sábado, 22 de outubro de 2011

Djalma Santos, o espetáculo em campo

"Espetacular, colossal, exuberante, perfeito. Não faltaram adjetivos para glorificar o maior lateral-direito do Brasil e de toda a história do futebol mundial. Dono de uma técnica primorosa e de um físico de ferro, Djalma Santos transformava as cobranças de laterais em verdadeiros cruzamentos, lançando a bola com as mãos até a área adversária. Mas era com a bola nos pés que seu futebol deslumbrava ".

Totalizou, entre l952 e 1968, cem partidas oficiais pela Seleção Brasileira, recorde absoluto. Participou das Copas de 1954, quando foi eleito o melhor zagueiro direito; 1958, tornando-se campeão do mundo; 1962, bicampeão; e 1966. Defendeu as equipes da Portuguesa, Palmeiras (campeão paulista em 1959/63/66) e Atlético Paranaense (campeão em 1970).

O físico privilegiado nunca significou jogo duro. Djalma se orgulha de nunca ter sido expulso de campo. Motivo de orgulho também foi ter sido o único brasileiro convocado para integrar a seleção da Fifa, em 1963, para disputar uma partida contra a Inglaterra em comemoração aos 100 anos do futebol.

Dejalma dos Santos, seu nome de batismo, nasceu em São Paulo, SP, em 27 de fevereiro de 1929. É considerado um dos maiores jogadores da história da Portuguesa e do Palmeiras, com partipação decisiva nas conquistas da época da chamada "Academia". Foi nomeado por Pelé um dos 125 maiores jogadores vivos de futebol em março de 2004. Foi um dos melhores laterais-direitos de toda história e disputou mais de cem partidas pela Seleção Brasileira de Futebol, incluídas as copas de 1954, 1958, 1962 e 1966.

Na final da Copa do Mundo de 1958 entrou no lugar do titular De Sordi, contundido e, em apenas noventa minutos, foi eleito o melhor jogador da posição no Mundial.

Portuguêsa, anos 50 - Em pé: Lindolfo, Djalma Santos, Ceci, Nena, Floriano e Brandãozinho. Agachados: Julinho Botelho, Zé Amaro, Ipojucan, Osvaldinho, Ortega e o massagista Mário Américo.
Djalma fez história nos três grandes clubes por onde passou, jogador exemplar, jamais foi expulso de campo. Na Portuguesa, fez parte de uma das melhores equipes do clube em todos os tempos - ao lado de jogadores como Pinga, Julinho Botelho e Brandãozinho, conquistou o Torneio Rio-São Paulo em 1952 e 1955 e Fita Azul em 1951 e 1953. É também o segundo maior recordista de jogos disputados pelo clube, 434 no total, ficando atrás apenas de Capitão, com 496 partidas.

No Palmeiras, com 498 jogos, é o sétimo jogador que mais vestiu a camisa do palestra, conquistou o Campeonato Paulista em 1959, 1963 e 1966; a Taça Brasil em 1960 e 1967 e o Torneio Roberto Gomes Pedrosa em 1967, torneios que classificam para a Libertadores da América, e, além disso, venceu o Torneio Rio-São Paulo em 1965.

Palmeiras, anos 60, em pé: Djalma Santos, Valdir, Carabina, Djalma Dias, Dudu e Ferrari. Agachados: Germano, Ademar Pantera, Servílio, Ademir da Guia e Rinaldo


Pelo Atlético Paranaense, o lateral jogou até os 42 anos de idade, outro verdadeiro recorde para jogadores de futebol.

Atualmente, Djalma Santos vive com sua esposa, Esmeralda Santos, na cidade de Uberaba, Minas Gerais.

Fontes: Revista Placar; Wikipedia.

A rainha de Sabá

Balkis - por Charles Gounod
"A Rainha de Sabá soube da fama de Salomão e foi até ele com um duplo propósito: admirar e comprovar o que tinha ouvido a respeito da sabedoria do rei e firmar um tratado comercial, pois com a expansão do reino de Israel, os barcos hebreus e os de Tiro passaram a ser uma ameaça ao antigo comércio da região. Lutando por seus interesses vai até Jerusalém acompanhada de numerosa comitiva com camelos carregados de especiarias, ouro e pedras preciosas.

