sábado, 25 de março de 2006

Tempos difíceis

Já gozei de boa vida
tinha até meu bangalô
cobertor, comida,
roupa lavada,
vida veio e me levou.
(O Velho Francisco - Chico Buarque)

Ontem tivemos no bar uma cena constrangedora.

Cheguei atrasado, e esqueci de fechar a caixa do violão e encostá-la à parede, como costumo fazer. Numa mesa próxima ao pequeno tablado - o qual chamamos, meio com ternura, meio com ironia, de palco - estavam sentados alguns homens de meia-idade, todos engravatados. O bar fica numa área de muitos escritórios, e é comum aparecerem estes grupos por lá. Chegam para o happy hour e sentem-se meio deslocados. Fazem muito barulho e são os que ignoram os músicos mais ostensivamente.

Pois então, estavam lá os homens de negócio com sua bablbúrdia habitual e eu tocando Samurai, do Djavan. Ao terminar a música, o mais bêbado deles veio cambaleando e jogou uma nota de cinco reais na caixa do violão. Fiquei sem reação nenhuma: Não sabia se era alguma brincadeira besta ou se ele acreditava mesmo que era para isso que a caixa estava ali. O silêncio que se seguiu - denso e incômodo - foi quebrado pela voz do Preto Velho:

- Toca Rosa, filho.

O Preto Velho aparece todas as sextas-feiras. Vem sempre de terno branco e chapéu, pede uma cerveja que leva uma eternidade para terminar e pede sempre alguma música da velha guarda. Eu atendo na medida do possível, já que canções assim não são muito freqüentes em meu repertório, embora as aprecie. E quando eu toco a música pedida, ele acompanha apenas movendo os lábios, de olhos fechados. Uma ou duas vezes eu acho que o vi chorando.

Não sei nada sobre ele, e nem sei se quero saber. O olhar dele quando termino uma de suas músicas é melhor que qualquer aplauso. E agora devo mais essa a ele, me fez até esquecer do acinte que foi o dinheiro jogado a mim, como se eu fosse uma foca amestrada ou coisa assim.

Mas confesso que depois de tocar, parte de mim ficou esperando que o homem viesse me trazer outra nota. Não me censurem, são tempos difíceis.

Fonte: Chicote Verbal

O veleiro na Barra Sul


Veleiro na Barra Sul, Balneário Camboriú, SC, originally uploaded by Blog do Papa-Siri.

Robô-escravo powered by Microsoft

Uma mulher está na cama com seu amante. Em plena ação, um barulho na fechadura da porta os assusta. Como todos sabem, os apartamentos modernos não tem espaço embaixo da cama, o beiral é ridículo e a varanda inexistente. Para piorar, ela mora no 12º andar. Sem se abalar, ela diz:

- Fique aí, de pé, imóvel e não fale nada.

O marido chega:

- Surpresa de me ver, querida? Meu vôo foi antecipado e eu acabei a reunião mais cedo.

Quando ele vê o tipo pelado, em pé no quarto, pergunta:

- O que é isso?

A mulher:

- Eu acabei de recebê-lo, é meu robô-escravo sexual "powered by Microsoft". Ainda tem cara de Bill Gates, você não acha? Como você está sempre viajando, em reuniões... eu não sei o que você faz quando está sozinho no seu quarto de hotel... Ele é como um vibrador, em tamanho grande. Você não preferiria que eu transasse com o bombeiro ou o vizinho, não é?!

O marido:

- Deixa isso de lado, estou com um a vontade louca de ter você...

Ela, que já se esbaldou com o amante, retruca:

- Não, querido, estou morrendo de dor de cabeça...

- Merda, é sempre assim... Bom, estou com fome também. Você faria uma omelete para mim? Por favor...

- Claro, querido!!!

Olhando o robô, ele pensa: "O que é bom para ela é bom para mim...". Já com as calças abaixadas, ele decide comer o amante azarado! Neste momento uma voz metálica diz:

- Er-ro de sis-tema, en-tra-da re-ser-va-da USB.

- Robô filho da mãe! - diz o marido louco de raiva e já o colocando sobre os ombros para jogá-lo pela janela...O amante, apavorado, envia nova mensagem:

- Win-dows XP re-inicia-li-za-do - Quei-ra ten-tar nova-mente ...