sexta-feira, 9 de setembro de 2011

A fraldinha ameaçadora

Bateu o telefone para a casa da menina:

— Por obséquio. Abigail está?

Veio a resposta sucinta, inapelável.

— Viajou.

Disfarçou a angústia: “Sabe quando volta?”. E a pessoa:

— Não sei informar.

Desligando o telefone, ele não teve dúvida: aquilo não era viagem, não era nada, era fuga, fuga desesperada, talvez definitiva. E, então, apertando a cabeça entre as mãos, ele chorou alto, chorou forte. Na boca da velhice, com mais de quarenta anos, casado, pai de filhos, apaixonara-se por uma menina de dezessete anos. E esse amor de grisalho por uma adolescente foi, para ele, um contínuo dilaceramento.

Médico, largou a clínica. Despachava os clientes, com a seguinte franqueza: “Não sei receitar nem Melhoral”. E o pior de tudo, o patético, é que a menina retribuiu, com a violência de um primeiro amor. Houve alguns beijos, e a pequena, que vinha de um colégio interno, suspirava fechando os olhos:

— Eu não sabia que beijo era tão bom.

HISTÓRIA DE AMOR

Quando começara aquilo? Um mês atrás, Abigail aparecera no seu consultório com Eleonor, uma cordialíssima solteirona que era uma antiga cliente de Genival. Bastou um primeiro olhar e pronto. Pensou, com o coração batendo mais forte: “Vou me apaixonar por essa pequena”. A sala de espera estava apinhada de clientes, a maioria dos quais de hora marcada. E, então, Genival tratou de reter Abigail, de envolvê-la como se esse primeiro encontro fosse também o último. O caso clínico da garota era o mais banal, e, por assim dizer, inexistente. Mas Abigail só saiu de lá duas horas depois. Quando elas se despediram, ele, transpirando de dor de cabeça, chamou a enfermeira: “Não atendo mais ninguém”. Sentou-se na cadeira giratória, apertou a cabeça entre as mãos e refletia: “Estou apaixonado”.

No dia seguinte, em pleno expediente do consultório, recebe um trote. Seu coração dispara, quando reconhece a voz: era Abigail. Passa quarenta e cinco minutos no telefone. Passa quarenta e cinco minutos na veemência e na inépcia de um ginasiano. Saiu do telefone e, ao atender um doente grave, bufa:

— Eu estou mais doente do que você!

DOENÇA

Durante quinze dias puderam esconder seu desesperado amor. Encontravam-se e passeavam nas horas menos suspeitas, quase sempre pela manhã. Ele, sôfrego, teorizava: “Uma mulher pode fazer o diabo às dez horas da manhã. Ninguém desconfia que se possa pecar tão cedo!”. Ria da própria pilhéria. Pelo espaço de duas semanas, viveu para essa paixão de quase velho. E, súbito, a família da pequena descobre tudo.

Abigail tinha um desses pais à antiga, duma cólera imensa e teatral. Primeira medida do velho: encerrar a pequena no quarto. E avisou: “Você não me sai do quarto nem para comer!”.

Genival quase enlouquece. Telefonava cinqüenta vezes por dia, com uma obstinação de possesso. A princípio diziam: “Saiu”, ou “Não pode atender”. Por fim, o próprio pai de Abigail, com uma dignidade irresistível, ameaçou-o: “Dou-lhe um tiro!”. Como um miserando, Genival ia rondar a casa da pequena alta madrugada. Reconhecia, de si para si: “Sem essa pequena, eu não vivo!”.

Resiste, sem telefonar, uns dez dias. No décimo primeiro, entra num café, liga para a casa de Abigail e sabe que ela “viajou”.

Sofreu tanto que chegou a pensar no suicídio. Súbito, ocorre-lhe um nome: Eleonor, a solteirona, que era sua amiga e de Abigail. Foi bater na porta de Eleonor. No começo, a outra resistiu. Mas acabou cedendo ante suas lágrimas de homem. Disse:

— Embarcou para o Canadá ontem.

Ele apanha a mão da solteirona e cobre de beijos, numa gratidão de louco.

CANADÁ

Quando saiu da casa de Eleonor, levava, no bolso, um papelzinho com o endereço completo. A garota viajara sozinha; ia residir no Canadá com uma família conhecida. Aconteceu, então, o seguinte: Genival passou o consultório adiante; vendeu o automóvel; e, uma semana depois, partia. Eleonor foi levá-lo ao aeroporto. E, lá, antes de entrar na fila de passageiros, Genival baixa a voz:

— Por essa pequena vou ao crime! Ao crime!

Eleonor não fez nenhum comentário. Doeu-lhe, porém, não ter inspirado, nunca, uma paixão assim.

RETORNO

Genival abandonara esposa, filhos, profissão. Para a mulher, foi o mais lacônico possível: “Não sei quando volto, nem se volto”. Ela, que era uma senhora de brio, ergueu o rosto, impassível, inescrutável: “Perfeitamente”. E ninguém soube, a não ser Eleonor, que ele estava no Canadá, enlouquecido de amor.