Salomão ouve as perguntas e aflições da rainha e lhe dá as respostas a seus problemas. A rainha de Sabá fica admirada com o esplendor das riquezas e com a prosperidade do reino. É firmado um acordo comercial muito conveniente a Salomão pois agora os seus navios teriam um posto de negócios e reabastecimento entre Eziom - Geber e a Índia."

A rainha de Sabá foi, na Torá, no Antigo e no Novo Testamento, no Alcorão, na história da Etiópia e do Iêmen, uma célebre soberana do antigo Reino de Sabá. A localização deste reino pode ter incluído os atuais territórios da Etiópia e do Iêmen.

Conhecida entre os povos etíopes como Makeda, esta rainha recebeu diferentes nomes ao longo dos tempos. Para o rei Salomão de Israel ela era a "rainha de Sabá". Na tradição islâmica ela era Balkis ou Bilkis. Flávio Josefo, historiador romano de origem judaica, a chamou de Nicaula. Acredita-se que tenha vivido no século X a.C..

Na Torá, uma tradição que narra a história das nações foi preservada em Beresh't 10 (Gênesis 10). Em Beresh't 10:7 existe uma referência a Sabá (Shva), filho de Raamá, filho de Cuxe, filho de Cam, filho de Noé. Em Beresh't 10:26-29 há uma referência a Sabá - listada ao lado de Almodá, Selefe, Hazarmavé, Jerá, Hadorão, Usal, Dicla, Obal, Abimael, Ofir, Havilá e Jobabe, como os descendentes de Joctã, filho de Héber, filho de Salá, filho de Arfaxade, descendente de Sem, um dos filhos de Noé. A questão sobre se a rainha de Sabá representaria uma ancestral dos hamitas ou dos semitas suscita debates passionais até hoje.

Em 8 de maio de 2008, a Universidade de Hamburgo anunciou oficialmente que arqueólogos alemães, depois de uma pesquisa comandada pelo professor Helmut Ziegert, descobriram os restos do palácio da Rainha de Sabá, datados do século X a.C., em Axum (Aksum), uma cidade sagrada da Etiópia, sob um antigo palácio real.

A rainha de Sabá no judaísmo e no Velho Testamento

De acordo com a Torá e o Velho Testamento, a rainha da terra de Sabá (cujo nome não é mencionado) teria ouvido sobre a grande sabedoria do rei Salomão de Israel, e viajado até ele com presentes de especiarias, ouro, pedras preciosas, e belas madeiras, pretendendo testá-lo com suas perguntas, como está registrado no Primeiro Livro de Reis (10:1-13) (relato copiado posteriormente no Segundo Livro de Crônicas, 9:1-12).

O relato prossegue apontando a rainha como maravilhada pela grande sabedoria e riqueza do rei Salomão, e pronunciando uma bênção sobre a divindade do rei. Salomão respondeu, por sua vez, com presentes e "tudo o que ela desejou", após o qual a rainha retornou ao seu país. Aparentemente, a rainha de Sabá seria muito rica, já que ela teria trazido 4 toneladas e meia consigo para presentear ao rei Salomão (I Reis, 10:10).

Nas passagens bíblicas que se referem explicitamente à rainha de Sabá não há sinal de amor ou atração sexual entre ela e o rei Salomão. Os dois são descritos apenas como dois monarcas envolvidos em assuntos de estado.

Outro texto bíblico, o Cântico dos Cânticos, contém algumas referências que, por diversas vezes, foram interpretados como se referindo ao amor entre Salomão e a rainha de Sabá. A jovem mulher do Cântico dos Cânticos, no entanto, nega continuamente as insinuações românticas de seu pretendente, que muitos estudiosos identificaram com o rei Salomão. De qualquer maneira, não há nada que identifique esta personagem deste texto com a rainha estrangeira, rica e poderosa, descrita do Livro dos Reis. A mulher do texto da canção claramente indica umas certas "filhas de Jerusalém" como suas iguais.

