quinta-feira, 24 de novembro de 2011

História do vidro

O vidro é uma das descobertas mais surpreendentes do homem, e sua história é cheia de mistérios. Embora os historiadores não disponham de dados precisos sobre a sua origem, foram descobertos objetos nas necrópoles egípcias; por isso, imagina-se que o vidro já era conhecido há pelo menos 4.000 anos antes da Era Cristã.
  
Diz a lenda que os fenícios seriam os "donos" da invenção. Segundo um historiador romano, esse povo foi o primeiro a observar e a reproduzir o que, mais tarde, transformar-se-ia em vidro. Isso teria ocorrido há mais de dois mil anos antes de Cristo. O fenômeno se deu com o aquecimento e fusão da sílica pela ação de um raio, formando uma placa fina e translúcida de vidro. Porém, os faraós egípcios já levavam o vidro às suas tumbas em formas de utensílios, adornos e objetos cerimoniais há mais tempo que os fenícios.

O certo, é que ainda no início da Era Cristã, os sírios inventaram a técnica do vidro soprado, revolucionando a atividade vidreira, especialmente o vidro oco, como garrafas e frascos. Coube, porém aos romanos, difundir essa técnica por todo o mediterrâneo, Europa ocidental e Ocidente Próximo. Durante o Império Romano, houve grande desenvolvimento dessa atividade, com o apogeu no Século XIII, em Veneza.

Após incêndios provocados pelos fornos de vidro da época, a indústria de vidros foi transferida para Murano, ilha próxima de Veneza. As vidrarias Murano produziram vidros em diversas cores, um marco na história do vidro, e a fama de seus cristais e espelhos perduram até hoje.

No ano 1200, outro importante acontecimento na tecnologia do vidro, a invenção do processo de fabricação do vidro plano por sopro de cilindros. Na Idade Média, sob influências helenísticas e árabes o vidro alcançou a qualidade e criatividade em cores.

Surgiu o cristal escoado que, durante três séculos, foi sucessivamente aperfeiçoado. A França já fabricava o vidro desde a época dos romanos. Porém, só no final do Século XVIII, foi que a indústria prosperou e alcançou um grau de perfeição notável. Iniciava o sistema de produção de grandes placas de vidro escoado sobre mesas e polido na superfície.

Em meados deste século o rei francês Luiz XIV reuniu alguns mestres vidreiros e montou a Companhia de Saint-Gobain , uma das mais antigas empresas do mundo, hoje uma companhia privada. A grande indústria moderna do vidro surgiu com a revolução industrial e a mecanização dos processos. Nos anos 50, na Inglaterra, a Pilkington inventou o processo de produção do vidro float, conhecido também como cristal, que revolucionou a tecnologia dessa próspera indústria.

O vidro no Brasil

No Brasil colonial, durante muito tempo o vidro mais refletiu, do que interveio na paisagem brasileira. Na vida modesta da sociedade da colônia de construções rústicas, o vidro limitou-se apenas a alguns utensílios domésticos, como frascos e copos que, de tão raros, entravam nos inventários familiares.

Numa época em que as casas rústicas limitavam suas fachadas apenas a uma porta e uma janela de madeira, era comum encontrar as conhecidas rótulas e muxaribês de origem mourisca, um privilégio das famílias abastadas, de senhores de terras, comerciantes ricos, e autoridades civis ou religiosas.

As janelas com vidraças, só aparecem nos séculos XVII e XVIII, quase que exclusivamente em construções “nobres”, igrejas e palácios, nas mais prósperas cidades e mais importantes ligadas à estrutura, política e econômica da colônia.

Em 1811, por ordem do Regente D. João, todos os moradores foram obrigados a retirarem de suas casas e sobrados as rótulas das paredes e sacadas e as substituírem por janelas envidraçadas. A Corte Portuguesa chegara, era preciso alegrar a cidade.

As “folhas de vidro de abrir”, como eram assim conhecidas, foram introduzidas lentamente, na paisagem brasileira, uma vez que o vidro era raro, escasso e caro; e trazê-lo de Portugal ao interior da colônia sem quebrar, era uma missão bastante arriscada. Na virada para o século XX, a República apressou o passo em busca da modernidade, o país passa por grandes mudanças arquitetônicas e o vidro toma espaços, melhorando as estruturas de saúde, educação, trabalho e lazer.

