quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Nílton Santos, a "Enciclopédia do Futebol"

O Brasil ganhava de um a zero da Áustria na partida de estréia da Copa de 1958, quando Nilton Santos avançou pela esquerda para desespero do técnico Vicente Feola. Próximo da grande área, tocou para um espantado Mazzola. Teve que gritar um palavrão para que o atacante lhe devolvesse a bola e, assim, pudesse anotar o gol. Um gol histórico que marcou o nascimento do futebol moderno, já que, naquele tempo, um lateral jamais ultrapassava o meio-de-campo, e muito menos atacava. 

Nílton dos Santos, na verdade, gostava mesmo era de jogar para a frente, pois tinha técnica e sabia driblar. A contragosto, acabou na defesa. Mas foi da linha de trás que Nilton Santos se tornou o maior lateral-esquerdo do futebol brasileiro e conquistou o bicampeonato mundial em 1958 e 1962. Além da Seleção, Nílton só vestiu a camisa do Botafogo, clube pelo qual conquistou catorze títulos, entre os quais os Campeonatos Cariocas de 1948/57/61/62. Conhecia todos os segredos do jogo, o que lhe valeu ser chamado de Enciclopédia do Futebol.

Nílton Reis dos Santos, mais conhecido como Nílton Santos, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 16 de maio de 1925. Já era craque jogando futebol na praia e.quando cumpria serviço militar foi descoberto por um oficial da Aeronáutica. Levado para jogar no Botafogo em 1948, somente deixou General Severiano em 1964 quando abandonou os gramados.

No Botafogo conquistou por quatro vezes o campeonato estadual (1948, 1957, 1961 e 1962), além do Torneio Roberto Gomes Pedrosa (Rio-São Paulo de 1962 e 1964) e do Torneio Internacional de Paris em 1963 - além de vários outros títulos internacionais. Nílton Santos participou de 718 partidas pelo clube sendo o recordista e marcou onze gols entre 1948 e 1964.


Sua estréia com a camisa do clube da estrela solitária aconteceu contra o América Mineiro. No campeonato carioca de 1948, disputou seu primeiro jogo contra o Canto do Rio em Caio Martins. O Botafogo venceu de 4 a 2. O Alvinegro de General Severiano foi o campeão carioca de 1948. Obs: no primeiro jogo do carioca contra o São cristóvão quem atuou pela equipe principal foi Nílton Barbosa.

Foi chamado de "A Enciclopédia" por causa dos conhecimentos sobre o futebol. Considerado o maior lateral-esquerdo de todos os tempos, foi o precursor em arriscar subidas ao ataque através da lateral do campo. Revolucionou a posição de lateral-esquerdo, utilizando-se de sua versatilidade ao defender e atacar, inclusive marcando gols, numa época do futebol onde apenas tinha a função defensiva.

Nílton estreou na seleção no sul-americano de 1949, a competição foi realizada no Brasil que acabou campeão. Participou da Copa do Mundo de 1950 onde foi vice-campeão. Ainda foi campeão com a seleção do pan-americano de 1952, bi campeão mundial em 1958 na Suécia e 1962 no Chile. Atuou em 75 partidas oficiais e 10 não oficiais. Sua despedida da seleção ocorreu na final da Copa de 1962. Marcou dois gols com a camisa da seleção.

Decisão do Mundial de 1958 contra a Suécia. Vitória brasileira por 5 a 2 e o primeiro título mundial. Em pé estão Djalma Santos, Zito, Bellini, Nilton Santos, Orlando e Gilmar; agachados: Garrincha, Didi, Pelé, Vavá, Zagallo e Mário Américo.
 Na Seleção Brasileira de futebol, Nílton foi um jogador chave na defesa durante os campeonatos mundiais em que participou e ficou famoso internacionalmente por marcar um gol magnífico no torneio de 1958, quando o Brasil jogou com a Áustria. Trazendo a bola do campo de defesa e driblando o time adversário inteiro (e deixando doido o técnico Vicente Feola), finalizou com um ótimo chute.

Outra jogada sua sempre lembrada é a do penalti que cometeu no jogo contra a Espanha na Copa do Mundo de 1962, considerado a partida mais difícil daquela campanha. O árbitro marcou a falta, mas quando chegou perto para conferir o lance, colocou a bola fora da área, pois não percebeu que Nílton Santos, sem se desesperar e gesticular os braços como fariam outros jogadores, matreiramente havia dado um passo e saido da área, enganando o árbitro.

Internado em uma clínica carioca, nosso eterno lateral-esquerdo sofre de doenças típicas da idade. Ele apresenta problemas cardíacos e, algumas vezes, perde a memória. o Botafogo, orientado pelo presidente Bebeto de Freitas, está arcando com as despesas de internação de um dos melhores laterais da história do futebol.

Fontes: Wikipedia; Revista Placar; Que Fim Levou.

Continho de Natal

Deixou o trabalho e foi andando pela rua, olhando as vitrinas. Cada preço de encabular senador. Mas não queria chegar em casa sem levar qualquer coisa para a família.