A tradição etíope posterior afirma com segurança que o rei Salomão realmente seduziu e engravidou sua convidada, e possui um relato detalhado de como ele o fez, um assunto de importância considerável para o povo etíope, já que a linhagem de seus imperadores remontaria àquela união.

Claude Lorrain, A Embarcação da Rainha de Sabá.

A rainha de Sabá no islamismo

O Alcorão nunca menciona a rainha de Sabá por seu nome, embora as fontes árabes a chamem de Balqis ou Bilqis. O relato corânico é similar àquele da Bíblia; a narrativa conta como Salomão recebeu relatos de um reino governado por uma rainha cujo povo venerava o Sol. Ele enviou uma carta, convidando-a a visitá-lo e discutir sobre a sua divindade, relatada como sendo Alá, o Senhor dos Mundos (Alamin) no texto islâmico. Ela aceitou o convite e preparou enigmas para testar sua sabedoria e seu conhecimento. Então, um dos ministros de Salomão (que tinha conhecimento do "Livro") propôs trazê-lo o trono de Sabá "num piscar de olhos". Diante do feito, a rainha chegou à sua corte, mostrou-lhe seu trono, entrou no seu palácio de cristal e começou a fazer as perguntas. Impressionada por sua sabedoria, ela louvou sua divindade e, eventualmente, aceitou o monoteísmo abraâmico.

Alguns acadêmicos árabes modernos têm identificado a rainha de Sabá como uma soberana de uma colônia ou entreposto comercial no noroeste da Arábia, estabelecido por reinos da Arábia Meridional. As descobertas arqueológicas mais recentes confirmam o fato de que tais colônias realmente existiram, com achados como artefatos e inscrições no alfabeto arábico meridional, embora nada especificamente relacionado a Balkis ou Bilkis, a rainha de Sabá, tenha sido descoberto até agora.

A rainha de Sabá na cultura etíope

A familia imperial da Etiópia aponta sua origem a partir de um descendente da rainha de Sabá com o rei Salomão. A rainha de Sabá é chamada de Makeda no relato etíope (que pode ser traduzido literalmente como "travesseiro").

A etimologia de seu nome é incerta, existindo duas correntes principais de pensamento divergindo sobre sua fonte etíope. Uma delas, que inclui o acadêmico britânico Edward Ullendorff, mantém que o nome seria uma corruptela de Candace, uma rainha etíope mencionada no Novo Testamento (Atos dos Apóstolos); a outra corrente liga o nome à Macedônia, e relaciona esta história com as lendas etíopes posteriores sobre Alexandre, o Grande e o período do século IV a.C.. Muitos acadêmicos, no entanto, como o italiano Carlo Conti Rossini, não se convenceram por nenhuma destas teorias, e declararam o assunto como ainda não-resolvido.

Uma antiga compilação de lendas etíopes, o Kebra Negast ("Glória dos Reis"), foi datada como tendo sido escrito há 700 anos, e relata a história de Makeda e seus descendentes. Neste relato o rei Salomão teria seduzido a rainha de Sabá e tido com ela um filho, Menelik I, que se tornaria o primeiro imperador da Etiópia.

A narrativa contida no Kebra Negast - que não encontra paralelo na história bíblica - é de que o rei Salomão teria convidado a rainha de Sabá a um banquete, servindo comida condimentada a induzi-la a ter sede, e convidando-a para passar a noite em seu palácio. A rainha pediu-lhe então que jurasse não a tomar à força. Ele aceitou com a condição de que ela, por sua vez, não levasse nada de seu palácio à força. A rainha assegurou que não o faria, ofendida pela insinuação de que ela, uma monarca rica e poderosa, precisaria roubar qualquer coisa. No entanto, quando ela acordou no meio da noite, sedenta, pegou uma jarra de água que havia sido colocada ao lado de sua cama. O rei Salomão então apareceu, avisando-a de que estava a descumprir sua promessa, ainda mais pelo fato de que a água, segundo ele, seria a mais valiosa de todas as suas posses materiais. Assim, enquanto ela saciou sua sede, ela libertou o rei de sua promessa, e passaram a noite juntos.