O vidro e suas técnicas

Fazer vidro oco (soprado) já não era lá muito fácil, imagine como devia ser a produção do vidro plano. No final do século 17, um método revolucionou a fabricação.

A massa do vidro era derretida manualmente com rolos, como se fosse macarrão. Essa técnica era do vidro estirado.

Para melhorar a vida dos vidreiros, no início do século 20, o belga, Émile Fourcault, inventou o que foi uma mão na roda - o processo mecânico de estirar a massa do vidro. Isso era feito por meio de pinças que suspendiam a massa por uma estrutura vertical de quase 20 metros para ser cortada. Contudo, as dificuldades técnicas e os defeitos no vidro continuaram a existir.

Os avanços, devagar, iam chegando. Para facilitar a saída da massa vítrea durante a elevação da chapa contínua, os americanos introduziram uns ajustes na passagem do forno para a estrutura vertical, no método conhecido como Pittsburgh. A qualidade óptica do vidro melhorou muito a partir daí.

Mas o grande destaque na produção do vidro estirado foi o emprego do método Libbey-Owens, adotado pelos grandes fabricantes mundiais nas décadas de 1930 e 1940.

O processo aposentava o sistema vertical - a chapa passou a deslizar por uma estrutura horizontal, facilitando o manejo e a precisão do corte.

Fonte: www.entretons.com,br

Prova falsa

Quem teve a idéia foi o padrinho da caçula — ele me conta.

Trouxe o cachorro de presente e logo a família inteira se apaixonou pelo bicho. Ele até que não é contra isso de se ter um animalzinho em casa, desde que seja obediente e com um mínimo de educação.

— Mas o cachorro era um chato — desabafou.

Desses cachorrinhos de caça, cheio de nhém-nhém-nhém, que comem comidinha especial, precisam de muitos cuidados, enfim, um chato de galocha. E, como se isto não bastasse, implicava com o dono da casa.

— Vivia de rabo abanando para todo mundo, mas, quando eu entrava em casa, vinha logo com aquele latido fininho e antipático de cachorro de francesa.

Ainda por cima era puxa-saco. Lembrava certos políticos da oposição, que espinafram o ministro, mas quando estão com o ministro, ficam mais por baixo que tapete de porão. Quando cruzavam num corredor ou qualquer outra dependência da casa, o desgraçado rosnava ameaçador, mas quando a patroa estava perto, abanava o rabinho, fingindo-se seu amigo.

— Quando eu reclamava, dizendo que o cachorro era um cínico, minha mulher brigava comigo, dizendo que nunca houve cachorro fingido e eu é que implicava com o "pobrezinho".

Num rápido balanço poderia assinalar: o cachorro comeu oito meias suas, roeu a manga de um paletó de casemira inglesa, rasgara diversos livros, não podia ver um pé de sapato que arrastava para locais incríveis. A vida lá em sua casa estava se tornando insuportável. Estava vendo a hora em que se desquitava por causa daquele bicho cretino. Tentou mandá-lo embora umas vinte vezes e era uma choradeira das crianças e uma espinafração da mulher.

— Você é um desalmado — disse ela, uma vez.

Venceu a guerra fria com o cachorro graças à má educação do adversário. O cãozinho começou a fazer pipi onde não devia. Várias vezes exemplado, prosseguiu no feio vício. Fez diversas vezes no tapete da sala. Fez duas na boneca da filha maior. Quatro ou cinco vezes fez nos brinquedos da caçula. E tudo culminou com o pipi que fez em cima do vestido novo de sua mulher.

— Aí mandaram o cachorro embora? — perguntei.

— Mandaram. Mas eu fiz questão de dá-lo de presente a um amigo que adora cachorros. Ele está levando um vidão em sua nova residência.

— Ué... mas você não o detestava? Como é que ainda arranjou essa sopa pra ele?

— Problema de consciência — explicou: — O pipi não era dele.

E Suspirou cheio de remorso.
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Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).
Fonte: O MELHOR DE STANISLAW - Crônicas Escolhidas - Seleção e organização de Valdemar Cavalcanti - Ilustrações de JAGUAR - 2.a edição - Rio - 1979 - Livraria José Olympio Editora

Carole Landis

Carole Landis (Frances Lillian Mary Ridste), atriz americana, nasceu em 01/01/1919 em Fairchild, Wisconsin, e faleceu em 05/07/1948, em Pacific Palisades, Los Angeles, California. Filha de pai norueguês, Alfred Ridste, e mãe polonesa, Clara Stentek Ridste, estreou em espetáculos ainda na fase escolar.