Então continuou olhando para os artigos expostos nas portas das casas comerciais.

Num instante percebeu que levar um presente para cada um era impossível. O dinheiro que trazia no bolso não daria para tanto, ainda mais porque, na época de Natal, o comércio aumenta tudo, cobrando da gente aqueles anjos tocando trombeta que eles penduram nos postes, que nem lista de bicho, dizendo que é colaboração dos comerciantes para alegrar o Natal.

Colaboração mais desgraçada, que eles dizem que é deles, mas quem paga é a gente.

Uni brinquedo que pudesse ser desfrutado por todos os filhos; talvez. Mas qual? As meninas iam apreciar uma boneca. Sim, uma boneca faria a alegria de suas filhas, mas causaria tremenda decepção aos meninos. Em compensação, se levasse uma metralhadora de matéria plástica (vira diversas,, que as fábricas de brinquedo fazem para incentivar o crime), os garotos iriam vibrar de contentamento. As meninas, porém, talvez chorassem de desalento.

Resolveu então comprar alguma coisa de comer. Aí estava. Uma coisa de comer poderia ser apreciada por todos. Um peru, ou mesmo um frango, que peru de pobre pode perfeitamente ser um frango. Para comprar um peru daqueles que estava vendo pendurado num gancho do armazém, só com fiador. O frango também era caríssimo.

Puxou o dinheiro que trazia no bolso, contou, recontou e entrou ali mesmo para comprar o presente de Natal da família. Pouco depois voltava pra casa. Abriu a porta e gritou para os filhos:

— Alarico, Odete, João Pessoa, Gustavo, Firmina, Olivinha, Jussara, Inez, Júlio, Juscelino, Abraão... Corram todos aqui, que papai trouxe o presente pro Natal.

Os filhos acorreram ao chamado e a esposa também. Ele então, com ar triunfante, botou uma castanha em cima da mesa, esfregou as mãos e disse:

— Vai buscar uma faca pra gente dividir esta castanha.

E antes que alguém avançasse na castanha, berrou:

— Calma, que dá pra todos!
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Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).
Fonte: O MELHOR DE STANISLAW - Crônicas Escolhidas - Seleção e organização de Valdemar Cavalcanti - Ilustrações de JAGUAR - 2.a edição - Rio - 1979 - Livraria José Olympio Editora.

Paraíba

Azevedo e Peçanha vestiram o paletó e desceram para a rua, na disposição de fazer uma farrinha.

Ainda no elevador, Azevedo fez ver a Peçanha que o laço de sua gravata estava um pouco frouxo. Peçanha agradeceu e ajeitou o laço. Afinal, iam em demanda de uma possível aventura amorosa e a elegância era detalhe importante.

Caminharam pela Avenida N. S. de Copacabana e foram subindo em direção ao Lido, conversando animadamente e só interrompendo a conversa quando passava uma moça.

Sozinha ou acompanhada, todas as moças que passavam por Azevedo e Peçanha ganhavam olhares pidões, tão comuns aos conquistadores baratos, de beira de calçada.

Era sábado, dia em que se definem os que andam pela aí, caçando o amor. Azevedo parou na esquina do Lido e perguntou para Peçanha:

— Que tal se fôssemos até o "Alfredão"?

Peçanha achou que lá havia sempre muita concorrência. As mulheres supostamente fáceis,- quando há muita gente em volta, dando em cima, tornam-se superiores e esquivas, fazendo-se mais preciosas pela disputa de seus carinhos. Mas como Azevedo ponderasse que muitos dos homens que vão ao "Alfredão" não chegam a ser propriamente homens, Peçanha concordou.

Entraram no bar, Azevedo acendeu um charuto, ofereceu outro a Peçanha, que recusou com um gesto másculo. Preferia cachimbo, que tirou do bolso e começou a encher de fumo, enquanto pediam algo para beber.

O garçom acabou partindo para ir buscar uísque puro, só com gelo e olhe lá.

Uma garota de olheiras profundas passou pela mesa e Peçanha mexeu com ela. A garota sorriu. Então Azevedo convidou-a para tomar alguma coisa. E como as demais pequenas que estavam no bar pareciam todas acompanhadas, ficou só aquela para ser dividida entre Azevedo e Peçanha.

No fim de algum tempo, tanto Peçanha como Azevedo estavam caindo de tanta bebida. Pagaram a conta. Azevedo apagou o resto do charuto no cinzeiro e quis partir só, rebocando a pequena.

Peçanha estranhou a atitude de Azevedo, acabaram discutindo e começou o clássico festival de bolacha. Entrou a turma do deixa-disso, veio o guarda e o resultado da farra ali estava: além da garota disputada a tapa, também foram parar no xadrez as duas brigonas.

Sim, porque o nome todo de Azevedo é Maria Tereza Azevedo. Quanto a Peçanha: Walquíria. Walquíria Peçanha.

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Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).
Fonte: O MELHOR DE STANISLAW - Crônicas Escolhidas - Seleção e organização de Valdemar Cavalcanti - Ilustrações de JAGUAR - 2.a edição - Rio - 1979 - Livraria José Olympio Editora.