sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Por causa do elevador

A notícia saiu pequenina num desses jornais impressos com plasma sangüíneo.

O cara chegou ao hospital com as longarinas empenadas e necessitando serviço de lanternagem na carroçaria. Tinha brigado com a mulher e a distinta deu-lhe uma bonita surra de abajur. Pelo menos foi o que o cara contou: tinha sido vítima de um abajurcídio.

Provavelmente o abajur tinha se transformado em objeto inútil, como de resto acontece com todos os lares cariocas desde que a Light resolveu acabar com esse luxo de luz acender de noite. O marido folgou e a ponderada senhora tocou-lhe o dito abajur nas fuças.

O Sr. Barros — este o nome da vítima — declarou que foi atacado em metade de cara pela sua cara-metade e, por isto, as autoridades acharam uma boa idéia bater um papinho com a agressora.

Conversa vai conversa vem, ela disse ao comissário do dia que o marido, depois que a luz apagou, ficou um bocado cínico:

— Imagine doutor — declarou ela ao zeloso protetor da corretagem zoológica — que o Mário chega todo dia em casa de madrugada e quando eu pergunto por que, o miserável diz que ficou preso dentro de um elevador qualquer, por falta de energia. Um dia eu acreditei, no outro também, mas no terceiro dia que ele ficou preso por falta de energia, eu achei que quem estava sem energia era eu e esperei que o vagabundo viesse com a desculpa de novo, pra dar o corretivo. Ontem não deu outra coisa. Ele chegou quase com o dia clareando e falou que ia descendo no elevador do prédio de um amigo, onde foi deixar um embrulho e aí faltou energia. Eu aproveitei e disse que energia era o que não ia faltar e... pimba!... agarrei um abajur que estava ao meu lado e fiz o serviço.

Vejam — caros leitores — que drama chato. A desculpa de ficar preso em elevador é excelente, mas a reincidência estragou tudo. Não há mulher que caia nessa mais de duas vezes por ano e, assim mesmo, espaçado; bem espaçado.

De qualquer forma, nunca é demais aproveitar a experiência alheia e fazê-la nossa. Nada de ficar preso em elevador mais de uma vez.

Primo Altamirando, é verdade, já ficou preso — desde que começaram a desmontar o Rio de Janeiro — umas 18 vezes, mas por motivos diferentes. Quando ele percebe que a luz vai faltar, ele entra no elevador com a jovem senhora de seus interesses particulares e fica lá dentro até voltar a energia (do elevador, naturalmente).

Acredito que outros estejam usando o mesmo processo e vou logo avisando: não se surpreendam se, dentro de uns nove meses, mais ou menos, algumas criancinhas forem levadas à pia batismal com o nome de Otis, Atlas, Schindler, etc. Será uma bonita homenagem!
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Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).
Fonte: O MELHOR DE STANISLAW - Crônicas Escolhidas - Seleção e organização de Valdemar Cavalcanti - Ilustrações de JAGUAR - 2.a edição - Rio - 1979 - Livraria José Olympio Editora.

Renata Fronzi

Renata Fronzi (Renata Mirra Ana Maria Fronzi Ladeira), atriz, nasceu em Rosario, Argentina, em 01/08/1925, e faleceu na cidade do Rio de Janeiro, RJ, em 15/04/2008. Os avós e os pais eram artistas italianos de teatro e Renata nasceu em uma excursão, quando os pais estavam na província de Santa Fé, na Argentina.

Começou sua vida artística estudando balé no Teatro Municipal de São Paulo. Estudou no famoso colégio italiano Dante Alighieri. Mas logo a família se mudou para Santos e para lá foi a menina. Era uma garota forte, atlética, mais do que bonita. Em Santos se encantou com a natação.

Em teatro participava, às vezes, das montagens do pai em clubes “doppo lavoro” . Foi aí que conheceu Heitor de Andrade, que era de Rádio e depois da Televisão Tupi. Era teatro amador o que fazia. Estava com 15 anos. Estreou profissionalmente na Companhia de Eva Todor, na peça “Sol de Primavera”. De personalidade muito alegre e risonha, ainda que tremesse de medo de entrar em cena, Renata divertia a todos.

Os pais se transferiram para o Rio de Janeiro a convite do famoso Walter Pinto. Renata veio junto. Aí ela cantava, fazia esquete, dançava e se saia muito bem. Ficou estrela da Companhia de Revista. Depois excursionou para Buenos Aires, mas voltou, pois o pai falecera.

No Rio de Janeiro, de volta, conheceu o grande amor de sua vida, César Ladeira, grande nome do cenário artístico nacional.

Renata então entrou definitivamente para a televisão. Fez: “Teatrinho Trol", de Fábio Sabag. Sua carreira prosseguiu e ela entrou para o seriado “Família Trapo”, na TV Record de São Paulo, sucesso absoluto, na época. Era como se fosse um teatro, com público, televisionado. E era comédia. Renata estava no seu ambiente, fazendo o que gostava de fazer.

Depois, já na Globo fez: “Faça humor, não faça guerra”, “Chico City”, programa de Chico Anysio. E fez também novelas, como: “Minha doce namorada”, “O rei dos ciganos”. Aí veio “O Bronco”, outro seriado de humor, em São Paulo, ao lado de Ronald Golias. Não deixou, porém, de participar de coisas sérias, como a novela “O Semi Deus”, por exemplo, “Chega mais”, “Dulcineia vai a guerra”. Isso não só na Globo, como na TV Bandeirantes de São Paulo.