Depois de deixar a escola, em 1934, casou-se com Irving Wheeler. Devido à idade, pois tinha 15 anos, o casamento foi revogado, e os dois se casaram em agosto do mesmo ano. Durante o casamento, ela abandonou as pretensões em ser atriz, e foi vendedora de chapéus, garçonete. Até que, ao mudar-se para San Francisco, começou a cantar em casas noturnas, adotando o nome de Carole Lombard.

Ela se mudou para Hollywood para tentar carreira no cinema, e em 1937, fez sua estréia com um pequeno papel no filme "Nasce Uma Estrela" (A Star Is Born), que foi seguido por outros também sem muita importância em comédias e filmes de faroeste da série B. 

Em 1940, Carole foi contratada pelo produtor e diretor Hal Roach, que lhe deu um papel principal no filme "Um Milhão de Anos antes de Cristo" (One Million BC). O filme, ambientado nos tempos pré-históricos, teve um sucesso sensacional, e também lançou seu parceiro, o ator Victor Mature. Da noite para o dia, ela se tornou uma estrela, admirada por sua beleza marcante e seu glamour natural.

Assinou contrato com a 20th Century Fox e começou uma relação com Darryl F. Zanuck. Interpretou papéis de antagonista de Betty Grable em "Moon Over Miami" and "I Wake Up Screaming", ambos em 1941. Quando Carole terminou seu relacionamento com Zanuck, sua carreira sofreu e ela começou a aparecer novamente em filmes B.

Em 1942 realizou uma longa turnê na Inglaterra e na África do Norte, participando com outras celebridades, incluindo atrizes Kay Francis e Martha Raye, entretendo as tropas americanas comprometidas no front durante a Segunda Guerra Mundial.

Em 1944, ela continuou a contribuir para o esforço de guerra dos Estados Unidos se deslocando para o front no Pacífico Sul, uma turnê com o comediante Jack Benny, e continuou suas performances num ritmo incansável, inclusive adoecendo e quase morrendo de malária.

Seu compromisso e sua simpatia, combinado com a beleza fotogênica, a consagrou entre as pinups mais populares entre os soldados americanos na época. A atriz descreveu sobre essas experiências no front, em vários artigos de jornais e no livro "Four Jills", que foi publicado em 1944.

Após a guerra ele retornou ao cinema. Em 1946 ela obteve o papel principal na comédia "Scandal in Paris" (1946), por Douglas Sirk, onde ela representa como Loretta De Richet, uma dançarina e esposa de um policial.

O declínio de sua carreira começou a minar a fragilidade da atriz, que já sofrera uma série de casamentos fracassados e da dificuldade em obter papéis principais nos filmes. Em 1948 teve um romance com o ator Rex Harrison, na época casado com a atriz Lilli Palmer. Foi um relacionamento conturbado, em que foi perseguida implacavelmente pela imprensa, o que a levou à autodestruição. 

Após a recusa de Harrison de se divorciar de sua esposa, Carole cometeu suicídio tomando secanol, e deixando uma carta emocionante para sua mãe. Era 5 de julho de 1948 e ela tinha apenas 29 anos.