Três meses depois, na avenida, a solteirona dá com Genival na esquina de São José, colocando um cigarro na piteira. Aproxima-se, espantadíssima:

— Voltou?

E ele, remoçado, com uma alegria sã no olhar e no sorriso, exclama: “Olá! Como vai essa figura?”. Explicou que chegara há um mês e que recomeçara a clínica. Atônita, a solteirona indaga: “E aquele caso?”. Riu de novo, recuperado:

— Aquilo acabou.

Em pé, na calçada, a solteirona não soube o que dizer, o que pensar. Ela, que não inspirava sentimentos nem efêmeros, nem profundos, sofria com a morte do amor alheio. Despediu-se do médico. E, subitamente, a criatura humana parecia-lhe vil. Durante algum tempo, ainda pensou no caso. E já o esquecia, quando de repente batem na porta. Vai abrir e recua, num assombro ainda maior: era Abigail. Antes de entrar, antes mesmo de um cumprimento, a pequena soluça:

— Vou ter neném, meu Deus!

FUGITIVA

Muda, taciturna, a solteirona ouviu toda a história. Genival surpreendera Abigail em pleno Canadá. Tudo que parecia tão difícil no Brasil tornou-se monstruosamente fácil no estrangeiro. Ela ainda perguntou, por entre lágrimas: “Tu não me abandonarás nunca?”. Genival prometeu, num desvario: “Nunca!”. Mas a primeira tarde que passaram juntos foi também a derradeira. Eleonor balbuciou:

— Por quê?

E Abigail, assoando-se no lencinho: “Não sei. Ele não quis mais”. E, de fato, Genival se desinteressava, num tédio súbito, irresistível e mortal. Dois dias depois, sem uma palavra, um bilhete, um recado, embarcava para o Brasil.

Um mês e meio depois, Abigail vai ao médico. Soube que ia ser mãe. Enquanto pôde esconder seu estado, muito bem. Mas chegou um momento em que a coisa se tornou evidente. Fora de si, fugira para o Brasil. Agarrou-se à solteirona:

— Ninguém sabe que eu voltei. Se papai descobrir, me mata!

Eleonor pousou a mão na sua cabeça:

— Ninguém saberá. E vamos fazer o seguinte: você fica aqui, e quando o guri nascer eu tomo conta.

O MENINO

Assim se fez. E é justo que se diga: Eleonor foi incomparável. Durante vários meses, desvelou-se ao lado da amiga mais moça. Por vezes, Abigail perdia a cabeça, sem compreender o abandono de Genival: “Por quê?”. E ela própria respondia: “Com certeza me achou sem graça, inexperiente, muito criança!”.

Chorava tanto que, um dia, a solteirona perdeu a paciência; foi, até, grosseira:

— Ora, não amola! Você teve muita sorte! Eu, nunca — ouviu? —, nunca tive ninguém que gostasse de mim. Nem solteiro, nem casado, nem viúvo — ninguém! — Pausa e continua, ofegante: — Tenho inveja de ti. E te digo mais: eu daria tudo para ter um filho, para ser mãe!

Passou. Até que, um mês após, nasce a criança. A solteirona debruçou-se para ver o garoto, como se ele fosse um menino-deus. Dizia, com um olhar de fanática: “Que vontade de apertar, de morder, meu Deus!”. Quanto a Abigail, espiava só, assustada com esse filho ilegítimo e lindo, que varava as noites, chorando, com dor de barriguinha. Mas, enfim, agora que tinha o corpo antigo, a cintura de menina solteira, Abigail suspirou:

— Já posso aparecer à minha família. Você vai ficando com a criança e eu passo aqui, de vez em quando.

SOLTEIRONA

A volta da pequena, que a família julgava morta e enterrada, foi um episódio de folhetim barato. O próprio pai esqueceu-se dos seus escrúpulos severos: soluçava como uma criança. Esse carinho universal deu coragem a Abigail. Uma semana depois, num rompante, contou que dera à luz um menino. O velho foi magnífico. Com uma voz cheia, de barítono, anuncia: “Pode ser filho natural, pode ser o raio que o parta. Mas é meu neto e está acabado”. Delirante, Abigail liga para a solteirona. Pede: “Apanha um táxi e traz meu filho. Já, sim?”. Então, Eleonor pôs-se a gritar:

— Teu filho, como? É meu! Só meu!

Mãe, pai, irmãs de Abigail desfilaram pelo telefone, fazendo apelos desesperados. Eleonor berrava: “Ninguém me põe a mão na criança!”. Justamente, estava mudando a fraldinha do bebê quando tocava o telefone. Fez a ameaça: “Se vocês quiserem tomar o guri, sabem o que eu faço? Estrangulo meu filho na própria fraldinha. E, assim, nem meu, nem de ninguém!”. Terminou perguntando: “O filho é meu ou teu?”. Abigail, alucinada, vira-se para a família: “Respondo o quê?”. O velho avô apanha o telefone:

— O filho é teu! — Soluça: — Deus o abençoe!

