sem ter compartilhado da alegria desses eventos, quer por carta às autoridades que aqui moravam, quer pela imprensa que ele freqüentava com brilho e assiduidade. Não se sabe de Drummond que tenha dado ordens a um mateiro, que tenha feito uma ata ou fincado um marco. E nos 45 anos que vão da sua chegada a Santa Catarina à sua morte em 1865 não ocorreu a esse homem estabelecer o menor contacto com o modesto povoado que de boa fé se supunha que ele houvesse fundado. Culpa de Drummond?

- Não. Porque Drummond sempre teve a nobreza de espírito de não enfatizar a pequena obra de colonização que realizou às margens do Itajaí-Mirim. Ele nunca se intitulou fundador de coisa nenhuma. E até corrigiu excessos que notou em sua biografia sobre as obras que teria feito em Santa Catarina.

fundador nem sempre é o primeiro

Em outro documento que publicamos mais adiante observa-se que já em 1796, portanto 24 anos antes de Drummond aqui aportar, as terras das margens do Itajaí-Açú eram titulares a particulares. Não advogamos absolutamente a teoria de que ninguém possa fundar uma cidade onde já existam moradores. Geralmente, o fundador não é o pioneiro absoluto. Não o foi Hermann Blumenau, nem Dias Velho, nem Alves de Brito. Pela mesma razão poderia não o ter sido Drummond.

Mas para que ele fosse considerado fundador de Itajaí era necessário que o próprio Drummond tivesse feito uma obra de colonização onde hoje é Itajaí e não vinte quilômetros para lá ou para cá; e não em Camboriú ou Ilhota; e não em Penha ou em Brilhante. Faltaram-lhe o ato e o "animus ". E quanto a isso, não se pode argumentar contra a evidência dos fatos: se Drummond fez algum roçado, se derrubou madeira, se construiu sumaca, se exportou madeira e feijão, se povoou as duas margens de um rio, tudo isso foi feito às margens do Itajaí-Mirim e nunca, jamais, mas do Itajaí-Açu.

É claro que não devemos, 150 anos depois, retificar o próprio Drummond, dizendo que ele estava enganado quando afirmara que iria se apossar de terras no Itajaí-Mirim; não devemos alterar os planos de Vilanova Portugal que era mandar o seu emissário para tomar conta de umas terras de el-rei no ITAJAÍ-MIRIM. Essas terras começavam pouco além da atual BR-101 e terminavam 13 a 14 quilômetros para o lado de Brusque, margeando o Itajaí-Mirim pelos dois lados.

itaipava, 1810

E ainda assim se pode afirmar, com absoluta certeza, que nem essas terras eram inteiramente devolutas quando Drummond delas se apossou. Temos depoimentos insuspeitos segundo os quais pelo menos já em 1810 moravam famílias às margens do Itajaí-Mirim, nas imediações da atual Itaipava. Mas a verdade é que para o povoamento dessa região do Itajaí-Mirim, houve um propósito específico, um "animus" de colonizá-la - deram-se ordens expressas a Drummond para que se apossasse delas, em nome da Coroa "á fim de nelas formar um estabelecimento" (Aviso real de 5-2-1820).

O simples empenho da Coroa em se apossar de terras tão mal situadas, indica claramente que aquelas que margeavam a foz do Itajaí, vale dizer, aquelas onde hoje se situam Itajaí e Navegantes, já tinham donos, já estavam ocupadas.

Tributemos a Antônio Meneses de Vasconcelos Drummond as homenagens que a sua cultura merece, as honras de ter sido um dos pioneiros desta região, mas tenhamos o bom senso de recusá-lo como nosso fundador. Se alguém deve merecer essa honra, então que seja Alves Ramos. Aliás, é incontestável que em 1820 toda essa região era intensamente povoada dentro da relatividade populacional da época.

Fontes: Pequena História de Itajaí - Prof. Edson d'Ávila; ITAJAÍ - Norberto Cândido da Silveira Júnior.

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