Filmografia

Brass Monkey (1948)
Noose (1948)
Out of the Blue (1947)
It Shouldn't Happen to a Dog (1946)
Scandal in Paris (1946)
Behind Green Lights (1946)
Having Wonderful Crime (1945)
Secret Command (1944)
Four Jills in a Jeep - Quatro moças num jeep (1944)
Wintertime (1943)
The Powers Girl (1943)
Manila Calling (1942)
Orchestra Wives (1942)
It Happened in Flatbush (1942)
My Gal Sal - Minha namorada favorita (1942)
A Gentleman at Heart (1942)
Cadet Girl (1941)
I Wake Up Screaming (1941)
Dance Hall (1941)
Moon Over Miami (1941)
Topper Returns - A volta do fantasma (1941)
Road Show (1941)
Mystery Sea Raider (1940)
Turnabout - A Dança das Sexos (1940)
One Million B.C. - Um Milhão de Anos antes de Cristo (1940)
Reno (1939) 
Cowboys from Texas (1939)
Daredevils of the Red Circle (1939)
Three Texas Steers (1939)
Boy Meets Girl (1938) 
Four's a Crowd - Amando sem saber (1938)
Penrod's Double Trouble (1938) 
When Were You Born (1938) 
Men Are Such Fools (1938) 
Gold Diggers in Paris (1938)
Women Are Like That (1938) 
Over the Wall (1938) 
Love, Honor and Behave (1938) 
A Slight Case of Murder (1938)
Blondes at Work (1938)
The Invisible Menace (1938)
Hollywood Hotel (1937)
The Adventurous Blonde (1937) 
Over the Goal (1937) 
Alcatraz Island (1937) 
Varsity Show (1937) 
Broadway Melody - Melodias da Broadway (1937)
The Emperor's Candlesticks - Os Candelabros do Imperador (1937)
Fly Away Baby (1937) 
A Day at the Races (1937) 
A Star Is Born - Nasce Uma estrela (1937) 
The King and the Chorus Girl (1937)

Fonte: Cinema Clássico; Wikipedia.

O barulho do mar nas conchas

Qual criança nunca ouviu dos pais ou dos avós que dá para escutar o barulho do mar ouvindo uma concha? Na praia ou mesmo em casa, longe do litoral, ao encostar uma concha na orelha pode-se captar um ruído abafado e distante, parecido com o das ondas ou, às vezes, como uma televisão fora de sintonia.

Depois de um tempo, alguém conta que aquilo não é verdade e o som do oceano na concha entra para a estante dos mitos junto com o Papai Noel e a Fada do Dente.

Mas, então, porque ouvimos aquele ruído? Quando você “escuta” uma concha, você está apenas ouvindo a todos os sons que estão ao seu redor. A forma de concha funciona como um amplificador do som ambiente. É por isso que alguns anfiteatros ao ar livre têm este formato. Encostando a concha na orelha, o ar que passar por ali vai bater e voltar nas superfícies curvadas da concha, esta ressonância do ar acaba criando o som que a gente percebe.

Quando maior a concha, mais tempo o ar vai demorar para reverberar na superfície, assim, a altura do som será mais baixa. Com as conchinhas, o efeito é o contrário.

O bom é que realmente lembra o barulho do mar. Se você estiver em casa, longe da praia e sem um aquário com conchinhas por perto, não tem problema, basta colocar as mãos dobradas em forma de concha tampando os ouvidos, e pronto, é como voltar à infância.

Fonte:Life's Little Mysteries

Quando surgiu a escova dental?

A escova dental mais antiga de que se tem notícia foi encontrada numa tumba egípcia de 3.000 anos a.C. Era um pequeno ramo com ponta desfiada até chegar às fibras, que eram esfregadas contra os dentes

Os assírios já tentavam resolver o problema usando o dedo para limpar os dentes. Contudo, outras culturas buscaram hastes, madeiras, ervas e misturas que pudessem superar os incômodos que a sujeira e o mau hálito sempre causaram. Por volta do século IV a.C., o médico grego Diocles de Caristo receitava aos seus pacientes explorarem os poderes aromáticos que as folhas de hortelã produziam quando esfregadas nos dentes e nas gengivas.

Nos anos em que foi aprendiz do filósofo Aristóteles, o lendário imperador Alexandre, O Grande, foi detalhadamente orientado sobre como limpar os dentes, todas as manhãs, com uma toalha feita de linho. Entre os romanos constata-se o uso de uma mirabolante mistura com areia, ervas e cinzas de ossos e dentes de animais. O lugar da higiene bucal era tão expressivo entre os patrícios romanos que se davam ao luxo de terem escravos incumbidos de realizar esta única tarefa.

Por volta de 1490, os chineses inventaram um rústico modelo daquilo que já poderíamos chamar de escova dental. O protótipo oriental era constituído por uma haste de bambu ou osso dotada de um feixe de pelos de porco. Além de ser um artefato muito caro, a escova chinesa acabava prejudicando seus usuários na medida em que as cerdas de origem animal mofavam e, por isso, deixam toda a cavidade bucal exposta ao ataque de fungos.

Na Europa Medieval, o cuidado com os dentes já desfrutava de avanços consideráveis, tendo em vista o grau de elaboração das pastas dentárias. Entretanto, a cura do mau hálito era medicada com um asqueroso bochecho de urina. Nessa mesma época, o profeta árabe Maomé (570-633) recomendava aos seguidores do islamismo a utilização de uma haste de madeira aromática que, se esfregada várias vezes ao dia, poderia limpar e clarear os dentes.