A tradição de que a rainha de Sabá bíblica teria sido uma soberana da Etiópia que visitou o rei Salomão em Jerusalém, no antigo Reino de Israel, é referendada pelo historiador romano de origem judaica Flávio Josefo, que identificou a visitante de Salomão como sendo "Rainha do Egito e da Etiópia".

Enquanto não existem tradições conhecidas de matriarcado no Iêmen durante o início do primeiro milênio a.C., as primeiras inscrições dos governantes de D'mt, no norte da Etiópia e da Eritréia, mencionam rainhas de status elevado, possivelmente até igual ao de seus reis.

Para a monarquia etíope, a linhagem salomônica e sabaítica tem considerável importância política e cultural. A Etiópia foi convertida ao cristianismo pelos coptas do Egito, e a Igreja Copta lutou por séculos para manter os etíopes numa condição de dependência e subserviência fortemente ressentida pelos imperadores etíopes.

Afresco etíope da rainha de Sabá rumo a Jerusalém.

A rainha de Sabá no cristianismo

Além de sua menção no Velho Testamento, a rainha de Sabá é mencionada, como Rainha do Sul, no Novo Testamento, quando Jesus Cristo indica que ela e os ninivitas julgarão a geração dos contemporâneos de Jesus que o rejeitaram.

As interpretações cristãs das escrituras enfatizam, tipicamente, tanto os valores históricos quanto os valores metafóricos da história. O relato da rainha de Sabá é interpretado como uma metáfora e uma analogia cristã: a visita da rainha a Salomão foi comparada ao casamento metafórico da Igreja com Cristo, onde Salomão seria o "ungido" (Cristo), ou messias, e Sabá representaria uma população de gentios que se submeteu ao messias; a castidade da rainha de Sabá foi descrita como um presságio da Virgem Maria; e os três presentes que ela teria levado a Israel (ouro, especiarias e pedras) foram vistos como análogos aos presentes dos Três Reis Magos (ouro, incenso e mirra). Esta última analogia, em particular, é enfatizada como sendo consistente com uma passagem do Livro de Isaías (60:6): "todos virão de Sabá; trarão ouro e incenso e publicarão os louvores do Senhor."

Entre as obras de arte realizadas na Idade Média que retratam a visita da rainha de Sabá estão o "Portal da Mãe de Deus", na Catedral de Amiens, do século XIII, incluída como analogia em parte de um painel maior que retrata os presentes dos Reis Magos..[8] As catedrais de Estrasburgo, Chartres, Rochester e Cantuária, do século XII, contêm interpretações artísticas da rainha em vitrais e bas decorações das jambas.

Giovanni Boccaccio, em sua obra Sobre as mulheres famosas (De mulieribus claris, em latim), segue o exemplo de Josefo ao chamar a rainha de Sabá de Nicaula. Boccaccio ainda afirma que ela não só era rainha da Etiópia e do Egito, como também da Arábia, e que relatos afirmavam que ela tinha um palácio luxuoso numa "ilha muito grande" chamada Meroe, localizada em algum lugar próximo ao rio Nilo, "praticamente no outro lado do mundo." De lá, Nicaula cruzou os desertos da Arábia, através da Etiópia e do Egito, pela costa do mar Vermelho, até chegar a Jerusalém, onde se encontrou com "o grande rei Salomão".

O livro Cidade das Damas, de Cristina de Pisano também chama a rainha de Sabá de Nicaula. Os afrescos de Piero della Francesca em Arezzo (1466) sobre a Lenda da Vera Cruz contêm dois painéis sobre a visita da rainha de Sabá a Salomão. A lenda ilustrada liga as vigas do palácio do rei Salomão à madeira utilizada na crucifixão. A sequência desta visão metafórica, do Renascimento, sobre a rainha de Sabá como uma analogia aos presentes dos Reis Magos, também está claramente evidente no Tríptico da Adoração dos Magos (1510), de Hieronymus Bosch. Bosch optou por retratar a rainha de Sabá e o rei Salomão no colar vestido por um dos magos.

