terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

Ataulfo, samba com sotaque mineiro


Ataulfo Alves inaugurou um novo estilo de fazer samba. Com seu jeito manso e sua tranqüilidade mineira, ele emprestou cores diferentes à música que brotava dos morros e dos subúrbios cariocas na década de 30.

A história do compositor Ataulfo é mais que o relato simples de um artista de grande talento e capacidade criativa. É também a trajetória de um filósofo popular, verdadeiro mestre em criar provérbios que atravessam gerações. O mito da Amélia, idealização da mulher que aceita tudo por amor, popularizou-se a partir de uma das músicas mais famosas de Ataulfo, composta na década de 1940, em parceria com Mário Lago.

Ataulfo Alves de Sousa nasceu em Miraí, MG, em 2 de maio de 1909. Com oito anos fazia versos para responder aos improvisos do pai, que era violeiro e repentista. Aos 10 anos perde o pai, e sua mãe, Maria Rita de Jesus, com um porção de filhos, sai da fazenda e vai morar no centro da cidade de Miraí, que ficava próximo.Passa Ataulfo a freqüentar o grupo escolar e a desempenhar os serviços que apareciam. Uma existência pobre, mas tranqüila e feliz, que registraria no samba Meus Tempos de Criança. (Foto: Mário Lago, parceiro de muitas músicas com Ataulfo).

Aos 18 anos, aceitou o convite do Dr. Afrânio Moreira Resende, médico de Miraí, para acompanhá-lo ao Rio de Janeiro, onde fixaria residência. Durante o dia, trabalhava no consultório, entregando recados e receitas, e, à noite, fazia limpeza e outros serviços domésticos na casa do médico. Insatisfeito com a situação, conseguiu uma vaga de lavador de vidros na Farmácia e Drogaria do Povo.

Rapidamente aprendeu a lidar com as drogas e tornou-se prático de farmácia. Depois do trabalho voltava para casa no bairro de Rio Comprido, onde costumava freqüentar rodas de samba. Já sabia tocar violão, cavaquinho e bandolim, e organizou um conjunto que animava as festas do bairro.

(clique aqui para continuar lendo o artigo no Blog MPB Cifrantiga).

Catulo, o poeta popular do Brasil

Catulo da Paixão Cearense foi um dos poucos, talvez o único, poeta popular no Brasil que, em vida, recebeu todas as glórias, todas as honras e uma adoração popular tão grande. Isso porque usou e abusou de toda a sonoridade que o sotaque nordestino lhe proporcionou, soube colocar em versos simples onde era o lugar de por versos simples. Tinha faro. Sabia ouvir, como ninguém mais, o rumor da terra.

Pequena biografia de Catulo

O cancioneiro de Catulo, com letras que exprimem a ingenuidade e pureza do caboclo, cativou a sensibilidade do povo e levou Mário de Andrade a classificar o autor como "o maior criador de imagens da poesia brasileira". Catulo da Paixão Cearense nasceu em São Luís MA, em data que suscita dúvidas: alguns pesquisadores indicam 8 de outubro de 1883, enquanto outros, como Mozart Araújo, afirmam ser 31 de janeiro de 1888.

Morreu no Rio, em 10 de maio de 1946. Aos dez anos foi com a família para o sertão do Ceará. Em 1880, com os pais e dois irmãos, mudou-se para o Rio de Janeiro, indo residir na Rua São Clemente, 37, onde o pai se estabeleceu como relojoeiro.

Freqüentou repúblicas de estudantes e conheceu o flautista Viriato, Anacleto de Medeiros, Quincas Laranjeiras, o cantor Cadete e outros chorões da época, além de um estudante de medicina que o iniciou no violão. Nessa época, tocou flauta. Com a morte dos pais no final da década de 1880, trabalhou na administração do cais do Porto como contínuo e depois como estivador.

Matriculou-se no Colégio Teles de Meneses, onde estudou português, matemática e francês, chegando a traduzir poetas famosos, como Alphonse de Lamartine (1790-1869) e outros. Fundou um colégio no bairro da Piedade, passando a lecionar línguas. Integrado nos meios boêmios da cidade, acercou-se do livreiro Pedro da Silva Quaresma, proprietário da Livraria do Povo, na Rua São José, 65-67, que passou a editar em folhetos de cordel o repertório mais em voga de modinhas, lundus e cançonetas da época.

Para essa livraria organizou coletâneas, entre estas O Cantor Fluminense, O Cancioneiro Popular, logo seguidas de suas próprias obras, como O Cantor fluminense, Lira dos salões, Novos cantares, Lira brasileira, Canções da madrugada, Trovas e canções, Choros ao violão. É o responsável também pela reabilitação do violão nos salões da alta sociedade.

(clique aqui para continuar lendo o artigo no Blog MPB Cifrantiga).