Eleonor desliga o telefone. Encosta a fralda úmida, apanha outra, limpa.
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A coroa de orquídeas e outros contos de A vida como ela é... / Nelson Rodrigues; seleção de Ruy Castro. — São Paulo: Companhia das Letras, 1993.

A grinalda

Bateu o telefone para o namorado:

— Preciso falar muito contigo!

— Quando?

— Já!

Admirou-se:

— Mas são dez horas da noite, minha filha! — E insistia: — Tarde pra chuchu!

— Não faz mal. Converso contigo no portão e pronto. Vem já, ouviu? Apanha um táxi!

Impressionado, Elesbão ainda quis saber: “Alguma novidade?”. Ela foi sumária:

— Houve um bode tremendo aqui em casa. Papai está subindo pelas paredes! Chispa, meu filho, chispa!

CONFISSÃO

Elesbão tinha nos bolsos uns vinte e cinco cruzeiros. Gastou quinze no táxi, e dez minutos depois saltava na porta da pequena. Foi encontrá-la nervosíssima, torcendo e destorcendo as mãos. O rapaz fez espanto: “Qual é o drama?”.

Conversaram, ali, no portão. Ela falava por entre lágrimas:

— Papai andou tomando informações a teu respeito. Soube várias coisas tuas, inclusive que não tens emprego e outros bichos. Mas o pior é que disseram a meu pai, garantiram, que tu tomas dinheiro de mulher.

Espalmou a mão no peito:

— Eu?

— Você, sim!

E ele, trêmulo:

— Mas que blasfêmia!

Odete crispa a mão no seu braço: “Não faz literatura! Quero saber, de ti, o seguinte: isso é verdade? Responde!”.

Balbuciou: “Mas oh! Odete! Até você?”. No seu desespero, Odete atraca-se com o namorado; quase boca com boca faz o apelo:

— Tua palavra só não basta. Quero um juramento. Mas um juramento batata! — Pausa e, sem desfitá-lo, pergunta: — Tu és capaz de jurar, pela vida de tua mãe, que isso é calúnia, que nunca levaste dinheiro de mulher?

Elesbão tomou-se de uma palidez mortal, como nos velhos romances. Quer falar e não pode. E, súbito, explode em soluços:

— É verdade, sim! Tomo dinheiro de mulher! Sempre tomei! E, agora, cuspa na minha cara, cuspa!...

E, com efeito, oferecia, histericamente, a face. Ela não teve um gesto, uma palavra. Pela primeira vez, via um homem, um adulto chorar como uma criança. Finalmente, crispou-se de pena. Afagou-o nos cabelos, no rosto.

— Coitadinho! Coitadinho!

A OUTRA

Quando ele ficou mais calmo, Odete suspira: “Agora você vai me contar tudo, tudinho!”.

Justiça se lhe faça: Elesbão contou realmente tudo, não escondendo absolutamente nada. Seus amigos o chamavam, com um bom humor e justiça, de “inimigo pessoal e intransferível do trabalho”. Jamais tivera um emprego, um biscate. Forte e bonito, com um perfil cinematográfico, inspirando paixões e provocando suicídios femininos — tinha sempre uma, duas, três mulheres.
Ultimamente, tinha uma pequena fixa, uma tal de Vanda, que o subvencionava regiamente. Ao mesmo tempo que exigia exclusividade, Vanda o vestia da cabeça aos pés. Todas as suas meias, ternos, sapatos, cintos eram presentes de Vanda. Ela o vestia da cabeça aos pés; e mais: dava-lhe uma mesada de quinze mil cruzeiros, fora os extraordinários. Por um momento, Odete esqueceu o aspecto moral da questão para admirar a generosidade da outra:

— Mas quer dizer que essa cara tem muito dinheiro, não tem?

Ele estufa o peito:

— Se tem! Ganha um dinheirão. Ainda agora passou um mês em São Paulo. E, com esse negócio de IV Centenário, fez, em trinta dias, uns cento e cinqüenta mil cruzeiros com um pé nas costas!

— No duro?

— No duro!

GRANDE AMOR

Encerrada a confissão, o rapaz agarra-se à pequena: “Agora que sabes de tudo, eu te pergunto: tu ainda gostas de mim? Tu me perdoas?”. Houve, então, uma cena de alto patético. Aninhada nos seus braços, Odete dizia e repetia:

— Meu filho, eu sou da seguinte teoria: o homem que diz a verdade, que não esconde nada, deve ser perdoado. O que eu não gosto, não topo, é fingimento, hipocrisia!

Ele aproveitou o ensejo e deu-lhe um beijo voraz na boca. Odete suspira: “Ih! você comeu todo o meu batom!”. E, então, na sua euforia, o namorado toma uma resolução heróica:

— Vou chutar a Vanda, compreendeu? E tratar de arranjar um emprego. Você pode ficar certa do seguinte: de agora em diante sou um sujeito decente... pra todos os efeitos!