O Doutor Fausto, de Christopher Marlowe, se refere à rainha como Sabá, quando Mefistófeles está tentando persuadir Fausto da sabedoria das mulheres com quem ele supostamente será presenteado todas as manhãs.

Descobertas arqueológicas recentes

Descobertas arqueológicas recentes feitas no Mahram Bilqis ("Templo de Bilkis"), em Ma'rib, no Iêmen, apoiam a tese de que a rainha de Sabá teria governado a Arábia Meridional, com evidências de que a área seria a capital do reino de Sabá.

Uma equipe de pesquisadores financiados pela American Foundation for the Study of Man (AFSM, "Fundação Americana para o Estudo do Homem") e liderada pelo professor de arqueologia da Universidade de Calgary, Bill Glanzman, vem trabalhando para decifrar os segredos de um templo de 3000 anos de idade encontrado no deserto.

Fontes: Wikipédia; http://www.geocities.com/Athens/Academy/9062/ .

Galileu Galilei

Galileu Galilei nasceu na cidade de Pisa em 15 de Fevereiro de 1564, mesmo ano da morte do pintor e escultor Michelangelo e do nascimento do dramaturgo William Shakespeare. Filho de Vicenzo Galilei, músico, desde cedo, demonstrou ser bom estudante. Sua família mudou-se para Florença em 1574 e Galileu foi educado pelos monges do mosteiro de Camaldolese, em uma cidade vizinha.

Em 1581, com apenas 17 anos de idade, Galileu começou a estudar Medicina na Universidade de Pisa. Seu interesse pela Medicina nunca evoluiu. Porém era grande seu interesse pela Física e matemática. Finalmente, em 1585, Galileu abandonou a Medicina.

Galileu e a Teoria de Copérnico


A partir daí deu várias palestras na Academia de Florença por alguns anos. Fez também experimentos utilizando bolas, barcos de brinquedo, pêndulos e outros objetos, observando como eles caíam, flutuavam e oscilavam. Media e marcava o tempo de seus movimentos, e tentava imaginar explicações matemáticas para eles.

Em 1533, o matemático e astrônomo polonês Nicolau Copérnico publicara sua grande obra - Sobre as Revoluções dos Corpos Celestes - defendendo a teoria de que a Terra se move em torno do Sol e não o contrário. Essa teoria seria defendida e desenvolvida por Galileu e seu contemporâneo Johannes Kepler, que descreveu a trajetória elíptica dos planetas. A síntese desse trabalho foi a Teoria da Gravitação Universal, formulada pelo físico inglês Isaac Newton que por coincidência nasceu em 1642, o mesmo ano em que Galileu morreu.

Por ter afirmado que a Terra se move em torno do Sol, Galileu, um dos gênios da revolução científica do século 17, foi preso e obrigado à uma retratação humilhante.

Aos 17 anos, assistindo à uma cerimônia na catedral de Pisa, observou um lustre que oscilava no teto. Controlando o tempo pelos seus próprios batimentos cardíacos, verificou que o intervalo entre cada oscilação era sempre o mesmo, não importando a amplitude do movimento. Repetiu a experiência mais tarde, e sugeriu que essa característica do pêndulo poderia tornar os relógios mais precisos.

Galileu, ao abandonar a Faculdade de Medicina, foi lecionar em Florença. Durante os quatro anos em que trabalhou ali, publicou um trabalho em que descrevia a balança hidrostática, uma invenção sua. Graças a esse trabalho, tornou-se aos 25 anos, professor de Matemática, e foi lecionar na Universidade de Pisa.

Em Pádua, onde viveu dezoito anos - de 1592 a 1610 - lecionando matemática, já estava convencido do acerto das teorias de Copérnico sobre a movimentação dos astros, mas em suas aulas continuava a ensinar que a Terra era o centro do Universo, e em torno dela giravam planetas e estrelas. Não tinha medo da Inquisição ainda, pois nessa época a Igreja não dava importância ao assunto. Conforme confessou numa carta escrita à Kepler, datada de 1597, temia ser ridicularizado. E tinha razão. A imobilidade da Terra não era apenas uma teoria defendida pela tradição da escola de Aristóteles, mas sobretudo parecia perfeitamente de acordo com o senso comum.Qualquer pessoa pode observar, diariamente, que o Sol, a Lua e as estrelas se movimentam; no entanto, nada havia, na época, que pudesse mostrar o movimento da Terra, sugerido apenas teoricamente em complicados cálculos matemáticos.