Intercalou seu trabalho na televisão, com participações no cinema, e fazia também teatro. Voltou às novelas, foi dirigida por Henrique Martins, na novela “Jogo da Vida”, “Pão pão, beijo beijo” , “Transas e Caretas”, “Corpo a corpo”, e tantas outras.

Achou tempo de fazer mais de 30 filmes. Desses os que se lembra com mais ternura foram: “Treze cadeiras”, com Oscarito, “Carnaval em lá maior”, “Guerra no Samba”, “De pernas pro ar”, “Hoje o galo sou eu”, “Vai que é mole”, “Quero essa mulher assim mesmo”, “Ässim era a Atlântica”, etc...

Renata Fronzi morreu aos 82 anos da síndrome de disfunção múltipla de órgãos, que foi provocada pela diabetes, em 15 de abril de 2008, no Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. Ela estava internada na unidade de terapia intensiva do hospital desde 1 de abril de 2008.

Teledramaturgia

1999/2001 - Zorra Total
1995 - A Idade da Loba
1997 - Malhação
1994 - Quatro por Quatro
1994 - Memorial de Maria Moura
1991 - A História de Ana Raio e Zé Trovão
1990 - Mico Preto - Amelinha
1984 - Corpo a Corpo
1983 - Pão Pão, Beijo Beijo
1981 - Jogo da Vida
1980 - Chega Mais
1978 - Pecado Rasgado
1974 - Corrida do Ouro
1966/67 - O Rei dos Ciganos

Alguns filmes

Salário Mínimo (1970).
Treze Cadeiras (1957)
Garotas e Samba (1957)
Vai que É Mole (1960)

Séries

Família Trapo, Rede Record (1967-1970)
Bronco, Rede Bandeirantes (1987-1990)
Marido de Mulher Boa

Fontes: Net Saber - Biografias; Wikipédia.

Raul Cortez

Raul Cortez (Raul Christiano Machado Pinheiro de Amorim Cortez), ator, nasceu em São Paulo SP, em 28/8/1932, e faleceu na mesma cidade, em 18/7/2006. Descendente de espanhóis, Raul era o mais velho de seis irmãos: Rui Celso, Lúcia, Pedro, Regina e Jô Cortez.

Tem um impressionante currículo que inclui 66 peças teatrais, 20 telenovelas, seis minisséries, 28 filmes e vários prêmios, entre eles cinco Molière - a mais importante premiação do teatro brasileiro.

Ia ser advogado, mas aos 22 anos decidiu trocar os tribunais pelo palco. A estréia foi em 1955 na peça Eurídice, contracenando com Cleyde Yaconis e Walmor Chagas, e no ano seguinte já fez o primeiro papel no cinema, em O Pão que o Diabo Amassou. Em 1969 encarnou um travesti na peça Os Monstros e em 1970 fez o primeiro nu do teatro brasileiro em O Balcão, de Jean Genet.

Na década seguinte recebeu vários prêmios, mas a consagração veio da mão da peça Rasga Coração (1979), no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo, escrita pelo mestre Oduvaldo Vianna Filho, na qual contracenou com Lucélia Santos, interpretando o amargurado funcionário público e ex-militante comunista Maguary Pistolão. A cena final, escrita por Vianinha, foi marcante: o funcionário público aparece nu amarrado por cordas nos pés e dependurado no ponto mais alto do palco.

Após participar de algumas novelas nas TVs Excelsior, Bandeirantes e Tupi, Raul Cortez estreou na Rede Globo em 1980, com a novela de Gilberto Braga, Água-Viva, na qual interpretou o cirurgião plástico Miguel Fragonard. Com este trabalho alcançou notoriedade e reconhecimento do público, tornando-se uma estrela da televisão.

Os mega-vilões Virgílio, de Mulheres de Areia (1993), e Jeremias Berdinazzi, de O Rei do Gado (1996), aumentaram a fama internacional, particularmente na Rússia, onde ambas as novelas atingiram enorme audiência nesse país. Terra Nostra, a trama mais vendida da Rede Globo, o levou aos cinco continentes com outro italiano: Francesco Magliano.

Em 2005, foi preciso suspender a participação em Senhora do Destino, devido ao avanço da doença que causaria a morte, mas tudo parecia relativamente resolvido, pois ainda retornaria às telas interpretando Antônio Carlos, na minissérie JK, a biografia do ex-presidente Juscelino Kubitschek.

É considerado um dos maiores atores brasileiros de todos os tempos. Raul morreu às vésperas de completar cinquenta anos de carreira, em decorrência do agravamento de um câncer no pâncreas, contra o qual lutava há cerca de quatro anos.

Apesar de ser descendente de espanhóis, foram marcantes os personagens italianos em telenovelas como O Rei do Gado, Terra Nostra e Esperança.

Em dezembro de 2004, Cortez foi operado para a remoção de um tumor na região do pâncreas e do intestino delgado, seguindo-se um tratamento quimioterápico. Em 30 de junho de 2006, foi novamente internado e veio a falecer no dia 18 de julho.

Fontes: Wikipedia; Raul Cortez - UOL Educação.