O RENEGADO

Dali, Odete correu ao pai. Explicou, por outras palavras, que o namorado era um ex-canalha e que estava totalmente regenerado. O velho coça a cabeça: “Veja lá, minha filha, veja lá!”. Odete reservara para o fim o grande apelo:

— Bem, papai. E sabe quem é que vai salvar a pátria? O senhor!

Tomou um susto.

— Eu? E como?

Simplificou:

— Arranjando um emprego. Arranja, não arranja? O senhor tem muitas relações, papai! Isso é café pequeno para o senhor!

O velho, que era louco por aquela filha, prometeu que arranjaria, sim. Quando o namorado apareceu, ela correu para ele, de braços abertos: “Tudo resolvido, tudo!”. Contou-lhe a promessa. Elesbão ouviu a notícia, calado, jururu. Por fim, geme: “Tu não sabes do pior”. Referiu que telefonara para Vanda, rompendo. Odete indaga: “E ela?”. Elesbão pisa o cigarro, que deixara cair:

— Ela fez, no telefone, um banzé que só você vendo! Quer a devolução de todos os ternos, camisas, sapatos, o diabo! Diz que onde me encontrar vai passar a gilete na minha roupa! Estou num mato sem cachorro!

Essa ferocidade causou na pequena um misto de deslumbramento e náusea. Pensa um pouco e sugere:

— Sabe qual é o golpe, meu filho? Presta atenção: por enquanto você não briga. Deixa o barco correr. Vamos dar tempo ao tempo.

O EMPREGADO

Uma semana depois, o velho aparece com a noticia: “Arranjei o emprego!”. Mas quando Elesbão soube do ordenado — mil e Oitocentos cruzeiros — caiu das nuvens: “Com esse salário, eu não posso nem te pagar um Chicabon!”. E, diante da pequena, tem uma explosão:

— A tragédia do homem é que vive numa sociedade baseada no trabalho! Ninguém devia trabalhar, ninguém devia fazer nada, todo mundo devia viver de papo pro ar!

Odete deixa passar um momento e suspira: “Pois é, meu filho! Por isso é que eu te disse, não foi? Pra não brigar já”.

De qualquer maneira, Elesbão teve que tomar posse do tal emprego, para não desgostar a família da pequena. Dois dias depois, ficam noivos. E, então, Odete vira-se para ele: “Olha, meu anjo: eu quero um vestido de noiva daqueles, que deixe todo mundo com cara de tacho. Estive vendo um modelo que deve ficar por uns cinqüenta contos. Ora, meu pai está meio bombardeado. De forma que é você mesmo quem vai dar o jeito”.

Elesbão esbugalha os olhos: “Cinqüenta contos? Mas eu só ganho um e Oitocentos!”. Sem olhá-lo, de perfil para ele, Odete simplifica:

— Você sabe onde buscar o dinheiro.

O VESTIDO

Recorreu a Vanda. Mas como era uma quantia maior, teve que contar a verdade. Vanda comoveu-se: “Pra tua noiva, eu dou. Tenho ciúmes de outras mulheres. Mas de noiva, esposa, não”.

O fato é que Elesbão apareceu com o cheque de cinqüenta mil cruzeiros. A própria Odete foi ao banco, receber; na volta, chama Elesbão: “Telefona, aqui, já, na minha frente, para Vanda. Diz que está tudo acabado entre vocês”.

Espantado, ele obedece. Desta vez, Vanda limitou-se à ameaça vaga:

— Espera a volta.

Foi só. O casamento pôde ter lugar apesar do ordenado de mil e Oitocentos cruzeiros, porque Elesbão teria casa, comida e roupa lavada dos sogros. Quando chegou o grande dia, houve a cerimônia civil às onze horas. E, à tarde, no seu fabulosíssimo vestido de noiva, Odete saiu de casa para tomar o automóvel. Mas, ao pôr o pé na calçada, uma mulher bem vestida barra-lhe o caminho: “Eu sou a Vanda!”.

Odete estaca. E, então, a outra passa-lhe a mão na altura do seio e rasga o vestido de alto a baixo. Em seguida, arranca e atira no chão a grinalda. Odete pôs-se a gritar, numa histeria medonha. Quiseram segurar a agressora.

Como uma possessa, Vanda sapateava em cima da grinalda.
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A coroa de orquídeas e outros contos de A vida como ela é... / Nelson Rodrigues; seleção de Ruy Castro. — São Paulo: Companhia das Letras, 1993.

Cansada de ser fria

Quando o irmão apareceu na porta do escritório, perguntou:

— Qual é o drama?

E Gervásio, arriando na cadeira:

— Preciso muito falar contigo.

Apanha um cigarro.

— Fala!

Então, já com os olhos cheios de lágrimas, o outro pede: — “Primeiro, fecha a porta”. Felipe sente que o irmão está arrasado. Surpreso, levanta-se e passa a chave na porta. Volta-se e pergunta:

— Mas o que é que há?