Aponta o telescópio para o céu

Por volta de 1600, surgiram os primeiros telescópios, na Holanda, e logo se espalharam por toda a Europa. Galileu construiu seu próprio telescópio sem nunca ter visto um. Bastou-lhe a descrição do instrumento que aparecera em Veneza. O grande mérito de Galileu foi apontar o seu telescópio para o céu. Descobriu, assim, tantas coisas novas que em poucos meses escreveu e publicou o Sidereus Nuncius (O Mensageiro das Estrelas), com apenas 24 páginas, mas rico em revelações. Relatou que a Lua não tem superfície lisa, mas está cheia de irregularidades, como a Terra. Percebeu que a Via Láctea não era constituída, como dizia Aristóteles, por "exalações celestiais", mas era um aglomerado de estrelas. Viu uma quantidade muito maior de estrelas do que era possível a olho nu. E descobriu, também, quatro satélites girando em torno de Júpiter.

Não havia, ainda, nenhuma prova conclusiva do acerto do sistema heliocêntrico proposto por Copérnico. Mas ja ficava difícil admitir que a Terra era o centro do Universo, se havia corpos girando ao redor de Júpiter. E como acreditar no dogma de que as estrelas haviam sido criadas para deleite dos homens, se a maior parte delas era invisível a olho nu?

Galileu e os Diálogos

Em 1632, Galileu publicou os Diálogos sobre os dois maiores sistemas do mundo - Ptolomeu e Copérnico. A obra reproduz uma conversa entre três personagens: Salviati, que defende as teses de Copérnico; Sagredo, um observador neutro; e Simplicius, defensor de Aristóteles e Ptolomeu. Salviati é sempre brilhante, Sagredo logo abandona a imparcialidade e passa a apoiá-lo com entusiasmo e Simplicius é pouco mais que um idiota, ridicularizado do princípio ao fim.

Os Diálogos acabaram proibidos, Galileu foi interrogado diversas vezes, e mesmo sob ameaça de tortura, não confessou que acreditava mesmo no que dizia Copérnico. Galileu não confessou, e recebeu a sentença: os Diálogos ficaram proibidos, Galileu obrigado a negar a publicamente a teoria copernicana. E ainda condenaram-no à prisão domicialiar.
    
Não se pode dizer que fora maltratado materialmente. Sua prisão era um apartamento de cinco aposentos, com janelas dando para os jardins do Vaticano, criado particular e mordomo para cuidar das refeições e do vinho. Seus últimos anos de vida, na companhia dos discípulos Torricelli e Vicenzo Viviani, foram dos mais produtivos. Em 1636 terminou Diálogos relativos à duas novas ciências, obra na qual retoma, de forma ordenada, observações sobre dinâmica que fora acumulando durante toda a vida.

Em 8 de Janeiro de 1642, Galileu morreu. Foi enterrado na Capela de Santa Croce, em Florença.

Fonte: http://www.planetafisica.net/cientistas/galileu/index.html

A escandalosa

Foi realmente lamentável o pequeno acidente ocorrido numa daquelas salas superatapetadas do Itamarati. Não posso precisar em qual delas, mas posso resumir o caso para os caros leitores, se tiverem a paciência de me lerem até o final destas mal traçadas linhas.

Vão todos comigo? Então toquemos em frente, mas desde já aviso às senhoras e senhoritas que o caso é dos mais cabreiros.

Deu-se que, numa dessas salas do Itamarati, estavam quatro funcionários dos mais ociosos, talvez não por culpa deles, mas porque deve ser duríssimo o cara ficar plantado naqueles salões sombrios o dia inteiro — full time — como eles gostam de dizer, pois diplomata adora falar na língua dos outros.

Ficar ali sem dormir, é dose pra mamute, que conforme vocês não ignoram, era um elefante muito pré-histórico e quatro ou cinco vezes maior do que os elefantes hodiernos.