Chegando ao século XVIII, um prisioneiro britânico chamado William Addis teve a brilhante ideia de desenvolver a primeira versão moderna de escova de dente. Primeiramente, ele guardou um pedaço de osso animal de sua refeição diária. Realizou pequenos furos em uma de suas pontas e conseguiu algumas cerdas com um carcereiro. Amarrando as cerdas em feixes minúsculos e fixando-as com cola nos buracos do osso, ele desenvolveu a tecnologia fundamental do invento.

No século XX, vários estudiosos passaram a observar detalhadamente os elementos constituintes da várias escovas disponíveis no mercado. A anatomia do cabo, a disposição dos feixes, o processo de desgaste foram sistematicamente analisados para que o instrumento fosse aprimorado. Em 1938, a utilização do náilon permitiu que as escovas realizassem a limpeza dos dentes sem que as gengivas sofressem grandes agressões.

Fontes: Superinteressante; Brasil Escola.

A história do xadrez

Existem diversas mitologias associadas à criação do jogo de xadrez, sendo uma das mais famosas aquela que a atribui a um jovem brâmane indiano chamado Lahur Sessa. Segundo a lenda do xadrez, contada em O Homem que Calculava, do escritor e matemático Malba Tahan, numa província indiana chamada Taligana havia um poderoso rajá que havia perdido o filho em batalha. O rajá estava em constante depressão e passou a descuidar-se de si e do reino.

Certo dia o rajá foi visitado por Sessa, que apresentou ao rajá um tabuleiro com 64 casas brancas e negras com diversas peças que representava a infantaria, a cavalaria, os carros de combate, os condutores de elefantes, o principal vizir e o próprio rajá. Sessa explicou que a prática do jogo daria conforto espiritual ao rajá, que finalmente encontraria a cura para a sua depressão, o que realmente ocorreu.

O rajá, agradecido, insistiu para que Sessa aceitasse uma recompensa por sua invenção e o brâmane pediu simplesmente um grão de trigo para a primeira casa do tabuleiro, dois para a segunda, quatro para a terceira, oito para a quarta e assim sucessivamente até a última casa. Espantado com a modéstia do pedido, o rajá ordenou que fosse pago imediatamente a quantia em grãos que fora pedida.

Depois que foram feitos os cálculos, os sábios do rajá ficaram atônitos com o resultado que a quantidade grãos havia atingido, pois, segundo eles, toda a safra do reino durante 2.000 anos não seriam suficientes para cobri-la. Impressionado com a inteligência do brâmane, o rajá o convidou para ser o principal vizir do reino, sendo perdoado por Sessa de sua grande dívida em trigo.

Origens históricas


Muito embora diversas civilizações antigas tenham sido apontadas como o berço do xadrez, tais como o Antigo Egito e a China dinástica, na atualidade a maioria dos pesquisadores concorda que o jogo tenha se originado na Índia por volta do Século VI d.C., na forma de uma antiga modalidade de xadrez com regras diferentes das atuais e denominado Chaturanga em sânscrito.

Posteriormente o Chaturanga difundiu-se na Pérsia durante o Século VII, recebendo o nome persa Shatranj, provavelmente com regras diferenciadas em relação ao jogo indiano. O Shatranj, por sua vez, foi assimilado pelo Mundo Islâmico após a conquista da Pérsia pelos muçulmanos, porém as peças se mantiveram durante muito tempo com os seus nomes persas originais. Dentre os praticantes de Shatranj à época, aqueles que mais se notabilizaram foram al-Razi, al-Adli e o historiador al-Suli e seu discípulo e sucessor al-Lajlaj. Diversos estudos foram feitos por al-Suli com o objetivo de compreender os princípios das aberturas e os finais de partida, além de classificar os praticantes de Shatranj em cinco categorias em razão de sua força de jogo.

Na passagem do primeiro milênio da nossa era, o jogo já tinha se difundido por toda a Europa e atingido a Península Ibérica no Século X, sendo citado no manuscrito do Século XIII, o Libro de los juegos, que discorria sobre o Shatranj, dentre outros jogos.