Gervásio tem um soluço imenso:

— Sou traído! Adélia me trai! Tem um amante!

Estupefato, Felipe balbucia:

— Não é possível! Não pode ser!

Repete:

— Me trai, sim! — E batia no peito: — Sou traído!

— Não acredito, só vendo!

ADÉLIA

A princípio, Felipe pensou num caso de ciúmes doentios. Mas o outro o desiludiu. Mandara seguir a mulher por um detetive particular. E agora sabia de tudo — nome, endereço, dias de encontros, horários. Na véspera, metera-se com o detetive num táxi e lá foram os dois, para a esquina do apartamento do pecado. Viram quando Adélia saltara de outro táxi e entrara no edifício. Gervásio podia ter uma atitude qualquer, de marido, de homem. Mas desde a véspera que se limitava a chorar. Gemia para o irmão: — “Sou um pulha, um tarado! Não fiz, nem vou fazer nada”. E súbito, no seu desespero, crispa a mão no braço do irmão:

— Agora compreendo tua situação. Imagino o que não sofre!

Felipe volta-se, espantado:

— Minha situação? — Sem entender, continua: — Mas que situação?

Gervásio passa as costas da mão nos olhos. Arqueja: — “Nós também somos irmãos em desgraça. Eu sou traído por um lado: tu és traído por outro!”.

Há uma pausa. Felipe instiga:

— Sou traído e...

— Pois é: — és traído e sabes, como eu.

Por um momento, Felipe não sabe o que pensar ou o que dizer. E, súbito, sem que o Gervásio possa prever-lhe o gesto, agarra-o pela gola do paletó e o sacode:

— Você vai me contar tudo, tudinho, seu cachorro! Quem lhe disse que eu sou traído e que sabia? Fala ou te arrebento.

Desconcertado, Gervásio debate-se:

— Mas que é isso? Não faça isso! Calma!

Felipe trincou os dentes:

— Quero a verdade, toda a verdade!

REVELAÇÃO

Sacudido por Felipe, que o ameaçava de quebrar a cara e até de lhe dar um tiro na boca, Gervásio confundiu-se todo:

— Eu pensei que você soubesse. Todos pensam que você sabe e perdoa!

Felipe interrompeu: — “Não quero comentários. Quero informações. Anda!”. Então, esquecido da própria tragédia, lá foi o Gervásio falando. O outro corta outra vez:

— Quero o nome do amante!

O irmão vacila, mas acaba tomando coragem:

— São vários!

Recua, desgovernado: — “Vários?”. E insiste: — “Mais de um?”. Gervásio confirma. Então, diz, com um meio riso hediondo:

— Tens mais sorte do que eu. A tua só tem um! Mas continua!

Gervásio contou-lhe o resto. Parentes, amigos, simples conhecidos sabiam de tudo. E ela não discriminava, não escolhia, como se o seu destino fosse trair, apenas trair. Felipe apertava a cabeça entre as mãos. Faz uma pergunta, que é um lamento: — “Por quê, meu Deus, por quê?”. Vira-se, com o rosto devastado:

— Quer dizer que todo o Rio de Janeiro sabia, menos eu?

Gervásio levanta-se. Felipe o acompanha até a porta. Bate-lhe nas costas, com um humor ignóbil:

— Parabéns, porque a tua só tem um e a minha vários!

O CHOQUE

Durante uma hora, uma hora e pouco, ele ficou só no gabinete, entregue a uma meditação ardente e vazia. Quando apareceu uma funcionária com uns papéis, explodiu: — “Vai-te para o diabo que te carregue!”. A moça fugiu apavorada. Por fim, ele levantou-se, pôs o paletó e apanhou o revólver na gaveta. Meia hora depois, chega em casa. Entra e, impassível, faz um sinal para a mulher:

— Vamos bater um papinho lá dentro.

Tranca-se à chave com a esposa. Ela pergunta: — “Alguma novidade?”. Rápido ele puxa o revólver. A esposa recua: — “Que é isso?”. Foi sumário:

— Soube isso assim, assim. É verdade? Responda.

Ergue o rosto:

— É verdade.

Há uma pausa. Ele, quase chorando, pergunta: — “Já que confessa, quero que me responda: — você merece a morte?”. Ela teve uma breve vacilação. Acabou respondendo, com uma firmeza não isenta de doçura:

— Mereço. Eu mereço a morte.

E ele:

— Escuta: — eu devia te matar como a uma cachorra. Mas há, nisso tudo, um mistério. Eu te perdoarei a vida se me disseres a verdade. Por que me traíste? Fala!

— Por quê?

O marido continua:

— Eu sempre te conheci fria, de gelo, de pedra, de morte. Já no namoro, tinhas horror de um simples beijo. No casamento, a mesma coisa. Sempre me disseste que odeias a parte física do amor. Responde: — não me disseste sempre?