Vai daí, o funcionário do Itamarati vive batendo papo, para deixar o tempo passar sem esbarrar em ninguém. Os quatro que se encontravam na sala estavam quase a cochilar por falta de assunto, quando entrou um quinto funcionário, atualmente secretário de embaixada e com todas as deficiências técnicas da atual diplomacia nacional. Jeitinho elegante, paletó lascado atrás, muito equipadinho, lenço combinando com as meias, gravata de Carven, enfim, essas bossas.

Deu um olá geral e, mesmo sem ninguém perguntar, começou a contar por que tinha chegado atrasado:

— Rapazes, não lhes conto nada!

Mas isto era força de expressão, pois notava-se que ele estava doido para contar. Aliás, em o caso sendo verdadeiro, devo informar aos caríssimos que jamais darei o nome dos outros quatro que estavam na sala (entre os quais estava o que me contou o caso), e muito menos o do quinto personagem, já nesta altura personagem principal.

Ele acendeu um cigarro americano daqueles enormes, recentemente contrabandeado, guardou no bolso o isqueiro Dupont, da mesma origem, e sentou na beira de uma das mesas de jacarandá. Terminando o suspense, puxou uma baforada azul e suspirou:

— Rapazes — repetiu, porque diplomata adora tratar os coleguinhas de rapazes — acabo de ter uma aventura amorosa genial, mas simplesmente genial. Que mulher bárbara, rapazes!

— Casada? — perguntou um dos coleguinhas, já de olhar rútilo, no mais perfeito estilo Nelson Rodrigues.

O aventureiro já ia responder que sim, mas preferiu a bacanidade:

— Infelizmente, isto eu não posso informar.

E prosseguiu explicando que a tal mulher devia ser tarada por ele, que nunca tinha reparado no detalhe mas, noutro dia, durante um coquetel dos Almeida, tiveram um contato maior e marcaram o encontro.

— Estou vindo de lá. Rapazes! Que mulher!

No fundo, todo diplomata sonha com aventuras amorosas mais ao estilo belle époque. Vestindo robe-de-chambre grená e cachecol de seda branca; uma garrafa de champanha dentro de um balde de gelo, sobre uma mesa de canto e — se possível com uma vitrola em surdina tocando trechos de opereta O Conde de Luxemburgo. Este derradeiro, detalhe é da maior finesse, mas raro é o diplomata que chega a ela antes de chegar a embaixador.

— Mas conta aí, vá! — pediu outro dos quatro coleguinhas.

O diplomata garanhão esqueceu-se da carreira e enveredou para farta bandalheira. Contou detalhes escabrosos, descreveu cenas de ruborização do próprio Marquês de Sade, para terminar com esta informação.

— Nem as cortinas do apartamento escaparam. Ela era tão espetacular que, no auge da coisa, rasgou as cortinas todas.

— Mon Dieu! — falou o que estava mais próximo e que é diplomata há mais tempo que os outros e prefere exclamações em francês do que ditos em inglês.

Aí ficou em silêncio imaginativo, sabem como é? Ficaram os quatro imaginando as cenas relatadas e o outro com cara de quem recorda. Não demorou nem um minuto, o distinto resolveu se ausentar da sala, para que os outros curtissem a inveja necessária. Com andar elegante, caminhou até a porta e recomendou:

— Vou ao gabinete do ministro Fulano. Se ligarem para mim, por favor, peçam para deixar recado ou telefonar mais tarde — suspirou mais uma vez e retirou-se.

Aí é que foi chato! Mal ele saiu, o telefone tocou e uma voz feminina perguntou por ele. O colega que atendeu explicou que não estava e emendou em seguida:

— Quer deixar recado?

— Quero sim! Por favor, avisa a ele que é a senhora dele que está falando e diz para ele não esquecer de mandar alguém para consertar as cortinas.
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Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).
Fonte: O MELHOR DE STANISLAW - Crônicas Escolhidas - Seleção e organização de Valdemar Cavalcanti - Ilustrações de JAGUAR - 2.a edição - Rio - 1979 - Livraria José Olympio Editora.