Origens do xadrez moderno (1450-1850)


As peças no jogo antecessor ao xadrez eram muito limitadas em seus movimentos: o elefante (o antecessor do moderno bispo) somente podia mover-se em saltos por duas casas nas diagonais, o vizir (o antecessor da dama) somente uma casa nas diagonais, os peões não podiam andar duas casas em seu primeiro movimento e não existia ainda o roque. Os peões somente podiam ser promovidos a vizir que era a peça mais fraca, depois do peão, em razão da sua limitada mobilidade.

Por volta do ano de 1200, as regras do xadrez começaram a sofrer modificações na Europa e aproximadamente em 1475, deram origem ao jogo assim como o conhecemos nos dias de hoje. As regras modernas foram adotadas primeiramente na Itália (ou, segundo outras fontes, na Espanha): os peões adquiriram a capacidade de mover-se por duas casas no seu primeiro movimento e de tomar outros peões en passant, enquanto bispos e damas obtiveram sua mobilidade atual. A dama tornou-se a peça mais poderosa do jogo. Estas mudanças rapidamente se difundiram por toda a Europa Ocidental, com exceção das regras sobre o empate, cuja diversidade de local para local somente se consolidou em regras únicas no início do Século XIX.

Por esta época iniciou-se o desenvolvimento da teoria enxadrística. A mais antiga obra impressa sobre o xadrez, Repetición de Amores y Arte de Ajedrez, escrito pelo sacerdote espanhol Luís de Lucena, foi publicado em Salamanca no ano de 1497. Lucena e outros antigos mestres do Séculos XVI e XVII, como o português Pedro Damiano de Odemira, os italianos Giovanni Leonardo Di Bonna, Giulio Cesare Polerio, Gioacchino Greco e o bispo espanhol Ruy López de Segura, desenvolveram elementos de aberturas e defesas, tais como Abertura Italiana, Ruy López e o Gambito do Rei, além de terem feito as primeiras análises sobre os finais.

No Século XVIII, a França passou a ocupar o centro dos acontecimentos enxadrísticos. Os mais importantes mestres eram o músico André Philidor, que descobriu a importância dos peões na estratégia do xadrez, e Louis de la Bourdonnais que venceu uma famosa série de matches contra o mais forte enxadrista britânico da época, Alexander McDonnell, em 1834. O centro da vida enxadrística nesse período eram as coffee houses nas maiores cidades européias, dentre elas o Café de la Régence em Paris e o Simpson’s Divan em Londres.

Durante todo o Século XIX, as entidades enxadrísticas se desenvolveram rapidamente. Diversos clubes de xadrez e vários livros sobre enxadrismo foram publicados. Passaram a ocorrer matches por correspondência entre cidades, tais como o ocorrido entre o London Chess Club contra o Edinburgh Chess Club em 1824. As composições de xadrez tornaram-se comuns nos jornais, nos quais Bernhard Horwitz, Josef Kling e Samuel Loyd compuseram alguns dos mais famosos problemas de xadrez daquela época. No ano de 1843, a primeira edição do Handbuch des Schachspiels foi publicada, escrita pelos mestres germânicos Paul Rudolf von Bilguer e Tassilo von Heydebrand, sendo considerada a primeira obra completa sobre a teoria enxadrística.

O nascimento de um esporte

As competições enxadrísticas oficiais tiveram início ainda no Século XIX, sendo Wilhelm Steinitz considerado o primeiro campeão mundial de xadrez. Existe ainda o campeonato internacional por equipes realizado a cada dois anos, a Olimpíada de Xadrez. Desde o início do Século XX, duas organizações de caráter mundial, a Federação Internacional de Xadrez e a Federação Internacional de Xadrez Postal vêm organizando eventos que congregam os melhores enxadristas do mundo. O atual campeão do mundo (2007) é o indiano Vishy Anand e a campeã mundial (2008) é a russa Alexandra Kosteniuk.

O enxadrismo foi reconhecido como esporte pelo Comitê Olímpico Internacional em 2001, tendo sua olimpíada específica e campeonatos mundiais em todas as suas categorias.

O Dia Internacional do Enxadrismo é comemorado todos os anos no dia 19 de novembro, data de nascimento de José Raúl Capablanca, considerado um dos maiores enxadristas de todos os tempos e o único hispano-americano a se sagrar campeão mundial.

Fonte: História do Xadrez; Wikipédia.