Felipe está ofegante. Prossegue: — “A mulher fria é a única que não tem o direito de trair. Por que me traíste, por quê?”.

Durante um momento, os dois se olharam apenas. Ela se tornara para o marido a última das desconhecidas.

O marido insiste: — “Se me explicares, eu não te farei nada, juro!”.

Então, sem desfitá-lo, a mulher fala:

— Eu te traí na esperança do amor de que todos falam. Minhas amigas contavam maravilhas dos seus amores. Eu quis encontrar o meu.

— E daí? Encontraste?

Ela ficou calada. Finalmente respondeu:

— Nunca.

O DESFECHO

Sem uma palavra, ele abre a gaveta e guarda lá o revólver. Levanta-se e sai. Imóvel e silenciosa, vê o marido abrir a porta, atravessar a sala e sair. Então, sozinha, apanha um lápis e um papel e escreve, uma porção de vezes: — “A mulher que não pode amar também não deve viver”. Horas depois, tira da gaveta o revólver do marido. Já que ele não a matara, ela se matou — cansada de ser fria.
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A coroa de orquídeas e outros contos de A vida como ela é... / Nelson Rodrigues; seleção de Ruy Castro. — São Paulo: Companhia das Letras, 1993.

Chico-Bóia

Casou-se magríssimo. Tanto que o sogro costumava chamá-lo, a título de blague, de “esbelto mancebo”. Após os quinze dias de lua-de-mel, porém, Wilson e Ivone passaram por uma farmácia. Ela tem a idéia:

— Vamos pesar?

Subiram na balança. Ela emagrecera, se não me engano, dois quilos e meio. Já o marido engordara. Esbugalhou os olhos no vão protesto: “Não é possível! Não pode ser!”. E, com efeito, a balança acusava a mais quatro quilos! Esbravejou:

— Essa balança está maluca!

Saem os dois impressionadíssimos. Ivone já se julgava uma Olívia Palito; e Wilson, um Chico-Bóia autêntico. Experimentam uma balança de confeitaria. Adquirem, então, a certeza: a esposa emagrecera com o matrimônio e o marido engordara. Virou-se para a mulher; e coçava a cabeça, inconformado:

— Que mágica besta!

OBSESSÃO

Que importância pode ter um quilo a mais, ou a menos, num jovem marido e numa jovem esposa? Ivone aceitou sem maiores atribulações o resultado da balança. Mas Wilson, que era um nervoso, um excitado, dramatizou: “Vou fazer regime! Dieta!”. Era, porém, um glutão. No almoço, no jantar, seus planos de regime, dieta, iam por água abaixo. Gemia:

— Meu apetite aumentou com o casamento!

A sogra ponderava:

— Apetite é saúde!

Com um mês de casamento, passa pela mesma farmácia e usa a mesma balança. Ao verificar o peso, toma um novo susto: engordara ainda mais! Mais tarde, em casa, colocou-se diante do espelho. Examinou a própria barriga de frente e de perfil: concluiu, para si mesmo: “Não sinto a mínima diferença!”.

Tomou, porém, uma resolução heróica e definitiva, qual fosse a de não se pesar nunca mais. Pareceu-lhe um meio simples e eficaz de evitar novos aborrecimentos. Mas se fugia da balança, não podia fugir dos amigos. Estes o perseguiam por toda parte com a pergunta, que se renovava ao infinito:

— Como é? Tu não paras de engordar? Estás gordo pra chuchu!

O BARRIGUDO

Voltava para casa desesperado: “Será o Benedito?”. Olhava para a mulher, que vinha conservando o mesmo peso, as mesmas medidas, a mesma e deliciosa fragilidade física. Dir-se-ia um corpo, uns quadris de menina. E o patético é que o apetite de Wilson parecia crescer. Tinha fomes desesperadoras. Levantava-se, de noite, alta madrugada, e vinha comer, sozinho, na copa, com uma voracidade homicida. Todavia, a sua tragédia de gordo só atingiu o clímax quando mudou-se da Tijuca para Copacabana.

Ivone bateu palmas, numa alegria de criança: “Que ótimo! E já sabe: vamos à praia todos os dias!”. Ele, que se julgava muito branco, parecia também animadíssimo:

— Preciso apanhar sol, me queimar!

No dia seguinte ao da mudança, acordam cedíssimo. Ivone pôs um maiô amarelo, que valorizava o seu corpo de adolescente. Mas quando Wilson apareceu de calção, e nu da cintura para cima, o assombro de Ivone foi uma coisa patética:

— Mas como você está barrigudo!

Subitamente, o rapaz se crispa, num desses pudores físicos incoercíveis:

— É, é?

E, então, sentindo-se um pobre-diabo irremediável, fez o que já fizera antes: põe-se diante do espelho, com a barriga de perfil. Não havia dúvida. Estava prodigiosamente gordo. E mais: sentia-se portador de uma dessas barrigas incomensuráveis, de ópera-bufa.

O pior é que não engordara harmoniosamente, por igual. Não. As pernas, os braços, o tórax eram magros. Mas a barriga se projetava, irresistível. Ao lado, a mulher o esmaga com a insistência cruel: “Você está uma pipa! Um barril!”.

Era demais. Aniquilado, Wilson desaba numa cadeira:

— Vai sozinha, vai. Eu fico. Eu não vou. Com essa barriga, eu devia renunciar ao mundo, compreendeu? Devia entrar pra um convento!

NEURASTÊNICO

A princípio, Ivone ainda insistiu: “Que bobagem! Vem, sim, vem! Parece criança!”. Wilson não variou de argumento: batia sempre na mesma tecla: “Não posso nem devo. Não quero fazer papel de palhaço”. Não restou outra alternativa a Ivone; foi sozinha dessa vez e sempre. À tarde, o desesperado Wilson comparecia ao médico:

— Doutor, a minha situação é a seguinte: ou perco essa barriga ou sou um homem liquidado!

O médico achou muita graça. Preparou uma dieta, enumerou tudo o que Wilson podia e não podia comer. Na hora de sair, o rapaz indaga: “Mas isso é batata?”. O outro foi taxativo: “Batatíssima!”. Apertou, comovido, a mão do doutor, e exagerou:

— Não parece, mas o senhor me salvou a vida!

Era, porém, um fraco. A primeira conseqüência psicológica de sua visita ao médico foi a seguinte: recrudesceu seu apetite. Quando chegou em casa, teve um espetacular colapso de vontade: lançou-se como um abutre sobre as comidas proibidas. Era tal a sua voracidade, que a esposa repreendeu-o:

— Faz menos barulho, meu filho! Você faz muito barulho quando come!

O FRACO

Ele, porém, sabia agora que não cumpriria jamais dieta nenhuma. Virava-se para a mulher, com lágrimas nos olhos: “Eu sou um caso perdido, um fracasso! Quero e não posso! Tenho comigo uma fome mortal!”. E, súbito, apanha a mão da mulher. Faz-lhe a pergunta, inesperada e sôfrega: “Você ainda gosta de mim?”. Ivone faz espanto: “Mas claro!”. Ele insiste: “No duro? Não é mentira, não? Jura! Quero que jures!”. Mas não adiantou a mulher jurar. E, de repente, diante da esposa atônita, ele explode em soluços:

— Não acredito! Nenhuma mulher pode gostar de um barrigudo como eu! Impossível!

MARIA

Começou o inferno. Todas as manhãs, Ivone ia à praia. E, quando a via de maiô, era fatal: Wilson a crivava de indiretas. Baixava a voz, sarcástico: “Na praia, você faz comparações, faz?”. Ela não entendia: “Que comparações?”. E ele:

— Mas claro! Na praia, o que não falta são rapazes bonitos, verdadeiros Tarzãs. É ou não é? E quero saber o seguinte: quando você vê um nessas condições, você não me compara com ele? Confessa! Sim ou não?

Recuava espantada: “Deixa de criancice!”. De noite, ele não dormia. Fumando no escuro, ficava pensando nos Apolos tostados do banho de mar; e o contraste entre ele e os outros parecia-lhe uma dessas coisas atrozes. Dia após dia perseguia a esposa: “Você acha bonita minha barriga?”.

Desesperando, Ivone acabou se queixando à mãe. Wilson respeitava e ouvia muito a sogra. A santa senhora prontificou-se a ter uma conversa com o genro, em particular. Fez-lhe ver o erro. Wilson, fora de si, esbravejou:

— Vou lhe dizer mais: eu não acredito que um barrigudo como eu possa ser amado! Duvido!

A sogra protesta: “Mas assim você até ofende!”. Ele ri, sordidamente:

— Pelo contrário. Até justifico, ouviu? Justifico que sua filha não me ame. É uma questão de impossibilidade. É impossível que ela ache bonita a minha barriga: que ela goste de uma pipa, de um Chico-Bóia!

FORA DE SI

Não pensava noutra coisa. Até que, um dia, estava no portão com Ivone quando vê passar, a caminho da praia, um rapaz moreno, dos seus vinte e poucos anos.

Cutuca a mulher: “Repara nesse cara, repara!”. Ela obedece e, realmente, atenta no transeunte. Era um tipo físico que correspondia aos Apolos de praia que Wilson visionava nos seus delírios de ciumento. O sujeito passa, atlético, escultural. O marido trinca as palavras nos dentes:

— Viste que estátua? E agora responde: pode-se comparar um pançudo como eu àquele cara? Há termo de comparação, há? Fala! Ou tens medo? Por que vocês, mulheres, são tão hipócritas? Por quê?

Parou, arquejante. Durante alguns momentos, não fala. Tem o sentimento de que é o homem mais infeliz do mundo. E, súbito, com ar de louco, os olhos injetados, diz: “Eu tenho certeza, certeza absoluta, que você há de me trair um dia”.

Pausa e conclui, num soluço: “Se já não me traiu!”. Alucinada, Ivone corre para dentro de casa, chorando. Pouco depois, telefonava para o pai:

— Papai, eu acho que meu marido está louco!

FIM

Nessa noite, ele parecia tranqüilo. Mas era uma calma intensa, uma apaixonada serenidade. O casal recolheu-se na hora de sempre. Wilson deixou que a mulher dormisse. E então, quando Ivone pegou no sono, ele fez simplesmente isto: matou-a com dois tiros, quase à queima-roupa.

E, mais tarde, na delegacia, declarava:

— Mais cedo ou mais tarde eu seria traído!
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A coroa de orquídeas e outros contos de A vida como ela é... / Nelson Rodrigues; seleção de Ruy Castro. — São Paulo: Companhia das Letras, 1993.

Tobe Hooper

Ele nunca foi cultuado por nenhuma legião de fãs ou adorado pela crítica especializada. Sua filmografia oscila entre filmes medíocres e filmes quase medíocres. Entretanto, o cineasta texano Tobe Hooper merece alguns créditos por duas grandes façanhas: iniciar a carreira comercial dirigindo um dos filmes mais importantes da história do cinema de horror e manter-se fiel ao gênero durante mais de 25 anos.

Tobe Hooper (William Tobe Hooper), diretor de cinema e TV, nasceu em Austin, Texas, em 25 de janeiro de 1943. Aos 9 anos já demonstrava interesse por filmes e foi professor universitário e cameraman de documentários durante os anos 1960. 

Seu primeiro filme chamou-se "Eggshells" e fez parte do circuito universitário durante o ano de 1969, rendendo vários prêmios, mas sem nunca receber um lançamento no cinema.

Em 1974, Hooper juntou amigos, professores e alunos para filmar "O Massacre da Serra Elétrica" a partir de um orçamento de US$60 mil que passou para US$ 70 mil e especula-se que possa ter chegado a US$120 mil, embora Hooper não confirme esta possibilidade. Com o bom sucesso do filme, Tobe logo foi chamado para roteirizar grandes produções como "Eaten Alive" (1977), "Salem's Lot" (1979), de Stephen King.

Em 1981, apresentou um roteiro chamado "The Funhouse", que girava em torno de palhaços assassinos em um circo itinerante e logo recebeu permissão para dirigir a trama. No mesmo ano, foi convidado por Steven Spielberg para dirigir um "Night Skies", que tratava de uma família sendo atacada por ETs hostís em uma fazenda (mais tarde Spielberg amenizou o roteiro e transformou-o no famoso "E.T.", 1982), mas recusou o convite. Muito interessado no sobrenatural, Hooper conversou com Spielberg, outro aficcionado pelo tema, que escreveu um roteiro para Tobe chamado "Poltergeist" (1982). Isso gerou uma grande polêmica em Hollywood, pois muitos diziam que aquele não era o modo de direção de Hooper e sim de Spielberg e o desacreditaram quando disse que a direção foi sua. De fato muitos membros do elenco do filme dizem que Spielberg e Hooper dividiram a direção em dias alternados.

Depois disso, Hooper passou a trabalhar com a produtora Cannon Group e refilmou o clássico "Invasores de Marte" (1953) e a sequência de seu bem sucedido trabalho de 1974, "O Massacre da Serra Elétrica 2", ambos em 1986. Entre os final dos anos 1980 e o ano 2000, todas as produções de Hooper foram mal sucedidas, como "The Mangler" (1995) e " Crocodile" (2000), tirando muita da credibilidade do diretor que passou a focar-se em trabalhos para a televisão.

Em 2002 o diretor voltou a ter sucesso com o episódio piloto da série "Taken" e o remake do filme "Toolbox Murders", o que possibilitou a criação de sua própria produtora, a T. H. Nightmares, em 2004. A partir do ano seguinte, o nome do diretor envolveu-se em uma série de projetos que nunca sairam do papel até a data atual.

Dentre os projetos, os mais esperados são a série de TV "The Texas Chainsaw Massacre Chronicles" e um novo filme para a franquia que se passaria nos dias atuais.

Filmografia

- Eggshels (1969)
- The Texas Chainsaw Massacre (1974)
- Eaten Alive (1977)
- Salem's Lot (1979)
- The Funhouse (1981)
- Poltergeist (1982)
- Lifeforce (1985)
- Invaders from Mars (1986)
- The Texas Chainsaw Massacre 2 (1986)
- Spontaneous Combustion (1990)
- I'm Dangerous Tonight (1990)
- Night Terrors (1993)
- Body Bags (1993)
- The Mangler (1995)
- Nowhere Man (1995)
- Dark Skies (1997)
- The Apartment Complex (1999)
- Crocodile (2000)
- Toolbox Murders (2004)
- Dance of the Dead (Masters of Horror) (2005)
- Mortuary (2006)
- The Damned Thing (Masters of Horror) (2006)

Fontes: Wikipedia; Deadly Movies; Boca do Inferno.